Esta é uma pergunta que não quer se calar perante às mineradoras dos quatro continentes, porque na década passada a bonança toda foi gerada pelas economias emergentes, tendo à frente a China, cuja demanda em alta acelerada gerou também os picos de preços dascommoditiesminerais, enquanto os custos de manufatura industrial e da mão de obra declinavam.

Analistas econômicos de prestígio, como a revista britânica The Economist, acreditam que sim. Os países emergentes vão continuar crescendo, para atender às necessidades da sua população, mas a taxas módicas ao invés dos percentuais anuais de dois dígitos. A China, que lidera o BRIC, teve um crescimento econômico de 14,2 % em 2007, a Índia atingiu 10,1 %, a Rússia alcançou 8,5 % e Brasil ficou em 6,5 %. Para esse ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o PIB desses países vá avançar 7,8 % e 5,6 %, no caso chinês e indiano, respectivamente, e apenas 2,5 % no cenário russo e brasileiro.

O BRIC respondia por dois terços da expansão econômica global em 2008, caindo para 50 % por volta de 2011 e desceu abaixo desse patamar em 2012. O FMI prevê que este nível de crescimento modesto se mantenha provavelmente nos próximos cinco anos.

Este novo ciclo de crescimento moderado encontra esses países protegidos por um colchão de divisas – a China tem reservas no total de US$ 3,5 trilhões e o Brasil tem US$ 374,417 milhões. Esta montanha de divisas é que permitiu segurar a taxa de câmbio de suas moedas e manter as suas exportações competitivas por anos a fio. O total de divisas acumulado pelo BRIC chega a US$4,6 trilhões.

A rendaper capitadesses países também seguiu em alta (ver quadro) e a chegada de centenas de milhões de novos consumidores ao mercado significa que eles ainda vão comprar sua primeira geladeira, televisor, computador – quem sabe até o primeiro automóvel – com alguns acessórios de luxo, porque o carro básico e desprovido de conforto não conseguiu vender bem nem na Índia, quando foi lançado o Nano – que até agora não emplacou.

Os automóveis elétricos puros ainda precisam de anos para alcançar a sonhada autonomia em quilometragem. Os motores de combustão, cada vez mais eficientes e leves, vão continuar a reinar. O petróleo, pela primeira vez, encontra um oponente à altura – o gás natural de xisto, inclusive para uso veicular num futuro previsível.

Pode ser que a era do crescimento dos emergentes em dois dígitos anuais tenha chegado ao fim. Contudo, mais de dois terços da humanidade ainda precisam adquirir um padrão mínimo de qualidade de vida. A mineração global vai continuar suprindo os minerais e metais indispensáveis, talvez sem as altas exageradas de preço que são insustentáveis a longo prazo. Isso implica que a redução de custos na mina e planta continuará como prioridade, onipresente como um mantra indiano.