O presente trabalho tem como objetivo geral o aumento de rendimento (Disponibilidade física x Utilização) da planta móvel (peneiras) na mina da Ferro+ Mineração, por meio da metologia Lean Seis Sigma. Existem também alguns objetivos específicos, como ganho em segurança, utilização da metodologia lean seis sigma na resolução do problema, emprego de ferramentas estatísticas na caracterização do problema, maior assertividade dos apontamentos e redução de custo na operação de peneiramento. Após análise criteriosa dos dados foi definido como principal indicador do processo a relação entre a disponibilidade física e a utilização global das peneiras do site. Esta relação se encontrava em 55% e como resultado do desenvolvimento do projeto foi possível alavancar esse KPI para cerca de 77%, trazendo ganhos financeiros, além de ganhos intangíveis em segurança e meio ambiente.

A Ferro+ Mineração é uma empresa brasileira, pertencente ao grupo J. Mendes e está localizada nos municípios mineiros de Congonhas e Ouro Preto, no quadrilátero ferrífero de Minas Gerais. Tem foco na extração, beneficiamento e comercialização de minério de ferro. A mina tem capacidade produtiva de 5 milhões de toneladas de produtos com alto padrão de qualidade. A segurança de todos os que colaboram com as atividades da corporação bem como de toda a sociedade em que ela se encontra inserida, é tomada como valor inegociável para o grupo, sempre trabalhando para condição de acidente zero dentro das atividades intrínsecas aos processos desenvolvidos. Na questão eficiência, se busca o melhor aproveitamento de recursos, buscando maiores produções, com um menor investimento. Para isso deve- -se trabalhar para aumento de produtividade, ao mesmo tempo, pela redução de custos evitáveis. O projeto que será detalhado neste trabalho, visa justamente observar custos que são plausíveis de se evitar e o desenvolvimento de ações direcionadas a solução problemas prioritários das operações.

IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA

Respeitando o ciclo DMAIC, trilho principal de um trabalho de melhoria contínua, temos como atividade de iniciação a perfeita definição da oportunidade. A elaboração do escopo do projeto observando todo o campo de atuação a ser trabalhado dentro deste projeto, bem como as partes interessadas na melhoria. Trata-se então da primeira etapa, conhecida como Define.

ORIGEM DO PROBLEMA – FASE DEFINE

O ano de 2022 teve como marco a meta desafiadora de produção de 1 milhão de toneladas de Sinter Feed na planta da mina. O que representava um acréscimo de produção de aproximadamente 67% deste produto em relação ao ano anterior. Diante disso, foi definido como objetivo principal do projeto o aumento de rendimento da planta móvel afim de alavancar sua performance para atender o plano de produção orçado para aquele ano.

HISTÓRICO DO PROBLEMA – FASE MESURE E ANALYSE

Definido o problema, buscou-se então os dados históricos para que se pudesse medir esta oportunidade e, consequêntimente, definir meta adequada para que o projeto fosse ao mesmo tempo desafiador e possível de se executar. Meta do projeto: A meta do projeto foi definida com base no 3o quartil do teste de normalidade Anderson Darling, uma vez que foi certificado que os dados eram normais (Distribuição Gaussiana) com valor de 67,86%, e uma média de 55,38% (Figura 1). A fim de investigar se existia diferença de rendimento entre os turnos realizou-se um teste de hipótese, assumindo a hipótese conservadora de que as médias eram iguais. Realizado o teste via MINITAB® certificou-se que o P-Value assumia um valor maior que 0,05, portanto aceita-se a premissa que médias de rendimento entre os turnos são estatisticamente iguais, fato evidenciado pelo gráfico de Bloxpot abaixo. Foi feito também um SIPOC, de forma macro, do fluxo de atividades relacionadas ao peneiramento para melhor entendimento dos processos anteriores e posteriores à etapa de classificação do material, seus inputs e outputs. Após a realização do SIPOC, foi elaborado um VSM detalhado da operação da planta. Também foram realizadas as análises estatísticas de levantamento e priorização das possíveis causas de interferência no rendimento das peneiras com toda a equipe do projeto. As principais delas foram, Diagrama de Ishikawa (espinha de peixe) e matriz causa e efeito. Nesta etapa foram identificados 23 possíveis causas que poderiam ser prioritárias dentro do cenário de aumento de rendimento da planta móvel da mina, os chamados x’s do processo. Para gerar priorização das causas e então direcionamento das ações de melhoria, toda equipe do projeto foi convocada a votar, de acordo com o grau de relevância que a causa levantada tinha no processo. De posse das ações mais votadas, foi elaborado uma matriz de esforço e impacto para traçar uma estratégia de atuação para as causas prioritárias – 3o Quadrante Baixo Esforço & Alto Impacto.

