Um dia após o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciar que o governo vai lançar, até o segundo semestre, o programa “Mineração para Energia Limpa”, com o objetivo de desenvolver a indústria de transformação mineral e fortalecer o conhecimento geológico e a pesquisa mineral, o secretário nacional de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, Vitor Saback, destacou o papel decisivo do país no processo de transição energética.

Durante participação no seminário “Mineração e transformação mineral dos minerais estratégicos para a transição energética”, promovido pelo Ministério de Minas e Energia (MME), Saback abordou as diretrizes para a ampliação da oferta de minerais estratégicos e para o desenvolvimento da indústria brasileira de transformação mineral.

“Tenho absoluta convicção que o Brasil tem papel decisivo na transição energética, dando exemplo e fornecendo materiais estratégicos e insumo. Já temos um espaço favorável, vamos criar políticas públicas para favorecer. O Brasil vai se tornar imbatível nesta geração, pela diversidade geológica muito grande – em variedade e quantidade”, salientou o secretário, lembrando que, neste ano, o ministro Alexandre Silveira está na coordenação do eixo sobre transição energética no G20.

A respeito da descarbonização da matriz energética, Saback destacou se tratar de uma prioridade mundial e um imperativo de sobrevivência humana, para evitar mudanças drástica na temperatura. Comentou que o aumento da demanda e dos preços levou o mercado dos minerais críticos para a transição energética a alcançar US$ 320 bilhões.

Em relação à demanda, o secretário citou que a de lítio triplicou, a de cobalto cresceu 70% e a de níquel cresceu 40%. E 56% da demanda por lítio em 2022 foi destinado a aplicações em energias limpas.

“Nosso desafio para a transição é agora: de preço, de timing. Por isso, priorizar faz sentido. Sem descuidar da sustentabilidade, especialmente com os minerais para a transição energética”, emendou.

Durante a apresentação, o secretário nacional de Geologia, Mineração e Transformação Mineral citou os desafios para a indústria do refino e processamento de minerais para a transição energética: o limitado poder de fazer preços (indústria espremida entre grandes mineradoras e grandes fabricantes de baterias), os compradores que ainda não valorizam adequadamente a diversificação de fontes de fornecimento, as dificuldades de acesso a tecnologias e a falta de mão de obra qualificada.

“Temos que desenvolver parcerias com países mais desenvolvidos na área e elaborarmos uma política para não errar no diagnóstico e a medida até onde irmos com programa de energia limpa”, observou.

Saback finalizou a palestra destacando as diretrizes para, na avaliação do Ministério das Minas e Energia, para que o programa para transição energética tenha êxito:

– Priorização para atos de outorgas de pesquisa mineral e lavra dos minerais estratégicos (temos que estruturar o ministério para isso)

– Oferta de crédito por bancos oficiais para investimentos no Brasil

– Promoção internacional de oportunidades de investimentos no Brasil

– Busca de parcerias internacionais para acesso a mercados e para a promoção e financiamento de investimentos no Brasil

– Desenvolvimento de infraestrutura necessária

– Fomento de pesquisa, desenvolvimento e inovação

– Formação de mão de obra especializada

– Desenvolvimento de políticas públicas para práticas ambientais e socialmente responsáveis dos empreendimentos.