Por Andréia Jasnievski*
Devido à baixa incidência de chuvas nos reservatórios e o déficit de investimento em geração, nosso sistema energético opera em seu limite. A utilização da energia térmica encareceu a tarifa por ter alto custo de produção; os empréstimos feitos por essas mesmas usinas para garantir o fornecimento de energia ao sistema, acarretará em uma cobrança adicional no orçamento de todos os brasileiros. Consequentemente, cria-se a necessidade de busca por outros meios de fornecimento de energia.
A Câmera do Comércio Exterior alterou algumas tarifas de importação em julho deste ano. Exemplifica-se o imposto do cimento comum, anteriormente com uma alíquota zero sofreu a alteração de 4% para importação. Dados recentes sobre a situação do setor de cimento e construção civil revelam que o momento vivido entre 2006 e 2012 quando a venda de cimento teve um crescimento de quase 10% ao ano.
Registro em todos os meses do ano de 2014 no setor do cimento conforme revela estudo feito pela Confederação Nacional da Indústria, reflete a estabilização da demanda enfrentada pelo setor. Isto não é um momento exclusivo da área de construção civil, está no âmbito da maioria dos segmentos fabris.
As indústrias enfrentam a concorrência externa, competitividade reduzida pelos impostos, gastos extras na energia e o aumento do custo médio dos salários maior do que o crescimento de sua produtividade. Assim, no meio dessas atribulações, vê-se a eficiência energética como uma opção de superar algumas adversidades nos setores industriais, reduzindo gastos.
A indústria de cimento tem alto consumo calorífico provindo muitas vezes de fontes que não sejam necessariamente da energia elétrica, sendo observadas a média de consumo em 81% de combustíveis sólidos, 12% de energia elétrica e 7% em resíduos.
Diante desse cenário há inúmeras matrizes energéticas com potencial de eficiência; sistemas térmicos, correção de logística de produção, intervenção e redimensionamento de antigos projetos, correção nos processos químicos com foco na Eficiência Energética, correção mecânica do sistema hidráulico, além é claro da correção de todo o sistema elétrico.
A avaliação de geração e cogeração de energia é oportuna também e pode ser feita com reaproveitamento de resíduos de maior potencial. Por fim, incorporar tecnologias já aplicadas internacionalmente.
A visão para um projeto de eficiência energética deve abranger o todo da indústria, pois quanto mais global o entendimento, mais soluções serão encontradas, contribuindo umas às outras, entre distintas matrizes.
Uma fonte para gerar economia é com o reaproveitamento da energia térmica dos gases de escape. A média de economia gerada por medidas de um estudo em Eficiência Energética na indústria do cimento pode chegar a casa dos 20 milhões com um payback de três anos. Outro modelo é com a revisão de inúmeros projetos “blocos de dimensionamento padrão”, quais seriam necessariamente destinados para a indústria específica.
Nossa experiência conclui a real capacidade para implementação de inúmeros projetos, gerando oportunidades de economia e reaproveitamento de matrizes existentes.
Recentemente fizemos a otimização do funcionamento dos moinhos de cimento, onde foram analisados o consumo específico médio de energia elétrica destinada para moagem de cada tipo de cimento.
Detectado e avaliado o consumo de energia separadamente nessa fase do processo, foi possível determinar onde seria a moagem mais eficiente para cada moinho e determinado cimento.
Conforme o supracitado, a consultoria energética é uma prática comum no mercado europeu; ainda não exercida no mercado nacional, sendo aqui dependente de sugestões dos fabricantes de equipamentos.
Seguramente um investimento em um Estudo em Eficiência Energética de qualidade é um dos mais sólidos e rentáveis investimentos que se pode fazer nos dias atuais em qualquer segmento industrial.
*Andréia Jasnievski é gestora Comercial da empresa GCE do Brasil
Fonte: Revista Minérios & Minerales