Está na pauta do Senado um projeto de lei para criação de uma política nacional das terras raras. A ideia é articular redes de pesquisa e de desenvolvimento tecnológico entre União, empresas, institutos de pesquisa, universidades, estados e municípios para “fomentar a produção de bens e serviços a partir de startups e outras formas empresariais e inovadoras”, além de agregar valor no território nacional. Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, o Brasil tem a terceira maior reserva de terras raras do mundo, ao lado da Rússia, com 21 milhões de toneladas.
Com a crescente demanda global, o país pode se tornar uma fonte valiosa de terras raras devido à vasta biodiversidade e recursos minerais. Por isso, investimentos em exploração e desenvolvimento tecnológico são fundamentais para posicionar o Brasil como um fornecedor chave no mercado global de terras raras. No entanto, a produção é caracterizada por altos custos operacionais, desde a extração até o processamento. E necessita de tecnologia avançada e mão de obra qualificada.
“Aí tem um trabalho muito importante que é a do regulador, de se criar um ambiente de negócios para que projetos sérios e bem estruturados venham ao mercado. Você tem que criar um ambiente para que essas empresas que estão levantando, na média, 10 milhões de dólares, possam também fazer isso aqui. Fazendo isso no Brasil, você vai criar um ambiente onde a educação tem que acontecer, os investidores vão ganhar marcas de guerra na prática. Criar estruturas regulatórias e um regulador que não somente educa, mas também pune. São traços de mercados mais desenvolvidos”, destacou Renato Gonzaga CFO da Brazilian Rare Earths (BRE), empresa que no Brasil tem a Borborema Mineração como subsidiária.
A BRE tem concessão para explorar terras raras em um terreno de mais de 460 quilômetros na Bahia. É uma das quatro companhias que exploram o mercado de terras raras no Brasil. Possui capitalização de mercado, atualmente, de ~A$685m. Conta com investidores de referência como Whitehaven Coal, Hancock Prospec-ng/Gina Rinehart, Fidelity International, Regal Funds, dentre outros. Grande parte do capital da empresa ainda é detido pelos fundadores e management da companhia.
“O importante é termos educação. Todos nós temos nosso papel educacional de darmos profundidade ao mercado, seja a entidade que está na ponta fazendo varejo com o investidor, seja a empresa aumentando o nível de sua governança corporativa e dando informações mais claras ao mercado. Precisamos dar oportunidade de acesso também para as empresas que estão na fase inicial, na primeira pernada da curva, para que depois a gente não venha debater porque estão abrindo capital na Austrália, nos Estados Unidos, no Canadá e outros países”, ponderou Renato Gonzaga.
Profundidade ao mercado
Em outubro, o BNDES e a Vale anunciaram que o consórcio formado pela Ore Investments e a JGP BB Asset foi selecionado em 1º lugar na chamada pública para a escolha de um Fundo de Investimento em Participações (FIP) com foco em projetos de pesquisa, desenvolvimento, implantação ou operação de ativos de minerais estratégicos para transição energética, descarbonização e minerais fertilizantes. Esse é o primeiro FIP do BNDES focado em mineração.
A iniciativa tem estimativa de mobilizar até R$ 1 bilhão de recursos que poderão ser investidos em até 20 empresas júnior e de médio porte que atuem em pesquisa mineral, desenvolvimento e implantação de novas minas de minerais estratégicos no Brasil. O dinheiro deve começar a ser investido a partir de março do ano que vem.
O CFO da BRE destacou a importância de iniciativas como esta pois salientou que há, cada vez mais, investidores dispostos a arriscar.
“Temos visto que há, cada vez mais, investidores dispostos a entrar neste risco inicial. E vimos essa iniciativa do BNDES com tanto mérito. É preciso dar profundidade ao mercado, em todas as dimensões”, comentou Renato Gonzaga.
A Borborema Mineração é subsidiária brasileira da Brazilian Rare Earths, empresa listada na bolsa da Austrália (ASX:BRE). Focada no desenvolvimento de projetos minerais contendo elementos críticos ligados a terras raras, detém 272 de direitos minerários no estado da Bahia que totalizam mais de 440.000 ha. A escala do projeto o confere característica de “provincia mineral”, denominada de “Rocha da Rocha”, em homenagem ao descobridor, Alexandre Rocha da Rocha.
O projeto é localizado na região de Jequié, na região sudeste do estado da Bahia. A expectativa da Borborema Mineração é de iniciar as operações entre 2027 a 2028, a depender do prazo de licenciamento do projeto.
A empresa executou uma primeira estimativa de recurso com base em pesquisa mineral realizada em apenas aproximadamente 2% dos títulos minerários e obteve os seguintes resultados:
• Recurso Mineral de acordo com o Padrão JORC (2012) de 510 Mt @ 1500ppm;
• O alvo Monte Alto apresenta recurso superficial que permitirá lavra mecanizada de 25 Mt @ 1% Óxidos de Terras Raras (OTR). O recurso está aberto em todas as direções e ainda em profundidade;
• Monte Alto possui 4,1 Mt @ 3,2% de teor de óxidos de terras sendo que destes, 26% são de terras raras magnéticas (NdPr e DyTb);
• Presença afloramentos de altíssimos de terras raras ~33%, 1,5% de Nióbio e 220 ppm de Escândio (Sc).
• Sondagem diamantada realizada após a publicação do recurso JORC retornou interceptos com teores sem precedentes no mundo: 34% de OTR, teores excepcionais de NdPr de 59.000 ppm, 3,200 DyTb, 1,5% Nb e 352 de Sc