Com a padronização do processo de perfuração e a utilização de equipamentos específicos, AngloGold atingiu um rendimento médio de 98% na abertura de slots
Elaborado por André Luiz de Almeida, supervisor da AngloGold Ashanti, com a colaboração de Carine Vaz Braga, Victor Morais e Fernando Martinez, todos da Orica Mining Services, o trabalho “Aumento do Rendimento na Abertura de Slot Raise na mina Córrego do Sítio I” foi um dos laureados pelo 180 Prêmio de Excelência da Indústria Minero-metalúrgica Brasileira da revista Minérios & Minerales.
O projeto contempla um estudo para o aumento do rendimento na abertura de slot raises ou chaminés na mina Córrego do Sítio I, localizada em Santa Bárbara (MG), que estava em torno de 64%. O depósito aurífero em questão é formado por três sistemas de corpos principais denominados Cachorro Bravo, Laranjeiras e Carvoaria. O método de lavra é o Sublevel Stoping em veios estreitos, que consiste na abertura de slot raises, seguida das operações de carregamento dos explosivos, detonação e limpeza. Com o aprimoramento dos parâmetros de perfuração e desmonte, uso de perfilagem nos furos para posterior definição da sequência de desmonte, além de estudos de sismografia e avaliação geotécnica da rocha, foi possível obter rendimentos com média de 98%.
De acordo com os autores do projeto, em operações de perfuração e desmonte de rochas em mina subterrânea, seja no desenvolvimento de galerias ou produção, a geração da face livre inicial é um ponto crítico para se determinar o sucesso da escavação em si ou não.
A abertura bem sucedida de slot raises para a criação de face-livre é fundamental para a redução do custo da mina. Fatores como precisão de perfuração, sequência de iniciação e carga de explosivo devem ser cuidadosamente projetados para não resultar em falha parcial ou total da detonação, conhecida como “congelamento”, como ocorriam em algumas situações da mina em estudo, principalmente nas aberturas de “slots cegos”.
Mensalmente, são abertos em torno de 10 slots, distribuídos de acordo com o planejamento de lavra e todos os planos de perfuração utilizados possuíam as mesmas configurações, independente do tipo de maciço.
Além dos planos de perfuração em função da qualidade do maciço, foi adotado um novo procedimento para a implementação de slots. Dentre os procedimentos adotados, destacam-se: padronização do processo de perfuração de slot, seguindo as seguintes etapas de aprovação, uso do Reflex para perfilagem dos furos para todos os fogos, garantindo a análise adequada do desvio dos furos para definição assertiva da sequência de detonação; uso de espoleta eletrônica i-konTM II, com maior tempo de retardo (até 30.000ms); uso de Booster PentexTM de 225g; dois pontos de iniciação, sendo um no fundo do furo e o segundo no meio, aumentando assim a chance de detonação de toda coluna em caso de deslocamento do maciço ou presença de falhas.
A utilização das espoletas eletrônicas ikonTM II proporcionou, além da grande precisão nos disparos, a aplicação de tempos de retardo entre furos que não são possíveis de se atingir com a utilização de retardos pirotécnicos, e nem mesmo com a maioria dos produtos similares disponíveis no mercado. Com o sistema de iniciação eletrônica é possível programar os detonadores com incrementos de 1 em 1 mili-segundos, de 0 a 30.000 ms.
Isso tornou essa ferramenta uma peça importante para o sucesso deste projeto, principalmente nos slots mais profundos, já que se definiu que os primeiros quatro furos tivessem tempos de retardo equivalentes a 100 ms/m, por se tratar de uma rocha mais plástica e permitir um tempo maior para a limpeza dos mesmos. Os demais furos deveriam ter tempos menores (de 50 a 75 ms/m) para evitar a iniciação por simpatia. Em alguns casos, o tempo total de detonação do slot poderia superar facilmente os 15.000 ms, sendo este o valor limite para a maioria dos detonadores eletrônicos.
A mudança do Booster de 150g para o de 250g permitiu gerar maior pressão de detonação no fundo do furo. Salienta-se que o posicionamento das escorvas deve ser diferente nos furos adjacentes, para se evitar o fenômeno de pressão dinâmica.
Conheça os autores do projeto
André Luiz de Almeida – supervisor de subsolo na Anglo Gold Ashanti. Profissional com 13 anos de experiência em supervisão de operações subsolo, tais como: infraestrutura, perfuração e desmonte, desenvolvimento e lavra, em sub-level stoping e câmeras e pilares. Atualmente desenvolvendo projetos de melhorias operacionais e redução de custo, utilizando ferramentas de melhoria continua.
Carine Vaz Braga – engenheira de Serviços Técnicos na Orica Mining Services. Graduada em Engenharia de Minas pela Universidade Federal de Ouro Preto em 2008, pós-graduada em Engenharia Geotécnica pelo INBEC em 2015. Atua há sete anos na Orica no desenvolvimento de soluções técnicas de perfuração e desmonte em minas a céu aberto e subterrânea, em clientes no Brasil, Argentina, Chile e Austrália.
Victor Saldanha de Morais – engenheiro de Serviços Técnicos Sênior na Orica Mining Services. Mestrando em Geotecnia pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Graduado em engenharia de minas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Com nove anos de experiência, atuando principalmente nas áreas de operação de mina e perfuração e desmonte de rochas, em mineradoras no Brasil e Austrália. Responsável em dar suporte ao desenvolvimento de soluções técnicas aos clientes Orica Brasil, com foco em segurança e aplicação de novas tecnologias.
Fernando Cruz Martinez – engenheiro de Serviços Técnicos Sênior na Orica Mining Services. Graduado em Engenharia de Minas pela Universidade Federal da Bahia em 1985. Professor substituto na UFBA em 1989. Pós-graduado em Especialização em Túneis pela UFBA em 2007. Com 30 anos de experiência na área de desmonte de rocha e
m minerações a céu aberto, subterrâneas, em área urbana, desmonte subaquático, em hidrelétricas, atuando como consultor, assistente técnico e executor.
Leia na íntegra o trabalho “Aumento do Rendimento na Abertura de Slot Raise na mina Córrego do Sítio I”.
Fonte: Revista Minérios & Minerales
Últimos Comentários