Mineradoras têm investido em novas tecnologias para otimizar suas operações de lavra e beneficiamento e, assim, atingir seus objetivos de produção
As soluções, disponíveis no mercado ou mesmo desenvolvidas pelas equipes de TI (tecnologia da informação) das próprias empresas, são utilizadas cada vez mais no setor. “É uma ferramenta básica no mundo em que vivemos hoje, com muita informação e competitividade”, diz Sihan Hassan,Head of Information Management – Americas, da Anglo American.
O uso das ferramentas varia bastante entre as empresas. Há softwares responsáveis por fazer o controle de frota, análises geológicas, avaliação de dados geoestatística, planejamento de lavra, unificação entre sistemas usados na mina, entre outras atividades.
“A realidade das minas hoje é bem diferente”, diz Gerci José de Lisboa, analista de processos de TI da Samarco. “As mineradores têm visto que podem trabalhar melhor com ferramentas mais adequadas. Agora, os softwares fazem parte de qualquer plano de operação.”
Anglo American
Com o objetivo de aumentar a produtividade da mina e da planta, além de otimizar a gestão da empresa, a Anglo American utiliza diversos softwares desenvolvidos especificamente para atividades relacionados ao processo de mineração.
A mineradora tem soluções que fazem o controle dos sistemas de gestão, laboratório, planta, frota, porto e operacional. De acordo com Sihan Hassan,Head of Information Management – Americas, da Anglo American, para ter um controle total de todas as atividades de mineração, a empresa utiliza um software de integração de sistemas.
O Integration Layer, também conhecido como Software AG, é a solução responsável pela união de todos os softwares utilizados pela mineradora. “É muito importante a integração entre os sistemas”, diz Sihan. O Software AG faz a integração entre os seguintes sistemas:Enterprise Resource Planning (sistemas, aplicações e produtos em processamento de dados), Laboratory Information Management System (sistema de laboratório), Plant Information Management System (sistema de planta), DispatchMine Management (sistema de gestão de frota), Port Logistic System (sistema de porto), Manufacturing Execution System (sistema de gestão operacional).
Segundo Sihan, um exemplo que trouxe significativo aumento de produtividade para a mineradora foi o uso do software para gestão de frota. “O sistema controla toda a frota de caminhões que busca o minério e faz o transporte até a planta. Esses caminhões custam milhões. Uma boa gestão aumenta a sua produtividade, com trabalho na hora certa, melhor percurso. É uma otimização do uso dos veículos.”
Com o uso da solução de gestão de frota, a mineradora revisou toda a configuração do sistema e, incluindo o treinamento dos operadores. Dessa maneira, houve um aumento de 7 % na produtividade do setor.
“É normal uma empresa ter rotatividade. Portanto, é muito importante a área de TI garantir que os funcionários estejam usando as ferramentas de forma adequada. Se não garantir a correta reciclagem do treinamento, se perde o uso potencial do investimento”, afirma Sihan.
Para o processo de escolha dessas tecnologias, a Anglo American faz uma avaliação técnica dos produtos disponíveis no mercado. Após o requerimento das equipes de operação, a mineradora faz testes e consulta empresas que tenham utilizado o sistema em estudo.
“É um processo que depende de avaliações técnicas. Se você não tiver essa infraestrutura, a empresa fica sem as ferramentas para tomar decisões rapidamente”, afirma Sihan.
Galvani
Para integrar diversas de suas atividades de mineração, sobretudo as áreas de geologia, geoestatística e planejamento de lavra, a Galvani utiliza softwares da CAE Mining, divisão da canadense CAE. A empresa está presente no mercado de mineração com soluções que oferecem gerenciamento de exploração, modelagem de minério, planejamento e gerenciamento de operações, entre outras atividades.
