Segmento terá aportes significativos neste ano e inclui novos equipamentos e processos,além da ampliação do treinamento
“Para se chegar aos atuais indicadores de segurança, a empresa tem trabalhado com foco em três pilares: tecnologia, sistemas de gerenciamento de segurança e segurança comportamental”, enfatiza. Em tecnologia, alguns exemplos são o uso de equipamentos móveis de subsolo (caminhões, carregadeiras) com sistema semiautomático de extinção de incêndio; equipamento sobre rodas (scaler) com braço telescópico, para limpeza de teto nas frentes de trabalho no subsolo em substituição ao processo manual; carregadeiras com controle remoto para trabalho em locais de difícil acesso de pessoas; sistemas de detecção e alarme e extinção automática de princípio de incêndio em instalações fixas subterrâneas; câmaras de refúgio no subsolo adaptadas com instalações apropriadas; e kits de sobrevivência e utilização dos melhores tipos de equipamentos de proteção individual incorporados com as mais recentes tecnologias.
Entre as novidades tecnológicas, a AngloGold testa um sistema informatizado on line para localização do empregado quando ele se encontra no interior na mina de subsolo. “É uma medida importante de segurança porque permite saber em tempo real em qual parte da mina o indivíduo se encontra, o que é fundamental em situações de emergência, além de facilitar o dia a dia da operação”, afirma Taíza. A empresa também está testando um dispositivo eletrônico que permite a interrupção do funcionamento/deslocamento do equipamento de subsolo quando uma pessoa se aproxima dele a uma distância pré-definida. Tal medida agrega mais segurança nos trabalhos de movimentação dos equipamentos nas operações subterrâneas, diz Taíza, lembrando que também em termos de processos ocorreram novidades.
Sistema informatizado on line localiza funcionário dentro da mina
Um exemplo recente refere-se à melhoria de segurança no processo de revestimento de concreto no raise (chaminé) de ventilação da Mina Cuiabá, que foi feito com a aplicação de nova metodologia/engenharia sem a presença do homem no interior do raise para realizar a concretagem. Com relação a treinamento, companhia atua intensivamente, segundo Taíza, na prevenção de acidentes e perdas, desenvolvendo e implantando campanhas de segurança. Um dos programas da AngloGold nessa área, batizado de Atitude, tem foco no comportamento das pessoas quanto à prevenção de acidentes, utilizando ações educativas para adultos (andragogia). “A premissa adotada é o chamado cuidado ativo, que significa o empregado cuidar de si mesmo, cuidar dos colegas e também aceitar o cuidado destes”, afirma.
Já a Mineradora Embu alterou rotinas em busca da maior segurança na planta. Para isso, utiliza material excedente de produção como matéria-prima para construção das leiras de proteção nas bancadas, auxiliando na proteção na área de lavra em praticamente toda a sua extensão, permitindo que este seja misturado ao produto de desmontes e avanços da lavra sem risco de contaminação. Além disso, criou procedimentos de proteção para trabalho em altura na atividade de perfuração, em que existe a aproximação de funcionários nas áreas de risco das bancadas, bem como implantou sistema de cores e faixas refletivas para indicação de mão e contra-mão na área de lavra, inclusive no período da noite. A empresa, em busca de melhorias nas plantas, realizou também a implantação de sistema de exaustores para coleta de material particulado proveniente do desmonte da rocha e das fases de transição, reduzindo a porção de material em suspensão e melhorando as condições ambientais. Implantou ainda sistemas automatizados de operação e de monitoramento por câmeras em pontos onde a presença dos trabalhadores pode trazer riscos.
