A Sama Minerações Associadas tem sua planta minero-metalúrgica instalada no município de Minaçu (GO), a cerca de 3 km da área urbana, o que traz um impacto visual muito grande para a comunidade. Uma das principais premissas gerenciais da Sama é a responsabilidade socioambiental.

Diante deste fato o programa de recuperação de áreas degradadas é um dos passivos mais visados e monitorados por seus stakeholders.
A Sama é a única mineradora a desenvolver a extração da fibra mineral crisotila em todo o território nacional e está entre as três maiores produtoras mundiais de amianto crisotila. Atualmente, produz cerca de 13% de toda a fibra comercializada no mundo e utiliza o que há de mais moderno em tecnologia, sendo um exemplo que serve como padrão de desenvolvimento sustentável para mineradoras do Brasil e do exterior.
Na busca da melhoria contínua a empresa tem como um dos focos o desenvolvimento sustentável das paisagens em torno do seu empreendimento, principalmente, nas pilhas de estéril, rejeito e cavas que são visualmente impactantes. A maior premissa da empresa é condicionar e recuperar seus passivos de acordo com a paisagem remanescente que circunda toda a extensão do empreendimento.
O Plano de Recuperação de Áreas Degradadas da mina Cana Brava, revisado pela empresa Pimenta de Ávila em 2014/2015, estabelece algumas indicações de estudos para melhorar as etapas de aplicações de insumos e sementes para maior sucesso da cobertura vegetal dos maciços que são pilhas de estéril e rejeito recobertas com solos depauperados, ou seja, material de subsolo e que apresentam variadas composições químicas.
Há extensos maciços de material inerte, sem valor para atividade, ou seja, o rejeito da mineração de amianto. Os mesmos são recobertos por solos da região, oriundos de decapeamentos de áreas abertas para exploração mineral, e logo após é realizado o plantio de herbáceas forrageiras com posterior introdução de arbóreas nativas.

OBJETIVO

Desenvolver a melhor estratégia técnica em eficácia e eficiência na recuperação e reabilitação de áreas degradadas para a formação de cobertura vegetal, diminuindo o impacto visual da mina de Cana Brava e potencializando a economia para o empreendimento.
Para o desenvolvimento dos trabalhos foi realizado inicialmente a divisão entre quatro testes nomeados 1T, 2T, 3T e 4T que possibilitaram avaliar diferentes tratamentos.
Para os referidos testes foram selecionados os solos de cobertura mais férteis das áreas de decapeamento onde a mina irá desenvolver e se fez necessário a limpeza das áreas. Para selecioná-los foram realizadas análises de fertilidade. Esses esforços serão muito importantes para ver a influência do material de cobertura de maior fertilidade edáfica para suporte ao estabelecimento de plantas na superfície dos taludes.
Para melhor garantir a fixação das sementes e insumos até a germinação nas pilhas de estéril e rejeito foram executados dois tipos de preparo de solo, coveamento ou microcanaletas em nível ao longo de todos os taludes, para a recepção das sementes aplicadas por hidrossemeadura.
A relação de sementes escolhidas foram espécies que apresentam condições fisiológicas, através de produção de sementes gerando descendentes férteis em um ambiente limitante como os taludes trabalhados de acordo com a recomendação do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas de 2014/2015.

RESULTADOS

Os resultados apresentados neste trabalho demonstram a quantificação de todos os insumos e sementes utilizados para a realização dos testes de recuperação de áreas degradadas do ano 2015/2016. Vale salientar que o estudo trouxe melhoria dos resultados que evidenciam que a fertilidade é um fator limitante para a formação de cobertura vegetal nas pilhas de estéril e rejeito da mina de Cana Brava.
Os testes apresentaram sucesso na formação de cobertura vegetal, influenciados pelo tipo de solo de cobertura utilizado e a composição de insumos e sementes aplicados. Vale salientar que a adubação de cobertura somada à complementação de fontes fosfatadas para os plantios resultou em um efeito considerável para o fechamento das áreas garantindo que as sementes plantadas gerassem descendentes férteis para as áreas com ciclos de vida de cada espécie. As espécies que podemos destacar para o plantio foram o apaga fogo (Alternanthera ficoidea), milheto (Pennisetum glaucum) e crotalária (Crotalaria spectabilis) que garantiram o fechamento e a reposição de matéria orgânica nos solos das pilhas, permitindo melhor suporte para renovação cíclica das espécies.
A maior evidência do sucesso do plantio são os enraizamentos que chegaram a profundidades >20 cm de geotropismo positivo, produzindo toda uma camada edáfica composta de nutrientes e matéria orgânica capaz de limitar a ação dos metais em abundancia como Fe, Ni e Al.
As áreas teste que melhor responderam aos plantios foram: 1T e 4T pois apresentaram maior variedades de espécies germinadas e estabelecidas. A 3T obteve excelente resultados mas houve a baixa diversidade de espécies que merece a atenção para os futuros ciclos de sementes e descendentes. Se for necessário deverá se realizar manutenções no plantio como enriquecimento de sementes e insumos para garantir a maior cobertura vegetal dos taludes. A maior evidência de melhoria do processo foi em relação aos solos de cobertura, com melhor qualidade de nutrientes e matéria orgânica, oriundo de decapeamento que possibilitou o fechamento vegetal das aéreas, promovendo a estabilidade superficial dos taludes.
A associação fosfato decantado Ca3PO4 e o calcário dolomítico CaCO3 demostrou ser consideravelmente mais eficiente em relação a correção, do que a área que recebeu somente gesso CaSO4, pois a diversidade de espécies mostra que o solo se tornou mais propício ao recebimento de sementes e novos plantios.
Germinação e florescimento de espécies
 

CONCLUSÃO

O trabalho foi de suma importância para entender melhor o manejo e aplicação de técnicas adequadas para os plantios de formação de cobertura vegetal para as pilhas de estéril e rejeito da mina Cana Brava, em Minaçu (GO).
A definição de solos mais férteis como cobertura foi bastante evidente nos resultados amostrados, pois consolida que as práticas de pesquisa são ferramentas que ajudam a melhorar o processo de forma constante.
Com os resultados apresentados neste trabalho foi possível concluir que as melhores técnicas de preparação do solo a serem usadas na empresa para vegetação de taludes são o coveamento com espaçamentos 10 cm x 10 cm, aplicação de composição A3 e a manutenção R3 que foi realizada na área 1T.
As práticas de análises de solo nas áreas de plantio terão que ser constantes, anuais, com manutenções um ano após o plantio para melhor desenvolver as espécies com o uso de fontes fosfatadas e nitrogenadas. O fosfato decantado associado ao calcário dolomítico foram os insumos de maior sucesso, pois garantiram fonte fosfatada na área de plantio.
AUTORES: Luciana Dorneles Braga e Rodrigo Ordone de Oliveira.

Fonte: Revista Minérios & Minerales