O usa de softwares da canadense trouxeram significativos ganhos de produtividade e redução de custos para a mineradora. “Tivemos redução de custos com contratos de terceiros que realizavam trabalhos de geologia e planejamento de lavra”, diz Vagner de Freitas Costa, gerente corporativo de Mineração da Galvani. “Também tivemos ganho na agilidade dos resultados, com maior interação com a área produtiva.”
De acordo com Costa, a Galvani se interessou pelas soluções da CAE Mining para unificar, em um mesmo ambiente, diversas atividades relacionadas a geologia, geoestatística e planejamento de lavra. O objetivo era ter uma avaliação mais rápida dos resultados e melhoria da qualidade das informações. Entre os benefícios proporcionados pelo uso dessas tecnologias, Costa cita a agilidade e maximização de resultados e confiabilidade nas informações geradas.
Para operação em campo, Costa explica que os primeiros trabalhos utilizando os softwares são feitos por uma equipe especializada da mineradora. Somente com resultados satisfatórios em mãos, as soluções passam a ser utilizadas por equipes de operadores.
Sama
Vinícius Rossi Manduruca, analista Programador,e Ednaldo da Silva, operador de Sala Centralizada da Sama
A Sama Minerações Associadas se apoia em dois softwares disponíveis no mercado para fazer o controle da mina e o planejamento de sua área de lavra. Os softwares SmartMine e Vulcan são utilizados pela empresa em conjunto a mais de 30 soluções desenvolvidas pela própria equipe de tecnologia da mineradora.
Segundo João Guimarães Pessoa, chefe de Informática da Sama, o SmartMineé a solução responsável pelo acompanhamento e monitoramento de todos os equipamentos utilizados na mina. Com a instalação de computadores de bordo e de GPS nos equipamentos de mina, como caminhões e carregadeiras, o software monitora ininterruptamente as máquinas. Além de gerenciar, o uso do software permite que a empresa otimize suas operações.
Já o Vulcan é um produto que trabalha com planejamento de lavra e geologia de mina. O software permite que os geólogos acessem dados de perfurações, definam zonas geológicas e modelem corpos de minério e depósitos dos mais variados tipos.
“Quanto a planejamento, [o Vulcan] possui ferramentas que possibilitam projetar o desenvolvimento da mina em longo, curto e médio prazo, simulando cenários para se atingir maior produtividade”, diz João Pessoa. “No que tange a geologia, o Vulcan possibilita trabalhar banco de dados, possui ferramentas que possibilitam realizar interpretações geológicas, estudos e modelamento geoestatísticos.”
João Guimarães Pessoa, chefe da Informática
Neste ano, a mineradora planeja adquirir três novos softwares: o ArcGIS, o RockPlane e o Swedge. O ArcGIS é uma plataforma que trabalha com sistemas de informações geográficas. “[O software] possibilita a produção, análise espacial, armazenamento, manipulação e processamento de dados geográficos e de mapeamento. Contribuirá para a equipe de geologia nos trabalhos de pesquisa geológica”, diz João Pessoa.
O RockPlane e o Swedge são softwares voltados para a área de geotecnia. “O RockPlane possibilita, por meio de dados levantados em campo, criar modelos interativos de instabilidades de taludes, com visualização 2D e 3D e, dessa forma, poder atuar de forma preventiva em casos de instabilidade nas regiões operacionais da mina.”
No caso do Swedge, João Pessoa diz que o software ajudará a mineradora a analisar a evolução de instabilidades e ter dados estatísticos para tomar decisões mais rapidamente.
Além dos softwares adquiridos no mercado, a Sama investe em plataformas próprias. “As áreas que precisam de algum sistema específico, para gerenciar suas necessidades de trabalho, entram em contato com a informática e os analistas iniciam o planejamento do software de acordo com a solicitação”, explica o chefe de informática da empresa.
Entre os mais de 30 softwares desenvolvidos pela própria mineradora, João Pessoa destaca o sistema Apropria (SI33). A solução faz o acompanhamento e registro das interrupções de funcionamento dos equipamentos, como o controle das paradas, gerenciamento das trocas de materiais de desgaste e inspeção das máquinas.
