Com dois novos projetos em andamento, um já em implantação, que é a expansão da unidade de mineração em Irecê, na Bahia, e outro em fase de licenciamento ambiental, que é o Santa Quitéria, no Ceará, a Galvani mostrou que além de se tornar líder na produção de fosfato, quer tornar o país produtor e exportador de urânio. A mineradora participou do 15º Workshop Opex 2024, realizado em conjunto com o 26º Prêmio de Excelência da Indústria Minero-Metalúrgica Brasileira 2024, ambos promovidos pela revista Minérios e Minerales, no Centro de Convenções do Expominas, em Belo Horizonte, na última semana.

Representando a companhia, esteve presente o gerente de licenciamento ambiental da Galvani, Christiano Lemos de Moraes Brandão, que palestrou sobre os projetos do plano de expansão da empresa, além da programação para o segundo semestre deste ano e, também para 2025. Em entrevista à Revista Minérios & Minerales, Christiano destacou as obras em Irecê e o projeto Santa Quitéria, no Ceará, que será realizado em parceria com as Indústrias Nucleares do Brasil (INB), os quais os licenciamentos ambiental e nuclear podem sair até o final do ano.

A ideia das companhias é instalar um projeto conjunto de mineração para extração de urânio e fosfato, encontrados de forma associada na jazida de Itataia, no município de Santa Quitéria. O fosfato ficará com a Galvani, que irá utilizá-lo na fabricação de fertilizantes e de alimentação animal, enquanto o urânio será entregue à INB para produção do concentrado de urânio.

Sobre a expansão em Irecê, na Bahia, já foi inaugurada, em maio, a pedra fundamental da nova unidade de mineração da Galvani. As obras tiveram início este mês, com destaque para o serviço de topografia. Com investimentos de R$ 340 milhões e apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a planta irá produzir 350 mil toneladas anuais de concentrado de fosfato para a fabricação de fertilizantes, além de gerar 900 empregos diretos e indiretos – 600 durante a fase de construção e 300 durante a operação.

Sobre Irecê

A partir de 2026, a Bahia será responsável pela produção de 25% do insumo consumido em todo Norte/Nordeste do Brasil. A produção anual de 350 mil toneladas de concentrado fosfático prevista pela Galvani será destinada ao complexo industrial de Luís Eduardo Magalhães. Além disso, a empresa também produzirá 600 mil toneladas de calcário agrícola que será vendido para o mercado Matopiba – Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. A Galvani é líder na produção e distribuição de fertilizantes na região do Matopiba.

“Muito em breve nós vamos dar início às obras de engenharia civil, de montagem. A compra do equipamento, que é importado, já foi feita, mas ele ainda será produzido e transportado para o Brasil. É um forno com aproximadamente 140 metros de comprimento e cinco metros de diâmetro”, detalha Christiano Brandão.

“É um projeto interessante e inovador no qual teremos, nessa implantação, todo tipo de equipamento e de obra de um empreendimento convencional de calcinação, que utiliza esse mesmo processo também para implantação de áreas de lavra na mineração a céu aberto”, complementa o gerente de licenciamento ambiental da Galvani.

Além disso, a planta industrial de Irecê se destaca pelas inovações tecnológicas e pelo compromisso com a sustentabilidade, como o processo inédito de calcinação de fosfato no Brasil, a ausência de barragens de rejeitos, o processo inovador de separação de cálcio e magnésio, além do baixo consumo de água, com 100% de recirculação, e o aproveitamento integral do minério, gerando zero rejeitos.

Com o início da implantação, a empresa está, agora, no processo de contratação e mobilização de empresas. A expectativa é que esta etapa seja finalizada até 2026 para, então, dar início ao processo de lavra e de produção de concentrado fosfático e de calcário agrícola.

Sobre Santa Quitéria

A planta no Ceará terá duplo licenciamento. Uma parte, conduzida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a outra pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen).

“São processos bastante complexos e longos. Em relação ao Ibama, já entregamos todos os estudos necessários para esta avaliação, e acreditamos que estão absolutamente robustos. Esperamos que este ano ainda obtenhamos esta licença”, informa Christiano Brandão.

No âmbito do processo nuclear, o gerente de licenciamento ambiental da Galvani destaca que as autorizações – tanto de local, quanto de toda a etapa minero-industrial – já foram obtidas. Apesar do avanço, ainda são necessários estudos para que a empresa possa partir para a etapa de implantação do projeto em si.

“Esperamos que por volta de 2028 a gente já possa começar a produzir”, finaliza o representante da Galvani presente ao XV Workshop OPEX.