As notícias sobre a queda acentuada da demanda e dos preços dos metais e do minério de ferro dominam o noticiário da imprensa, somadas aos cortes de produção das três maiores mineradoras globais – BHPB, Vale e Rio Tinto, a inevitável redução dos quadros operacionais e a paralisação das minas de maior custo de extração.

Mas diferentes dos países que são quase que exclusivamente exportadores de commodities minerais, sem aproveitamento significativo no mercado doméstico, China e Brasil ocupam posições diferenciadas. O gigante asiático é de longe detentor do maior mercado doméstico mundial, com mais de 1 bilhão de habitantes, cujo padrão de vida na sua maioria ainda está em busca da primeira geladeira, eletrodomésticos e, para quem pode, do primeiro automóvel. A demanda doméstica da China é a grande esperança da economia mundial, ao lado dos outros membros do BRIC, para compensar em maior ou menor grau a retração nos EUA, Europa e Japão.

O Brasil conta também com um poderoso mercado doméstico, cujo padrão de consumo já se espelha nos países ditos ricos, com forte participação dos eletrônicos, computadores e automóveis produzidos no próprio país. A sólida base industrial brasileira é um bem-vindo fator de equilíbrio para os produtores domésticos de minerais metálicos e não metálicos.

Os não metálicos contam por sua vez ainda com a indústria da construção imobiliária, ávida por atender um déficit habitacional de pelo menos seis milhões de casas. O governo federal já elegeu as obras de infra-estrutura como a principal alavanca para sustentar a atividade econômica no cenário da crise global – embora ainda não conseguido solucionar os gargalos de gestão que impedem a rápida liberação de recursos, para projetos já licitados ou em curso.

Dois governos estaduais – São Paulo e Minas Gerais, de olho nas eleições presidenciais de 2010, já anunciaram ambiciosos programas de obras para os dois últimos anos de administração.

Como vemos, a visão do conjunto revela que a mineração brasileira tem boas condições de manter um nível satisfatório de produção – com exceção das minas dedicadas ao mercado externo que terão que se ajustar à queda na demanda. Não há razão para pânico. A situação demanda maturidade das equipes nas minas e seus líderes para atacar de imediato a redução de custos – que é a matéria de capa a próxima edição da Minérios & Minerales. Passada a euforia recente, as mineradoras voltam ao seu negócio tradicional que é produzir — e não especular pelo próximo ciclo de alta.

Fonte: Anuário Mineral Brasileiro – 2006


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