“O sistema Apropria nos permite identificar por quantas vezes o equipamento ficou parado e o tempo em que estava disponível para utilização da produção. Sendo assim, conseguimos fazer com o que equipamento proporcione maior produtividade.”
Samarco
Para contribuir com os resultados de suas operações, a Samarco Mineração utiliza softwares nas atividades de lavra e beneficiamento. O uso dessas ferramentas nessas áreas tem o objetivo de dar as condições necessárias para que as operações apresentem maior produtividade, além de facilitar a troca de informações e aumentar a segurança dos funcionários.
“Basicamente, a TI está alinhada ao processo como um suporte ao negócio”, diz Gerci José de Lisboa, analista de processos de TI da Samarco. “É difícil medir seu peso de maneira direta, mas é um processo voltado para dar dinâmica às operações da empresa”.
Para as atividades de lavra, a mineradora utiliza os softwares Surpac, Gems, Whittle, MineSched e Isatis. O Surpac e o Gems são utilizados para planejamento de mina e estudos geológicos. Já a característica do Whittle é poder avaliar a viabilidade financeira e a estratégia ideal para um depósito mineral.
Ainda nas operações de lavra, o MineSched é empregado em operações de superfície e subterrânea para apresentar programações de curto e longo prazos para os objetivos de produção da mina. Por fim, o Isatis é o software responsável por avaliações geoestatísticas. Para o beneficiamento, a mineradora conta com o Bilmat, software para balanço metalúrgico.
Além destas soluções disponíveis no mercado, a mineradora desenvolve softwares para uso próprio. “Desenvolvemos soluções de caráter mais geral. Os específicos [para mineração] possuem uma engenharia por trás, o que geralmente uma área de TI não tem como oferecer”, explica Lisboa.
Segundo ele, a aquisição de novas tecnologias é feita após um pedido inicial do setor de negócios. “Fazemos um levantamento no mercado, visitamos empresas que já usam as soluções, visitamos feiras do setor. Aos poucos, vamos conhecendo as ferramentas”, diz.
Lisboa afirma que o uso de novos softwares possibilitam ganho de produtividade e melhor estratégia de operação nas minas. “Faz parte de qualquer plano de operação e planejamento de lavra. O objetivo é dar condições para que a empresa possa atingir seus indicadores com base em tecnologia da informação”, conclui.
Votorantim Metais
A Votorantim Metais usa uma série de softwares para dar suporte às suas atividades de mineração: Leapfrog, Isatis, Datamine Studio 3, MineSched, NPV, Isite e SmartMine.
O Leapfrog, um software de modelagem implícita 3D, é utilizado tanto na modelagem de longo prazo como no modelo de curto prazo. O Isatis é uma solução para análise geoestatística, variografia e estimativa de recursos.
O Datamine Studio 3 é utilizado para fazer planejamento, desenho e operacionalização de cavas. Além disso, a mineradora também usa o software para fazer a seleção das áreas que irão produzir, bem como planejar e projetar depósitos de estéreis.
O MineSched, por sua vez, é utilizada para sequenciamento das áreas selecionadas, além de balanço de teores e equalização das massas. Já o NPV faz a definição de corte econômico dos blocos que apresentam retorno financeiro. A tecnologia também faz a geração de cavas matemáticas
e análise de cavas aninhadas. Outra solução utilizada pela mineradora é o Isite, que faz escaneamento e cubagem das frentes de lavra, pilhas e acessos.
De acordo com a mineradora, o uso desses softwares possibilitou ganho de produtividade nas minas. Após a área de geologia fornecer os modelos de blocos de curto prazo, através de informações de mapeamento geológico e amostragem das frentes de lavra, houve um aumento dos indicadores de aderência ao plano de lavra e reconciliação. Além disso, com os softwares também foi possível definir quais são os teores mínimos econômicos e as massas que representam.
