Vivendo há 20 anos no Canadá, o vice-presidente executivo de Desenvolvimento Corporativo da Bravo Mining, Alex Penha, trabalha conectando projetos a investidores. Conhece bem a relação entre mineração e mercado de capitais. Palestrante no painel “Empresas Capital Aberto – Casos de Sucesso” do Invest Mining Summit 2024, evento realizado na B3, em São Paulo, ele destacou os três pilares fundamentais para o sucesso de uma empresa na busca por investimentos: pessoas, projetos e mercados de capitais.
“Você tem que ter um projeto no qual confie. Tem que fazer muito bem o dever de casa antes de vender a ideia daquele projeto, pois será desafiado a respeito daqueles assuntos. E tem que ter pessoas. Se elas tiverem um track-record de sucesso, melhor ainda. Você tem que estar muito bem preparado quando vai apresentar a sua ideia porque, talvez, você só tenha aquela oportunidade. E esse foi o caso da Bravo”, comentou.
Penha relembrou o início da Bravo. Foi criada em 2020 como veículo para adquirir, em novembro de 2021, o projeto Luanga, localizado na Província Mineral de Carajás, no estado do Pará – a área do projeto faz divisa no lado oeste com a mina de minério de ferro Serra Leste, da Vale. Em seguida, foi montado um conselho de administração e equipe de gestão de alto nível, muitos dos quais participaram do sucesso de outra empresa, Avanco Resources – produtora de cobre focada no distrito mineral dos Carajás, listada na Austrália.
“Uma empresa formada, talvez, com 200 mil dólares, e que foi vendida por quase meio bilhão de dólares australianos depois de 13 anos. Toda essa equipe virou um case de sucesso, atraindo investidores do porte da BlackRock, da Appian e outros”, relembrou.
O Projeto Luanga está localizado no município de Curionópolis, no estado do Pará, distante a 40 minutos do centro municipal (36 km) e acessível aos centros regionais de Parauapebas (72 km) e Marabá (138 km). A área faz divisa no lado oeste com a mina de minério de ferro Serra Leste, da Vale. Luanga já estava avançado com um extenso trabalho exploratório concluído pela mineração Vale. O que permitiu à Bravo iniciar os trabalhos técnicos aproveitando-se da excelente plataforma de dados para abastecer a própria interpretação do ambiente geológico e estratégia de pesquisa mineral.
A Bravo, que atua no Brasil e é listada na Bolsas da Austrália e do Canadá – desenvolve projeto de metais críticos no Pará e, em 2022, fez IPO na bolsa do Canadá. Na época, mesmo tendo sido um ano difícil para o mercado financeiro, conseguiu captar cerca de 70 milhões de dólares canadenses.
“Chamamos conselheiros de renome no Brasil e no mundo em PGM que já tinham feito projetos de sucesso. Eram rostos conhecidos no mercado. E fomos testar o apetite dos investidores, com uma rodada de pré-IPO até conseguir fazer o IPO. Até isso tem que pensar bem estrategicamente, porque você quer ancorar esse pré-IPO com investidores que têm credibilidade de investimento e técnica que vão dar o aval para o seu projeto quando tiver que ‘ir pra chuva’ com ele”, considerou o vice-presidente executivo de Desenvolvimento Corporativo da Bravo Mining.
Atração de “influencers”
A BlackRock ancorou o pré-IPO. Chegaram outros investidores, cujas recomendações atraíram outra gama de investidores, chamados de “influencers” pela equipe Bravo Mining.
“E partimos para o IPO. Estava tudo indo bem, mas foi exatamente no período em que todos os índices de mineração caíram 50%. Em 2022, talvez fosse um ano que não tivéssemos tido mais IPO, talvez tivéssemos tido que abortar. No entanto, depois de juntar projeto, pessoas, governança e investidores confiantes, conseguimos fazer o melhor IPO da Bolsa de Toronto em 2022. (Na época) foi só este da Bravo e outro da Ivanhoe Electric”, lembrou.
A companhia conseguiu repensar o projeto. À base de dados, adicionou mais 70 mil metros de sondagem, dobrou recursos históricos de 5 milhões de onças de paládio para 10 milhões.
“Sabemos a importância da contribuição de cada metal neste projeto, por onde essas reservas podem crescer e fizemos duas descobertas muito significativas, que foi dar um novo pensamento sobre a interpretação geológica da base de dados que foi adquirida e da que foi feita por nós mesmos”, comentou Penha.
Em maio do ano passado, a Bravo fez uma descoberta significativa de níquel, que fez a ação disparar.
“Nosso pré-IPO foi feito a 50 centavos, fizemos um IPO a 1,75 dólar e, em função desta descoberta e todo trabalho, fizemos um follow on a 3,50. E em maio deste ano, fizemos uma outra descoberta: o maior furo de cobre e ouro de 2024 e o top 5 dos últimos cinco anos – interseção de 11 metros/mês a 14% de cobre e 3.5 gramas de ouro. E já caiu, porque o mercado vai esperar que você entregue um negócio desse a cada duas semanas, e não vai acontecer”.
Em julho, a Bravo Mining anunciou os resultados dos ensaios dos dois furos de perfuração no alvo “T5” e da mineralização de sulfeto interceptada na perfuração no alvo eletromagnético “T11” no Projeto Luanga. A interseção estende a mineralização de cobre-ouro de alto teor por uma área significativa. E a mineralização de cobre-ouro no alvo T5 permanece aberta em profundidade e ao longo do ataque, disse a companhia, em comunicado.
Ao comentar como avalia a visão que investidores têm do Brasil, Alex Penha disse que, atualmente, não é preciso mais “vender o país”.
“Não vou falar que o país é a bola da vez, mas você já chega na reunião com o Brasil vendido. Com todo este potencial, com novas empresas e etc. Que o fundo do BNDES encontre outras Bravo, outras Sigma. Empresas que estão em prateleiras e que precisam vir à luz do dia”, disse Penha, que finalizou deixando um recado: “Uma equipe ‘mais ou menos’ pode arrebentar um projeto excelente. Projetos medianos podem se tornar grandes com uma equipe classe A”.