Cedro Participações arrematou a área ITG02 no Porto de Itaguaí (RJ), onde será instalado um novo terminal de minério, leiloado nesta quarta-feira (18/12) na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) pela PortosRio, estatal federal responsável pela gestão dos portos públicos do Rio de Janeiro. Sem concorrentes, a empresa vencedora ofereceu proposta de R$ 1 milhão pela outorga.
A área arrendada exigirá R$ 3,53 bilhões em investimentos ao longo dos 35 anos de concessão. É o maior montante de investimentos do gênero para esse tipo de concessão. Até então, o maior valor investido em arrendamento de áreas públicas portuárias foi o terminal de grãos do Porto de Paranaguá, leiloado em 2023, com investimentos previstos de R$ 910 milhões.
Com 348.937 m², a área ITG02 será destinada à implantação de um terminal especializado na movimentação e armazenagem de granéis sólidos minerais. O local do projeto é chamado de área do meio, porque está entre os terminais da Vale e da CSN, que não puderam se candidatar ao leilão, por questões concorrenciais. Ambas empresas movimentam, juntas, cerca de 53 milhões de toneladas anuais de minério, destinadas, em sua maioria, à Ásia.
A área arrematada pela Cedro Participações é um empreendimento novo, que terá de ser construído do zero. Segundo a PortosRio, o futuro terminal terá capacidade para movimentar cerca de 20 milhões de toneladas por ano. Com o novo terminal, o Porto de Itaguaí se tornará o principal polo exportador de minério de ferro do País.
Segundo Francisco Martins, presidente da PortosRio, a área ITG02 será crucial para ampliar a infraestrutura portuária do Rio de Janeiro e garantir o escoamento da produção de minério de Minas Gerais. Com a nova área, o Porto de Itaguaí se consolidará com um hub de exportação de minério, com movimentação de cerca de 100 milhões de toneladas anuais. “Esse terminal representará não apenas um aumento expressivo na capacidade de movimentação do Porto de Itaguaí, mas também será um motor de desenvolvimento socioeconômico para a região, com a geração de milhares de empregos e o incremento na arrecadação de tributos”, afirmou Martins, em nota.
De acordo com o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA), aproximadamente 2.800 empregos indiretos serão gerados durante a construção do terminal e mais 2.000 empregos diretos e indiretos durante sua operação. Além disso, a arrecadação de Imposto Sobre Serviço (ISS) para o município de Itaguaí pode atingir R$ 1,2 bilhão ao longo dos 35 anos de contrato.
Segundo Martins, a Autoridade Portuária tomou todas as medidas necessárias para assegurar que a futura arrendatária implemente práticas sustentáveis no projeto, tornando-o um exemplo de eficiência e responsabilidade ambiental. “Estamos focados em modernizar nossos portos e garantir que eles sejam competitivos globalmente, enquanto promovemos o crescimento sustentável do Estado e do Brasil”, assinala.
As empresas do grupo Cedro Participações atuam em diversos setores da economia, produzindo e comercializando minério de ferro, café e grãos e biomedicamentos. Também desenvolve projetos imobiliários para empresas, áreas para a agricultura e pecuária e projetos imobiliários de alto padrão, como condomínios de luxo.
Outros terminais menores também foram leiloados
Mais dois ativos portuários (chamados de MCP03 e MAC16), de menor escala, também foram leiloados nesta quarta-feira. Localizado em Santana (AP), o MCP03 é voltado ao manuseio de granéis sólidos, com foco principal na movimentação de soja e milho. O lance vencedor foi dado pela Rocha Granéis Sólidos de Exportação, que ofereceu R$ 58 milhões pela outorga. Com duração de 25 anos, o contrato do MCP 03 prevê um investimento total de R$ 89 milhões. Essa área do Porto de Santana é considerada estratégica para o desenvolvimento do Arco Norte.
O terminal, que já opera atualmente, terá sua área expandida de 4,9 mil m² para cerca de 11,7 mil m², mais que dobrando sua capacidade. Além disso, estão previstas a construção de novos silos e outras melhorias. Atualmente, a área é operada pela Companhia Norte de Navegações e Portos (Cianport).
Já o leilão do terminal em Maceió (AL), identificado como MAC16, foi vencido pelo Consórcio Britto-Macelog, que apresentou proposta de outorga de R$ 1,45 milhão. Esse terminal é destinado ao transporte de granéis sólidos minerais, especialmente concentrado de cobre. O novo contrato, que terá duração inicial de cinco anos com possibilidade de prorrogação, prevê investimentos de R$ 6,1 milhões em melhorias estruturais.
Esses leilões foram os últimos do ano. Para 2025, a previsão do Ministério de Portos e Aeroportos é que sejam realizados 20 arrendamentos e uma concessão, com investimentos de R$ 8,54 bilhões. Já no primeiro trimestre do próximo ano, o ministério anunciou que deverão ser leiloadas áreas estratégicas dos portos de Paranaguá (PR), Santos (SP) e Rio de Janeiro (RJ). Mais 17 arrendamentos e quatro concessões devem acontecer em 2026, com estimativa de R$ 5,91 bilhões de aportes. No total, o ministério estima que, entre 2024 e 2026, sejam leiloados 55 empreendimentos no setor, com investimentos na casa dos R$ 20 bilhões.