As operações da mineradora também foram consideravelmente otimizadas. Um exemplo é o uso dos dados 3D obtidos pelo Isite, combinados com as informações de mapeamento geológico incorporadas no Leapfrog. Segundo a Votorantim Metais, maior precisão da modelagem geológica conforme o avanço da frente da lavra.
Além dos sistemas utilizados em operações de lavra, a mineradora conta com o SmartMine para otimizar e controlar sua frota de caminhões. Por meio do modulo real time, os profissionais que têm acesso ao sistema conseguem obter relatórios, localização, identificação do operador no equipamento, dentre outras informações em tempo real. O sistema está instalado em todos os equipamentos que trabalham na operação de lavra, como caminhões, escavadeiras e motoniveladora.
Atualmente, a mineradora está trabalhando com empresas especialistas no ramo para desenvolver soluções para uso próprio.
Serveng
O setor de mineração de agregados ainda está engatinhando em relação à opção de softwares para controle e gestão de suas atividades. Essa é a opinião de Romualdo Farias, gerente de mineração da Serveng. A mineradora, entretanto, pretende fazer de 2014 um ano divisor de águas em termos de uso de soluções que contribuam para a otimização de suas operações.
“Queremos uma solução que proporcione todo o controle das operações de lavra, como desmonte, estabilidade de taludes, carregamento, até as atividades do britador primário”, diz Farias. “Também incluindo a parte de beneficiamento mineral, tanto na engenharia quanto na mineração, e o controle de equipamentos.”
Atualmente, a Serveng utiliza um software da Totvs para gerir e integrar as áreas contábil, fiscal, de suprimentos, vendas, entre outras atividades. No entanto, a empresa busca no mercado uma solução específica para a área de mineração de agregados. “Estamos testando três sistemas para a área de agregados. O software da Totvs deve estar plenamente instalado em todo o grupo Serveng até meados de 2014. Após isso, teremos uma decisão sobre a solução que usaremos para a mineração”, disse Farias.
De acordo com ele, uma solução específica para a área de mineração de agregados deve trazer os seguintes benefícios para a empresa: mais controle da produção, maior produtividade na mina e na planta, melhor índice de produtividade de máquinas e de mão de obra, melhor controle de manutenção, além de melhorar a qualidade do produto minerado.
“Outra grande vantagem é ter conhecimento, em qualquer lugar do território nacional, de como a mina está operando. Isso nos permitiria fazer uma intervenção no exato momento em que fosse necessário”, explica Farias. Atualmente, os resultados ainda são analisados em planilhas de Excel, o que torna o processo lento.
“A ideia é implantar um plano piloto para ver como os softwares funcionam na área de agregados. Infelizmente, as opções para o segmento ainda estão dando os primeiros passos”, completa.
MMX
Para realizar todo o controle nas minas Tico-Tico e Ipê na Unidade Serra Azul, em Minas Gerais, a MMX utiliza desde 2012 o software SmartMine, solução desenvolvida pela Devex, empresa de soluções para gerenciamento, otimização e automação de atividades de mineração.
O software permite que a mineradora gerencie e monitore, em tempo real, os equipamentos de mina utilizados na lavra, como caminhões, pás carregadeiras, escavadeira e perfuratrizes. A tecnologia também garante que todos os eventos na mina sejam registrados e armazenados em um banco de dados. Dessa forma, tudo o que ocorre na mina é registrado pontualmente no banco de dados.
Utilizando uma planta virtual, com um Sistema de Posicionamento Global (GPS) e computadores de bordo nas máquinas, a equipe de operação pode acompanhar as atividades desenvolvidas na lavra, o que possibilita mais eficiência, velocidade, controle de qualidade do minério, confiabilidade dos valores produzidos e agilidade nas decisões preventivas e corretivas.
De acordo com a MMX, desde a implantação do SmartMine a mineradora obteve um aumento de 20 % na produtividade dos equipamentos de operação de mina, além de melhorias no controle de qualidade do ROM alimentados nas usinas.
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