Programa implementado na unidade de Miraí da CBA otimiza atividades de sondagem
Victor Miguel Silva, geólogo da CBA
O depósito é formado por corpos lenticulares geralmente entre 3 e 5 m de espessura, e massa de 50 mil a até 2 milhões de t de ROM. Eles localizam nos topos do morro e dispersos numa faixa Norte-Sul de mais de 100 km de comprimento, do norte de Juiz de Fora a até Manhuaçu.
A sondagem gera a informação necessária para localização, delimitação e quantificação dos corpos de minério. No estudo foram levantados os tempos gastos para as etapas de descolamento, furação, tempo em praça, tempo entre furos e taxas de acertos.
Na CBA, a sondagem é terceirizada, com quatro equipes, cada uma formada por quatro pessoas. A atividade é executada em malha 50×50 m com amostragem a cada 0,50 m, que é iniciada após primeiro intervalo de bauxita. Não há amostragem da camada de solo.
Os furos que interceptam a mineralização tem a amostragem feita até 1 m após a mineralização, gerando duas amostras do estéril de base, são os chamados furos positivos. Caso não sejam encontrada bauxita até 5 m, o furo é dado como negativo e finalizado.
No procedimento de sondagem é prevista a capina e preparação do terreno para que as equipes possam trabalhar em um local plano, mais estável. Apesar de ser feita para uma situação específica, as equipes executavam as praças sempre, mesmo onde não houvesse o risco de queda a ser mitigado.
Em relação à otimização do tempo de praça foram eliminados os trabalhos em áreas planas e iniciada a abertura de praças em dias chuvosos. Com essas duas medidas houve um ganho médio de tempo de 22%.
Por conta do risco de acidentes de acessar os corpos com chuva com o trado (30 kg), geralmente esses dias eram perdidos para a sondagem. Nessa condições, a empresa enviava as equipes para organizar o galpão de amostras, mesmo quando não havia necessidade.
“Mapeamos tudo que poderia ser feito nesses dias, e dentro das atividades, a principal era a abertura das praças de sondagem nessas situações (chuvas). Isso além de tornar mais ágil a sondagem nos dias de produção, diminuía o tempo de deslocamento entre os furos”, afirma Miguel.
Para agilizar os trabalhos de perfuração, a mineradora instalou um alça para suspensão da panela (ferramenta de sondagem), além de reduzir a profundidade mínima dos furos (negativo), simplificar as planilhas de controle e remover a profundidade de conferência.
O tempo entre furos foi aprimorado com a utilização de mapas com orientação, GPS de mão e simplificação das planilhas. O primeiro problema encontrado para a localização dos furos planejados era a informação fornecida às equipes de campo, que era só a distribuição dos furos. “Com a adição de uma fotografia aérea agilizamos a localização dos furos. Além disso, cada chefe de equipe foi treinado para usar GPS de mão, auxiliando na alimentação das coordenadas dos furos planejados”, destaca.
Outro ponto de melhoria foi a avaliação das fichas de controle, tanto o log do furo quanto no controle diário por equipe. Com o passar do tempo, foram adicionados tantos controles e checagens, que chegou a um ponto de haver dados que ninguém processava ou acompanhava.
As melhorias feitas em relação à execução do furo em si reduziram os furos negativos de 30 para 23 minutos. Nos positivos, foi reduzido em média 26%, sendo que o tempo varia em função da metragem.
Por conta do tamanho pequeno dos corpos e da profundidade, em geral as equipes executam mais de 20 furos por dia. Segundo Miguel, nem sempre existe tempo de analisar minuciosamente alvos e excluir áreas sem a perspectiva de minério, sendo gerada uma malha grande que cobrisse todo o local. “Isso gerava o problema das equipes gastarem muito tempo em áreas sem bauxita”, comenta.
A simplificação do processo permitiu que as equipes atuem com produtividade em três pessoas, o que apesar de não apresentar ganho direto na produtividade que compense montar as equipes dessa forma, abre a possibilidade de ter todas as equipes funcionais mesmo quando há pessoas com licença medica. Na condição antiga, a ausência de uma pessoa impedia a execução da tarefa.
“A preocupação em fazer reciclagem constante das equipes e treinamento dos funcionários novos possibilitou que mais de um ano depois, os ganhos fossem mantidos. É interessante notar a redução da variância com o passar do tempo, o que é resultado da padronização das equipes. A tendência foi de aproximar a produtividade dessas 4 equipes, antes era notável que algumas eram muito mais rápidas que outras”, conclui.
Fonte: Revista Minérios & Minerales