Em resposta à queda da demanda da indústria, a produção mundial de aço deve seguir fraca em 2009, ao menos no primeiro trimestre, em linha com os números registrados nos últimos meses do ano passado. Os especialistas só esperam algum aumento mais expressivo na produção siderúrgica nos trimestres seguintes.

Conforme projeção do banco Citi, a produção global de aço no acumulado de 2009 deve cair 8%, passando de 1,346 bilhão de toneladas para 1,237 bilhão de toneladas. Em 2010, a previsão é de 1,25 bilhão de toneladas de aço bruto, o que representaria recuperação de 1%.

Em 2008, a produção começou a se retrair no início do segundo semestre, com o agravamento da crise mundial. Em dezembro, a produção de aço somou 84,4 milhões de toneladas, volume 30% menor do que em maio, que havia sido o melhor mês do ano, quando foram produzidas 119,9 milhões de toneladas. No acumulado do ano, a produção global caiu 1,2%, bem abaixo da previsão inicial de crescimento de 6,8%, feita pela Associação Mundial do Aço.

Apesar de negativa para o setor, a queda da produção faz parte de um esforço das siderúrgicas para
tentar conter a queda dos preços. Até o momento, essa estratégia foi bem sucedida, uma vez que os
preços começaram a apresentar uma recuperação em janeiro na Ásia, na Europa e nos Estados
Unidos, o que significa a primeira alta desde o segundo semestre.

Recuperação de preços
Segundo analistas, esta recuperação nos preços é uma evidência de que existe espaço para o
consumo se recuperar parcialmente nos próximos meses. Outro indicador de que o mercado pode
melhorar ao longo do ano é o fato de que a produção na China cresceu 11% em dezembro ante
novembro, passando de 35 milhões de toneladas para 39 milhões de toneladas.

Para as mineradoras, o ano também deve ser desafiador. Atentos à queda de demanda da siderurgia,
os maiores produtores de minério anunciaram expressivos cortes na oferta no ano passado. A
brasileira Vale reduziu sua produção de minério em 30 milhões de toneladas no ano passado,
equivalente a 9,5% da sua produção, além de ter diminuído a produção de níquel e pelotas de ferro.
Estas medidas levaram à demissão de 1,3 mil funcionários no Brasil e no exterior.

Na visão de especialistas, novos cortes serão necessários em 2009 para equilibrar oferta e demanda
neste mercado. O preço do minério, negociado anualmente entre as mineradoras e seus clientes, deve
ter a sua primeira retração em 2009, devolvendo parte dos 370% de ganhos acumulados nos cinco
anos anteriores. O Citi prevê uma queda de 30% nos preços do insumo neste ano, e uma redução
adicional de 10% em 2010. Os mais pessimistas preveem um recuo de até 50% no preço do minério
em 2009.