Meu nome é Sheila Magalhães, tenho 41 anos, sou geóloga, mãe de 2 filhos e trabalho na área de mineração desde 2006.

Quando recebi o convite para escrever sobre a minha história na mineração, passou um filme em minha mente e senti o quanto é importante mostrar essa relação da mulher na mineração, uma vez que nós somos alvo de tantos dilemas “atuais”. Vejo realmente a importância dessa visão da revista Minérios & Minerales não só como uma homenagem, mas como reconhecimento do crescimento da área para nós, mulheres.

Quando me formei em geologia pela Universidade Federal da Bahia em 2005, não tinha um direcionamento formado na minha cabeça de qual área seguiria dali em diante: tinha apenas aquela ânsia de trabalhar, como qualquer recém-formado. Foi quando surgiu a oportunidade de uma entrevista de emprego aqui mesmo, na Bahia, para trabalhar no setor de exploração (pesquisa mineral) em uma mina de ouro.

Nossa! Meu primeiro emprego! Desde então, tudo me fascina na mineração. Naquela época, no galpão de sondagem onde eu trabalhava, não havia banheiro feminino! Começava, então, minha realidade feminina no mundo “masculino”. 1 ano depois, foi construído um banheiro, que carinhosamente recebeu a placa “Banheiro Sheila”. Mas foi por pouco tempo, pois a comunidade feminina começou a aumentar. Chegaram técnicas, outras geólogas e até motoristas de caminhões!

Mas meu desafio maior foi em 2009, quando fui mãe pela primeira vez. Lá estava eu, de macacão e botas com um barrigão. Sem contar que, meu marido e meus pais (meus portos seguros), estavam há 300 km de mim e, quem é mãe, sabe o quanto a rotina de um bebê toma o tempo de uma mulher.

A Yamana Gold, empresa que estou até hoje, sempre me deu total apoio nos momentos que necessitei, e isso me fez ser mais forte como profissional. Fui transferida para outra mina de ouro, mais próxima de Salvador – BA (onde residiam meus pais e marido) e então, em 2012, tive meu segundo filho. Mais uma vez, lá estava eu, me dividindo entre os recursos minerais e os seios cheios de leite.

Em 2015, voltei para Jacobina, mas agora com todos os integrantes da família e como geóloga de mina.

Meus pequenos, hoje com 9 e 6 anos, já não são mais bebês e se orgulham de dizer que a mãe deles pesquisa ouro e trabalha numa mina subterrânea.

Os desafios ainda são muitos, mas a superação ao longo do tempo vivido, me dá vontade de ir além.

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