Além disso, modernizou equipamentos e peças de desgaste, aumentando a vida útil e redução de paradas de manutenção, situação em que existem as tarefas com maiores risco de acidentes. Também modificou a metodologia de dimensionamento de equipamentos de proteção individual em função das características físicas dos funcionários, reduzido a rejeição e aumentando a eficiência na proteção. A Embu investiu ainda em programas de treinamento para a redução de acidentes. “Uma rotina de treinamentos auxilia a manutenção do conhecimento e do alerta dos riscos existentes nas operações e como deve ser agir para a minimização ou a sua eliminação”, afirma Leonardo Motta C. Silva engenheiro responsável pela área de Segurança da Embu. “Nas pedreiras damos preferência ao treinamento in-company, possibilitando ao funcionário a associação com a teoria e a prática em seu ambiente real de trabalho. Isso aumentou consideravelmente a absorção das informações, a capacitação e proporcionou a redução de paradas, q
uebras e dos níveis de acidente”, completa.
Desde 2013, a Vallourec Mineração realiza o treinamento dos seus funcionários para Análise Preliminar de Riscos (APR). A ferramenta consiste no preenchimento de um formulário pelos empregados antes da execução de uma atividade não rotineira que envolve riscos. “Com esse procedimento é possível analisar os riscos dos trabalhos e propor medidas preventivas e corretivas que contribuam para evitar acidentes”, revela Reinaldo Brandão, superintendente técnico da companhia, lembrando que uma estratégia importante que contribuiu para a redução de incidentes foi o uso da ferramenta Registro de Ocorrências de Saúde, Segurança e Meio Ambiente (Rossma), implantada na unidade mineração.
“A ação teve como objetivo fomentar o aumento do número de registros de incidentes, conscientizando os empregados e prestadores de serviço sobre a importância em se relatar qualquer desvio, seja de comportamento ou de situação de risco. Assim, os envolvidos se sentiram motivados a agir individual e coletivamente, protegendo a si e aos colegas”, salienta Brandão, destacando que, como reconhecimento pelo sucesso do programa, a área conquistou por quatro anos consecutivos o prêmio Global Safety Award, concedido às empresas do Grupo Vallourec que atingiram a melhor performance de segurança. “O troféu demonstra o êxito da empresa ao adotar estratégias eficazes de segurança, envolvendo a proteção coletiva e o treinamento dos empregados e prestadores de serviço, tornando-se exemplo para das demais unidades”, afirma.
Entre os procedimentos de segurança da Mineração Jundu, foi adotada uma sistemática de treinamento que prevê que todos os colaboradores de operações passem por pelo menos uma hora de treinamento de segurança ao mês. “Implantamos também um programa de treinamento denominado Safestart, no qual todos os colaboradores passaram por treinamento nos cinco módulos. Neste ano estamos fazendo reciclagem em todos os módulos desse programa, relata Ricardo José Franzin, gerente de EHS da Jundu, destacando que a empresa adota diversas medidas preventivas na mina. Entre elas, estão a manutenção de estradas com largura mínima de 9m em pistas de mão dupla; adoção de vias de mão única; implantação de leiras onde há desnível; umidificação das vias; uso de máquinas e equipamentos com cabinas fechadas e sistema de refrigeração; adoção de normas de operação escritas e específicas para cada equipamento; uso de sistemas de sinalização de veículos pequenos quando circulam na mina; e controle de velocidade com uso de computador de bordo. “Em termos de equipamento, vale destacar uma nova forma de proteção das correias transportadoras, que atende 100% da exigências da NR 12, sendo composto de um polímero industrial, mais leve e fácil de instalar”, afirma Franzin.
Na Rio Deserto, a segurança passa por um processo diário de ações durante todos os turnos, onde são tratados assuntos diversos sobre segurança, gerando a visão de ação segura no início das atividades. Segundo Jonathann Nogueira Hoffmann, coordenador de Segurança do Trabalho da Rio Deserto, na atividade de desmonte de rocha no subsolo, somente os funcionários habilitados podem permanecer no painel de produção, os demais paralisam a atividade e são encaminhados para o ponto de refeição. Somente retornam a atividade após a exaustão dos gases e liberação pelo responsável. Devido à alteração constante de localização de equipamentos elétricos nas frentes de lavra, o risco de deterioração dos isolamentos de cabos elétricos era constante. “Com a aplicação de uma nova metodologia padrão de ancoramento e organização dos cabos, houve diminuição significativa do risco de choque elétrico e redução dos custos com manutenção”, sublinha Hoffmann.