IMPLANTAÇÃO DAS AÇÕES – FASE IMPROVE

A Matriz Esforço x Impacto marca o fim da fase Analyse, destacando as ações que foram prioritárias na etapa anterior (matriz causa e efeito) e classificando-as de acordo com seu grau de esforço e impacto para o cumprimento do objetivo do projeto, aumentar o rendimento da planta móvel em um patamar acima de 67,86%. A fase Improve é caracterizada pela implementação das ações de melhoria no processo, atuando diretamente nas causas elencadas na etapa Analyse. Ela tem início com um brainstorm com a equipe de projeto e seu objetivo é a confecção de um plano de ação a ser seguido durante toda a fase. Algumas ações adotadas merecem destaque devido ao retorno que trouxeram para a conclusão do projeto, entre elas estão: Instalação de tablet com software Smartmine® para apontamento dos estados em tempo real, cortando a dependência do operador de peneira com a sala de controle, aumentando a assertividade dos apontamentos e contabilização de horas operadas, osciosas, improdutivas e de manutenção. Confecção e instação do módulo basculante na grelha de alimentação da peneira, uma vez que tinha sido mapeado que gastava-se bastante tempo na limpeza de eventuais blocos que entupiam a grelha da peneira. Para maior controle e oportunidade de tomada de decisão gerencial, foi elaborado um relatório horário de produção, emitido pela sala de controle, informando a produção hora a hora e evidenciando possíveis desvios que estejam impedindo a peneira de performar em seu nível máximo.

A fim de mitigar o material que aglomerava nas paredes internas da calha da peneira ocasionando a necessidade de parada para execução de limpeza, foi acordado entre a equipe do projeto a necessidade de aplicação de revestimento das paredes da calha com material antiaderente (polietileno). DEPOIS Para evitar alimentar a peneira com material úmido, blocoso e com qualidade incompatível, foi criado um estoque na mina para conhecimento prévio do material, inspeção de blocos e disposição de forma a derrubar a umidade do minério (Itabirito Friável Rico), evitando dessa forma, a parada para limpeza.

VERIFICAÇÃO DOS RESULTADOS – FASE CONTROL

 Implantadas as ações e adicionadas à rotina da operação da planta móvel da mina, nos colocamos então em posição de controlar o andamento dos resultados. Avaliar se a implementação das ações realmente foram efetivas para mudança dentro das condições do processo. Foi implantado um Controle Estatístico de Processo (CEP) para evitar que o processo saia de controle. Além disso foi feito algumas análises estatísticas para verificar se as ações tinham gerado efeito sobre o KPI monitorado – Rendimento da planta móvel (DF x UF). Conforme verificado na Figura 15, percebemos que após a implementação das ações – Fase Improve – a nuvem de pontos do KPI monitorado se estabiliza acima da meta de projeto (67,86%). Utilizando a meta definida, o processo apresentava uma capabilidade de 0,88 sigma no início do projeto e uma capabilidade de 1,89 sigma ao final do projeto. Foi realizado ainda o teste Two-sample T que comprovou estatísticamente que houve mudança no processo, partindo de uma média de KPI de 55% para 76% ao final do projeto.

Leia texto na íntegra em http://www.revistaminerios.com.br

 AUTORES: Caio Torres de Castro, Analista de operações, Luiz Otávio Graçano Castro, Engenheiro de Minas, Rodrigo José Lopes Pinto, Especialista de Operações , Alexandre do Carmo Flausino, Gerente de mina, Zaqueu Santos Freire, Instrutor de Treinamentos, Fernando de Jesus S. Lisboa, Instrutor de Treinamentos, Bruno Inácio Pereira, Engenheiro de minas e Wislen Henrique Teixeira Oliveira, Controlador de Tráfego