Alterações do meio físico, desmatamentos e erosão, contaminação dos corpos hídricos, aumento da dispersão dos metais pesados, mudança na paisagem do solo e comprometimento da flora e fauna. Esse são os principais efeitos ambientais constatados por uma extensa pesquisa, que durou três e resultou no “Recursos Minerais e Comunidade: impactos humanos, socioambientais e econômicos”, editado pelo Centro de Tecnologia Mineral (Cetem/MCTI). O estudo também constatou que o minério de ferro e o ouro são os minerais que mais contribuíram para os efeitos da mineração sobre o patrimônio natural e a vida das populações, consequência do funcionamento de três mil minas e nove mil mineradoras, além de centenas de garimpos legais e clandestinos.

Em 380 páginas, recheadas de gráficos e mapas, a obra relata o estudo de caso de 105 territórios que sofreram os impactos da atividade mineradora, em 22 estados brasileiros, nas cinco regiões. Minas Gerais, onde se iniciou a mineração no Brasil, foi o estado com mais casos avaliados. O Pará, considerado hoje a nova fronteira da mineração no país, ficou em segundo, seguido da Bahia, que está despontando com a atração de novos investimentos.

O objetivo do livro, que será lançado na sede do Cetem, dia 14 de novembro, no Rio, além de mostrar o retrato da realidade da ação do setor mineral, é sensibilizar a população, órgãos públicos e empresariado para a necessidade de adoção de práticas de sustentabilidade. O setor mineral, que compreende mineração, metalurgia e transformação mineral de não metálicos, emprega cerca de 200 mil trabalhadores, é responsável por 4% do PIB, com investimentos programados de US$ 75 bilhões entre 2012 a 2016.

O trabalhado desenvolvido pelos pesquisadores do Cetem reúne 1.500 documentos, catalogados a partir de consulta na internet, bibliotecas e instituições de pesquisa, meios impressos, teses e dissertações, relatórios acadêmicos e técnicos, artigos em periódicos, congressos, notícias e reportagens, ações do Ministério Público ou em processos na Justiça. Em cada estudo do livro, coordenado pelo pesquisador Francisco Rego Chaves Fernandes, consta a apresentação do caso, a localização geográfica, o mineral extraído, os efeitos ambientais e socioeconômicos que provoca, e as referências bibliográficas.

A obra dá a dimensão do passivo ambiental provocado por minas em implantação, em funcionamento, inativas e abandonadas, produto da mineração ininterrupta exercida há mais de 500 anos. Quanto aos impactos socioeconômicos, que afetam diretamente a qualidade de vida das populações nas áreas mineradas, as doenças destacam-se como os mais significativos, com 60 casos relatados, o equivalente a mais da metade dos estudos realizados.

O estudo estará disponível no Banco de Dados do projeto, no site do Cetem, para livre consulta, a partir do dia 14 de novembro: https://www.cetem.gov.br/

Fonte: Redação MM