Atualmente, na indústria mineral, há uma crescente busca por excelência operacional, na qual espera-se operar da melhor forma possível, com redução de custos e seguindo o planejamento estratégico esperado pela companhia. Para atingir a excelência, é imprescindível que a operação de mina consiga manter uma continuidade operacional e garantir a qualidade do minério para alimentação na usina. Um plano de produção que prevê uma quantidade mínima de minério liberado é uma das formas de garantir uma operação contínua, manter a estabilidade da qualidade do minério e ainda ter flexibilidade no processo. Por isso, que pode se dizer que a quantidade de minério liberado é um dos indicadores de desempenho operacional e, ainda, que o aumento desse indicador está condicionado ao aumento da efetividade aos planos de lavra. Contudo, na operação de mina podem existir diversos fatores que podem impactar a efetividade de lavra e dificultar a excelência operacional, como: a falta de clareza dos objetivos do plano; a baixa disponibilidade física dos equipamentos; a falta de acompanhamento dos indicadores de desempenho; o aumento de DMT; e ainda a complexidade geotécnica do depósito mineral. Este trabalho propõe mostrar como a mudança da gestão de desempenho influenciou a interação entre as áreas de planejamento e operação de mina, e fez com que a mina de Cajati aumentasse o minério liberado e a efetividade de lavra no último ano, e com isso aumentou a produtividade dos equipamentos de carga e transporte, melhorou a eficiência do desmonte, reduziu custos, aumentou a segurança operacional e ainda reduziu a emissão de CO2 emitidos por gasto desnecessário de diesel.

A mina de Cajati, em S.Paulo, foi a primeira mina de fosfato no Brasil, com início das suas operações a céu aberto na década de 40. Além de ser pioneira na mineração de fosfato, na década de 60, a unidade de Cajati foi pioneira na rota de beneficiamento da rocha fosfática. Atualmente, Cajati conta com o processo totalmente verticalizado, e contribui com a maior parte do abastecimento de fosfato bicálcico utilizado no mercado brasileiro de nutrição animal. Devido a complexidade geotécnica e sua mineralização verticalizada e concentrada no fundo de cava, a mina de Cajati é caracterizada por ser uma cava estreita e muitas vezes com o desenvolvimento condicionado as interferências com o sistema de bombeamento e os acessos principais. Por isso, para melhorar a eficiência da lavra é necessário haver uma comunicação assertiva entre o plano de mina e sua execução. A baixa efetividade de lavra pode trazer resultados negativos como: Redução da produtividade dos equipamentos de carga e transporte; Diminuição do minério liberado; Aumento do custo de rocha; Aumento das horas de deslocamento dos equipamentos; Maior exposição ao risco.

ESTUDO DE CASO – AUMENTO DO MINÉRIO LIBERADO

 Para manter a competitividade da companhia e buscar a excelência na operação de mina, a unidade de Cajati da Mosaic Fertilizantes realizou, no final de 2021, um estudo para analisar as contribuições das ferramentas da gestão de qualidade no desempenho da mina com o objetivo de melhorar os indicadores de desempenho, minério liberado e efetividade de lavra. O primeiro passo para melhorar a eficiência operacional é analisar qual a principal causa que impacta na disponibilidade de minério e na efetividade de lavra. Por isso, foi feito um diagrama de causa e efeito, no qual verificou-se que a causa que mais impactava a operação de mina era a falta de uma comunicação assertiva em entre o planejamento e a execução. A partir da análise de causas, foi elaborado um plano de ação no qual foram identificadas as diversas oportunidades. De todas as oportunidades identificadas, as três principais ações que contribuíram para o aumento da eficiência operacional foram: a reestruturação da instrução operacional, a implantação da reunião de acompanhamento diário no mirante e a medição semanal da efetividade de lavra.

REESTRUTURAÇÃO DA INSTRUÇÃO OPERACIONAL

Ao realizar a análise causa percebeu que a instrução operacional não tinha indicação clara das tarefas a serem realizadas no dia para o desenvolvimento do plano, forçando cada supervisão de turno a tomar decisões de forma individual, por isso, foi necessária a reestruturação da instrução. A primeira fase da reestruturação da instrução operacional foi indicar um técnico responsável para coletar junto ao planejamento e a supervisão de desenvolvimento quais seriam as ações diárias prioritárias para o cumprimento do plano. Além disso, as orientações da instrução operacional começaram a serem enviadas aos turnos com fotos e indicações do que deveria ser realizado, nas figuras abaixo temos a comparação entre a instrução antes e depois da reestruturação. A ações da instrução operacional também foram realizadas da seguinte forma: primeiro tem-se as ações de segurança e informações diárias; depois temos as ações de infraestrutura; e, no final, as ações de desenvolvimento focadas em otimizar a efetividade de lavra.

 IMPLANTAÇÃO DA REUNIÃO DE ACOMPANHAMENTO DIÁRIO NO MIRANTE

 Outra ação de extrema importância para melhorar a eficiência operacional foi a implantação da reunião de acompanhamento diário no mirante. Nessa reunião é verificada a execução das ações da instrução operacional realizadas no dia anterior e ainda são levantadas as novas ações prioritárias para o dia vigente, sendo alinhado de imediato com a supervisão do turno e empresas contratadas. O fluxo da reunião foi padronizado e procedimentado da seguinte forma: DDSIG; Operações e ações diárias para as terceiras; Segurança (Informações sobre as inspeções e Comunicados); Mapa das leiras e bloqueios; Ações diárias para o desenvolvimento. Além disso, as trocas de turno são realizadas utilizando o painel de gestão diária para que a supervisão do turno entenda as ações prioritárias necessárias para o cumprimento do plano e evite que o turno tome decisões individuais e que não colaboram com a efetividade de lavra.

MEDIÇÃO SEMANAL DA EFETIVIDADE DE LAVRA

Sabe se que a análise dos indicadores de desempenho é imprescindível para tomada de decisão, entretanto, através do trabalho de análise de causas foi identificado que a medição de tais indicadores em Cajati era realizada apenas no fechamento do mês, e apresentados somente no início dos meses subsequentes, conforme Figura 5. A falta de informação desses indicadores de forma mais ágil pode contribuir com a baixa eficiência operacional, por isso, surgiu a oportunidade de otimizar o levantamento topográfico da cava realizando o mesmo com a periodicidade semanal, e com isso pudemos realizar a medição dos indicadores de desempenho toda semana, mostrando à liderança da companhia os locais onde deixaram de ser lavrados, e onde foram lavrados fora do planejado.

 RESULTADOS

Após a implementação das ações discutidas, como a reestruturação da instrução operacional, a implantação da reunião de acompanhamento diário no mirante e a medição dos indicadores de efetividade mensais na periodicidade semanal, foi observado que as causas raízes foram mitigadas e essencialmente houve um aumento das efetividades de lavra mensais de 2022 em relação a 2021.

Além desses resultados gerenciais, a evolução da excelência operacional trouxe também a inovação digital com a implantação de sistemas de gerenciamento de frota, bem como a operação de equipamentos remotos na mina que auxiliam o desenvolvimento em áreas de risco promovendo maior segurança. Ainda, a interação entre as equipes de planejamento e operação promoveram também maior engajamento e melhorou a moral entre as equipes, com entregas de alta performance. Leia texto na integra em www.revistaminerios.com.br

AUTOR: Hayanne Lara de Moura Cananeia, Engenheira de Minas Pleno e Hernan Henrique Pupo, Supervisor de Desenvolvimento e Planejamento de Mina