Apesar dos efeitos negativos da crise econômica, as empresas que exploram o setor mineral no Rio Grande do Norte não deixaram de se interessar pelas riquezas do solo potiguar. Segundo dados da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (Sedec), cerca de 707 áreas estão hoje em prospecção no estado. “Não podemos garantir que todos estes interessados vão investir na exploração, mas sabemos que estão pesquisando o solo”, informa o coordenador do Setor Mineral da Sedec, Otacílio Oziel de Carvalho.
A última avaliação e diagnóstico do setor mineral no Rio Grande do Norte – realizada em 2005 e que está sendo atualizada pelo governo do estado – mostra que o estado possui uma grande variedade de materiais passíveis de exploração econômica. Cerca de 25 deles são explorados. O levantamento apresenta que a exploração dos recursos minerais no RN movimentaram cerca de R$ 1,8 bilhão em 2000, montante que representou 19,87% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado naquele ano.
O interesse constante dos empresários do setor é confirmado pelo Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM) do Ministério das Minas e Energia que possui hoje cerca de 7 mil processos em andamento para o setor no Rio Grande do Norte. “Hoje não é possível dizer quantas empresas estão em atuação no estado porque, diariamente, entram interessados. Mas, em um número chutado, poderíamos estimar cerca de 200 empresas investindo”, declara o chefe do DNPM no estado, Carlos Magno Bezerra Cortez.
Segundo ele, o investimento aumentou bastante principalmente na área de exploração de calcário, rochas ornamentais e minério de ferro. Cortez explica que a crise econômica fez com que os empresários reduzissem seu rimo, mas não trouxe desistências. Ele cita como exemplo, uma mina de ouro que está para ser explorada no estado. O processo já está aprovado e as expectativas estavam para ser anunciadas, porém os investidores recuaram devido o momento para não criar expectativas.
Crise
Para o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, José Rufino Júnior, a crise não trará desaceleração para todas as empresas. “O que estamos vendo na secretaria é que, enquanto alguns estão restringindo seus investimentos, outros estão se instalando. Alguns perdem, outros ganham”.Ele cita como exemplo a mineradora Mhag, que explora o minério de ferro na Mina do Bonito em Jucurutu. “É uma empresa que, apesar da crise, está investindo e tem planos de expansão”. De acordo com o secretário, na semana passada, os diretores da empresa trouxeram ao governo do estado pleitos de infra-estrutura para que possam realizar a expansão que planejam.
Potencial
Otacílio de Carvalho analisa que o Rio Grande do Norte possui alguns diferenciais que ajudam a atrair as empresas. O principal é a existência de algumas matérias-primas com abundância. Ele cita como exemplo a produção de porcelanato, que será iniciada pelo Grupo Itagres/Porcellanati. “O estado possui pelo menos três matérias-primas importantes para as fábricas que vêm se instalar aqui”.
A ideia agora é procurar diversificar os serviços. Ainda no caso do porcelanato, Carvalho lembra que – devido a vinda da Porcellanati para Mossoró – uma outra empresa, que produz o material de acabamento destes pisos, se instalou também no RN.
Itagres define instalação de fábrica
Após idas e vindas, o Grupo Itagres apresentou esta semana seu novo cronograma de instalação da fábrica Porcellanati em Mossoró. A empresa – destaque nacional em revestimentos cerâmicos – enfrentou problemas burocráticos para a compra de equipamentos e ainda aguardava o cumprimento de medidas prometidas pelo governo para poder colocar em funcionamento o investimento de R$ 110 milhões. Serão gerados 1 mil empregos na região.
A empresa pretende exportar cerca de 50% de sua produção, segundo informações do diretor John Victor Mueller, que se reuniu esta semana com a governadora Wilma de Faria. O secretário José Rufino Júnior afirma que todas as solicitações da empresa já foram atendidas.
Governo do Rio Grande do Norte oferece incentivos fiscais à exploração
Boa parte das empresas exploradoras de minérios no Rio Grande do Norte recebem hoje incentivos governamentais para sua instalação. Segundo dados da Sedec, R$ 243,5 milhões estão sendo oferecidos a empresas do setor mineral através do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Industrial do Estado (Proadi). Na cifra estão incluídos os novos contratos e as prorrogações.
O volume de empregos gerados através destas empresas está em torno de 528 vagas, número que pode ser muito maior, de acordo com o coordenador Mineral, Otacílio de Carvalho. Isso porque a quantidade é medida através do projeto apresentado ao governo porém as contratações aumentam com o tempo.
Além dos incentivos do Proadi, o governo está trabalhando também com dois projetos para apoiar pequenos exploradores. O primeiro deles é o Projeto Quartzito, no município de Ouro Branco. A rocha é utilizada na produção de peças de revestimento rústico utilizadas em muros ou pisos externos, mas pode ter valor agregado se tratada da maneira adequada. “Este é um dos projetos que considero mais importantes porque trará benefício justamente para o pequeno explorador”.
A iniciativa beneficia 350 pessoas que recebem salários de aproximadamente R$ 500. Com os equipamentos e capacitação oferecidos em parceria com o governo e o Ministério da Integração – um investimento de R$ 578 mil – a remuneração destes trabalhadores poderá ser ampliada em até 40%.
Outro projeto está instalado em Currais Novos para a extração de pegmatito, uma rocha que agrega vários componentes de valor comercial. O projeto está começando agora e tem previsão de ser instalado em três meses para beneficiar cerca de 250 mineradores. Uma licitação está sendo feita para a compra de equipamentos como picaretas, explosivo e carros de transporte para a produção.
Fonte: Padrão
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