Para debater o futuro de Minas Gerais e destacar a importância do planejamento, o Diário do Comércio, com apoio da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), promoveu o seminário “Minas 2032 – Desafios e Oportunidades – Planejamento e Estratégias. Realizado na sede da Fiemg, no dia 27 de agosto de 2015, o evento teve dois painéis: Crise política e econômica – o papel do empresário e Mineração e Siderurgia.

O presidente do Diário do Comércio, Luíz Carlos Mota Costa, explicou que a ideia do seminário foi inspirada no balanço da situação brasileira que o jornal fez na ocasião dos 80 anos da empresa. Desta vez, contou Costa, preferiram olhar para frente, para o ano em que o Diário do Comércio fará 100 anos. O objetivo é fazer um convite à reflexão sobre a economia mineira. “Queremos também resgatar uma ideia que está um tanto esquecida, que é a do planejamento. E não podemos perder de vista que a crise vai passar, e temos que estar preparados”, disse.

O gerente de Economia da Fiemg, Guilherme Leão, iniciou sua participação, no primeiro painel, analisando os “sucessivos erros na política econômica” que levou o país à crise. Ele avaliou que a combinação de inflação em alta, taxas de juros em queda e estímulo ao crédito teve resultados desastrosos para a economia. Ao mesmo tempo, fatores políticos contribuíam para agravar a situação: congresso mais pulverizado em 2014, falta de liderança do governo e corrupção e jogo de interesses que barram as reformas necessárias. “Os salários também cresceram acima da produtividade. Não se faz política de bem estar social sem crescimento”, criticou.

Uma questão foi apresentada por Guilherme Leão aos participantes: é possível um estado registrar uma taxa de crescimento da economia dissociada do cenário nacional? Ele respondeu que, sim, é possível. E demonstrou que dados para o Brasil e Minas sugerem que, a longo prazo, um estado pode adotar políticas diferenciadas com resultados positivos. Leão, em seguida, sugeriu que apesar de não se poder esquecer os setores que já estão estabelecidos em Minas (são os que geram receita, empregos etc), se deve pensar em novos setores, que tenham competitividade internacional. “Nossa pauta exportadora é mais concentrada em produtos de menor densidade tecnológica. Mas há potencial, por exemplo, no setor farmacêutico, em que Minas tem ganhado competitividade no cenário nacional, apesar de ainda ser baixa no internacional”, avaliou.

O secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Altamir Rôso, contou que no tempo em que está no governo procurou conhecer o que havia sido feito em termos de política de desenvolvimento. Rôso disse nada ter encontrado. Em vista disso, prosseguiu o secretário, o maior desafio de sua pasta é criar vetores para o progresso de Minas. E isso deve ser feito em parceria com a iniciativa privada. Ele também avaliou que o estado deve trabalhar para diversificar sua pauta de exportações e não depender tanto de commodities. Em seguida, adiantou detalhes do Programa Desenvolve Minas. “Vamos reunir os dados sobre o potencial de Minas que estão dispersos por diversos órgãos em um único lugar, e vai estar disponível. Empresários poderão usá-los para avaliar o melhor lugar para instalar sua empresa, por exemplo”, disse.

A insegurança jurídica e a complexidade das leis brasileiras atrapalham muito e geram um custo alto para as empresas que se instalam no país, concluiu a advogada Alice de Abreu Lima Jorge, sócia do escritório Coimbra e Chaves Advogados. Ela citou uma pesquisa do Banco Mundial que mediu o tempo que as empresas brasileiras gastam por ano para cumprir as obrigações fiscais: 2.600 horas, mais que o dobro do tempo médio de organizações em todo o mundo. Isso gera insegurança jurídica nos investidores, que temem o conflito que há na interpretação das leis. “Há divergências, também, sobre quem pode cobrar impostos: estado ou município. Temos que reduzir a complexidade e o tempo desperdiçado. É um dinheiro que se perde”, sugeriu.

O presidente do Sistema Fiemg, Olavo Machado Junior, criticou a falta de visão do governo para a importância da indústria para a economia saudável do País. Ele concordou com a análise de Alice Jorge sobre o cipoal burocrático que atravanca o desenvolvimento do país e citou outro; o das leis ambientais. Ele propôs união entre diversos setores da sociedade para que o Brasil supere a crise e entre na rota do desenvolvimento. “Se quisermos chegar bem em 2032, temos que firmar um pacto”, disse.

Também participaram do Seminário: o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), Evaldo Ferreira Vilela, o diretor-superintendente do Sebrae-MG, Afonso Maria Rocha; o editor-chefe do Diário do Comércio, Amaury Pimenta; o consultor de Relações Internacionais do Sindicato da Indústria Mineral de Minas Gerais (Sindiextra), Luís Márcio Vianna (representando o presidente da entidade, José Fernando Coura e o Ibram); o vice-presidente do BDMG, Luiz Guilherme Piva; o assessor técnico do Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (Sindifer), Dárcio Calais (representando o presidente da entidade, Fausto Varela Cançado); o presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABR), Marco Polo de Mello Lopes.

Crédito: Alessandro Carvalho

Fonte: Redação MM