Está sendo testada no Brasil, em duas mineradoras localizadas em Minas Gerais, uma tecnologia que promete reduzir em até 90% a poeira gerada por grandes indústrias – entre elas, mineradoras, agroindústrias e siderúrgicas. Fabricada pela israelense Nano Z, a Ecoplatform é uma manta produzida com fibras de coco que se apresenta como uma alternativa ao uso de caminhões-pipa para reduzir a poeira das estradas de serviço nas minas.
É um substrato feito de uma mistura única de nanomateriais e elementos ecológicos, solução verde de última geração com materiais 100% biodegradáveis e não inflamáveis. A Nano Z investiu cerca de US$ 600 mil em pesquisa, que demorou cerca de quatro anos até chegar à Ecoplatform que, em contato com a via não-pavimentada, suprime a poeira sem desperdício de água.
“Nosso produto traz boas notícias para a indústria de mineração pois oferece soluções para redução de poeira, de acordo com as práticas de ESG, e de economia de água. O mundo todo fala a respeito do programa Net Zero na mineração (zero emissões líquidas de carbono) que compromisso de zerar a poluição até 2050. Nosso produto contribui para esta redução”, destaca o israelense Ronen Yona, CEO de operações da Nano Z.
A parte têxtil é produzida na Índia e o projeto piloto foi implantado com sucesso em uma unidade industrial de cimento, em Jerusalém – país onde, reconhecidamente, há falta de água . “Desenvolvemos o projeto com o objetivo de conter poeira com redução de água. A trama forma a manta. E a tecnologia para saber qual a espessura de cada trama, da corda, de que maneira trançar, deu uma resistência que aguenta caminhão, máquinas em cima sem romper e segurando a água”.
A Nano Z está fazendo testes em duas mineradoras neste início de agosto (AMG e Anglo American), que, de acordo com o diretor de novos negócios da empresa, o brasileiro Gabriel Eigner, têm cenários e solos completamente diferentes. Uma delas apresenta um solo com muitas pedras, enquanto na outra é liso. Uma tem aclives e declives, a outra não. Diferenças que são determinantes no custo de instalação da manta.
“Não é um produto de prateleira, é customizado de acordo com o cliente. O valor é calculado levando em conta o que chamamos de ‘calculadora da poeira’, que reúne uma série de variáveis para poder apresentar uma proposta para a empresa”, salienta. “É uma solução mais econômica e mais funcional do que qualquer outra”
No primeiro teste, realizado na AMG durante três dias, foram necessárias quatro horas para montar uma pista com 180 metros de comprimento e seis de largura. O teste pode ser feito no tamanho que o cliente quiser – o mínimo a ser utilizado deve ser o equivalente a um contêiner (1.800 m2). Já na Anglo, a pista é mais curta e mais larga, por onde circulam caminhões de oito a nove metros de largura.
No teste realizado na AMG, foi constatada a redução de 90% na emissão de particulados, índice que será atestado no relatório final – as medições foram realizadas por uma empresa terceirizada – que deve ficar pronto até o fim deste mês.
Gabriel Eigner também explica que, enquanto nas operações com caminhões-pipa é preciso jogar água algumas vezes por dia, o Ecoplatform precisa ser molhado uma vez a cada três ou quatro dias – quatro litros por metro quadrado -, dependendo da indústria.
“Ele tem uma capacidade de absorção. A pista fica sempre úmida, pois o coco tem capacidade higroscópica: ele retém a água. O caminhão passa em cima e não gera poeira”, salientou o diretor de novos negócios da Nano-Z, que destacou, também, outros benefícios, como a saúde das pessoas que trabalham e moram no entorno da planta, impacto ambiental e economia de água.
O Ecoplatform foi concebido, inicialmente, para a mineração, mas pode ser aplicado em cidades, agronegócios, usinas, reflorestamento e em estradas entre cidades. O produto é fornecido em rolos, cada um tem dez metros de comprimento por 2,20m de largura e cerca de 80 quilos – “pode ser carregado por três pessoas facilmente”, avisa Gabriel Eigner. Para fazer a emenda, são necessários 20 centímetros de sobreposição.
O cartão de visitas da Nano Z foi apresentado na última edição da Exposibram, quando os benefícios do Ecoplatform foram vistos pela primeira vez pelo mercado no Brasil. Após algumas rodadas de conversa, a empresa acertou em realizar os primeiros testes nas duas mineradoras que ficam em Minas Gerais.
Solução para produtos estáticos
Além do Ecoplatform, desenvolvido para produtos em pista, a Nano Z também fabrica o FDC 1000, para produtos estáticos. Trata-se de um composto biodegradável à base de água, inodoro e totalmente transparente, que é aplicado como uma camada de revestimento muito fina que endurece a camada superior da superfície. Uma camada de membrana molecular que estabiliza e protege o material revestido, não permitindo que o vento levante as partículas do material no ar.
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