Mas não foi apenas em procedimentos que a Rio Deserto se concentrou, mas também na área de equipamentos de segurança individual houve melhorias. Além dos equipamentos de segurança padrão da mineração (capacete, máscaras semifacial, bota, protetor auricular), a empresa adotou a máscara facial inteira motorizada (pressão positiva) nas atividades de frente de serviço. “Como resultado, houve mais conforto para respiração e proteção confiável dos funcionários em ambientes com exposição de gases e poeiras em suspensão”, destaca Hoffmann. Outros equipamentos para proteção coletiva também foram adotados pela Rio Deserto, como monitoramento constante de quatro gases (CO, H2S, O2, CH4) e sistema de monitoramento das atividades por meio de câmeras em subsolo, trazendo confiabilidade nos resultados e acompanhamento constante das ações preventivas.
De acordo com Vinícius Sales, gestor comercial da Fortline Industria e Comércio de Calçados de Segurança, o mercado de segurança do trabalho tem crescido bastante principalmente na área de mineração. Mineradoras têm buscado cada vez mais inovações desse segmento nos últimos de anos. “Entre as novidades, na área da Fortline, que é proteção de membros inferiores (calçados de segurança). Vimos surgir, por exemplo, a substituição do bico e da palmilha de aço para o bico de composite e a palmilha resistente à perfuração, que proporcionam maior segurança e conforto”, revela Sales. A substituição do bico das botas foi primordial, “pois assim conseguimos proteger o usuário em três situações especificas: a de queda de objetos sobre os artelhos, o risco de perfuração e o risco elétrico, uma vez que uma das vantagens dos materiais empregados na confecção dos calçados é a resistência elétrica, testada em até 14KV”. Há outras evoluções adotadas, segundo ele, como alterações em termos de proteção de altura (cintos de segurança), preocupação com a pele, sendo obrigatório o uso do protetor solar, por exemplo.
Alem do aprimoramento nos produtos, o treinamento adequado para uso dos EPIs é essencial para a redução de acidentes. “A parceria entre fornecedor e cliente vem ajudando muito aos usuários para que utilizem de forma correta os EPI’s fornecidos. Muitas vezes o fabricante com seu conhecimento de produto ofertado pode passar uma informação nova para o técnico que faz o treinamento”, destaca Sales, lembrando de um caso em que foi sugerida a substituição do calçado convencional por um com a palmilha resistente a perfuração. “No primeiro momento houve certa resistência do técnico, porém propus que ele mesmo utilizasse o produto, j&
aacute; que estávamos em um período de chuvas, quando aumenta o risco de perfuração de pés no campo, principalmente na área de mineração. Após duas semanas, o técnico me chamou à empresa e disse que o calçado estava aprovado, pois ele havia pisado em um prego e a palmilha impediu que se machucasse.”
Uma nova metodologia de treinamento de segurança mudou paradigmas na Mineração Taboca, a partir de 2013. Além da diminuição dos acidentes em geral, houve aumento da produtividade, tendo em vista menos horas paradas. Nesse novo programa de segurança, a empresa estandardizou todo os procedimentos, utilizando produtos de EPI de consagradas empresas globais. “Somado a isso, contratamos profissionais experientes na área, que promoveram uma revolução em termos de redução de acidentes na planta”, afirma João Paulo Cabral Costa, gerente de segurança no trabalho da Mineração Taboca. Segundo ele, a redução de acidentes beirou os 50% desde a adoção dos novos procedimentos.
Fonte: Revista Minérios & Minerales