"Como uma fênix, a companhia ressurge agora em seu melhor momento desde sua criação, em 1996, mesmo se internacionalmente o cenário econômico é complicado."
Assim resumiu Luiz Antonio de Souza Queiroz Ferraz Junior, presidente recém-empossado da Paranapanema SA, a operação de venda do negócio de estanho do grupo, em uma transação da ordem dos R$ 850 milhões. A controlada Mineração Taboca e sua subsidiária Mamoré Mineração e Metalurgia foram vendidas à Serra da Madeira Participações, da mineradora peruana Minsur. Com a notícia, as ações ON da companhia subiram 10% no pregão de ontem na Bovespa e encerram o dia cotadas a R$ 5,60.
O valor da operação ainda está sujeito a ajustes, conforme informou a companhia em comunicado. De qualquer forma, os recursos que entrarão nos cofres do grupo serão suficientes para pagar as debêntures emitidas desde 2006, como parte do programa de reestruturação financeira, que totalizam R$ 480 milhões. "O intuito é equacionar a dívida não-operacional, o que deve acontecer em 45 dias", afirmou o Ferraz Jr., que desde maio de 2005 era diretor financeiro e de gestão da companhia da Paranapanema e de suas controladas e em meados de agosto assumiu a cadeira de principal executivo da empresa.
"Desde o princípio sabíamos que deveríamos vender algum ativo para equacionar a dívida", disse. A companhia deverá gastar R$ 240 milhões para quitar as debêntures, já que o acordo feito com os debenturistas prevê que a cada R$ 1 pago outro R$1 é convertido em ações.
O restante dos recursos, disse Ferraz Jr, ficará à disposição da companhia para os projetos futuros. Em relatório ao mercado por ocasião da divulgação dos resultados do segundo trimestre, a Paranapanema afirmava querer realizar parcerias estratégicas e investimentos com vistas ao fortalecimento da empresa. "Os acionistas ainda devem decidir quais os caminhos a companhia deve trilhar, mas nós não podemos abandonar os projetos", afirmou.
O grupo também detém a Mineração Caraíba, produtora de cobre refinado, vergalhões e fios de cobre; a Eluma, produtora de semi-elaborados de cobre (laminados, barras, tubos e conexões), e a Cibrafértil, produtora de superfosfatos usados na produção de fertilizantes. Anteriormente se comentava que esta última companhia estaria a venda e a Paranapanema concentraria seus esforços na cadeia do cobre.
A Taboca se dedica à extração de cassiterita e à produção de concentrado de estanho e metalurgia de estanho e outras ligas de ferro, nióbio e tântalo. Somente no primeiro semestre deste ano, a receita bruta da empresa cresceu 11%, para R$ 154,2 milhões, o que representou 6,5% do total do grupo Paranapanema, de R$ 2,35 bilhão. Já a Mamoré Mineração, na qual a Taboca possui 100% desde 2004, realiza as operações metalúrgicas de estanho. A empresa estava sendo negociada desde dezembro de 2007, informou Ferraz.
Entre as empresas interessadas estiveram, além da Minsur, a MMX Mineração e Metálicos, do empresário Eike Baptista, e a Amazon Pesquisa Mineral e Mineração. A Minsur é principal produtora de estanho do Peru e responsável por 12% da extração desse mineral no mundo.
Até agora, não tinha operação no Brasil. Além de manter a produção da mina, que está em fase final de expansão, a companhia deve iniciar estudos para a exploração de outros minerais presentes ali, como rádio, índio, cromita e criolita. Uma vez explorados, a Paranapanema terá direito a receber royalties sobre essa produção. "Deve render uma valor interessante", disse Ferraz Jr, sem revelar qualquer projeção de valores.
Fonte: Padrão
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