Quando a revista Minérios & Minerales recebeu a seleção feita pelo júri independente sobre os trabalhos ganhadores do 19º Prêmio de Excelência da Indústria Minero- Metalúrgica, a emoção foi genuína. Quem nos transmite esse sentimento são os próprios jurados – engenheiro José Mendo Mizael de Souza, e os professores Artur Pinto Chaves e Rotenio Castelo Chaves Filho -, com seus comentários anotados na margem dos projetos participantes, vindos de minas grandes e pequenas de todo o País.

Os elogios vão para os autores que atuam em diferentes funções nos quadros operacionais das mineradoras
— do gerente ao funcionário da linha de frente, que se reuniram em projetos de equipe para materializar soluções inovadoras. Só a inovação é capaz de romper as práticas estratificadas pela rotina e seus custos engessados.
Assim, o supervisor de topografia Marcus Bicelli e o topógrafo Adauto Santos desenvolveram a quatro mãos o dispositivo de centragem forçada para marcação de galerias no subsolo, na mina de Jacobina, na Bahia, que substituiu o trabalho manual até então feito em altura (no teto da seção) e vulnerável a erros frequentes.
O transporte dentro da mina não precisa mais ser interrompido, para o controle das poligonais. O projeto de manutenção compartilhada de plantas de beneficiamento, da Gerdau Mining, envolveu nada menos do que dez profissionais, oriundos de setores de operação, manutenção, inspeção e beneficiamento. Ao criar a função de operador mantenedor, dentro de um conjunto de medidas para somar competências, foi possível atingir um aumento de produtividade de 30% (t/homem/ano) nesta
atividade.
Outro projeto que impressiona pela mobilização que na prática abrangeu todo o quadro de funcionários é o da Vanádio de Maracás, controlada pela canadense Largo Resources. Liderada por seu presidente, Paulo Misk, a equipe reestruturada superou problemas técnicos na operação do complexo químico industrial, pressionada ainda por uma queda de preço de 52% do vanádio em 2015 — equivalente a apenas 38% do preço de referência nos estudos de viabilidade do projeto.
Entre as medidas tomadas estavam a integração entre as áreas operacionais, ao se entender a importância dos produtos intermediários na qualidade dos produtos finais; e o controle de custos focado no empowerment dos responsáveis e uma governança ágil centrada nas metas.
Em saúde ocupacional, Nayara Cristina de Souza, fisioterapeuta, e Vivianny Fatima Oliveira, enfermeira, pertencentes a esse setor específico da Anglo American Minério de Ferro, na unidade Conceição do Mato Dentro (MG), desenvolveram o estudo sobre Ergonomia Multidisciplinar visando à prevenção de lesões potenciais dos lubrificadores que atuam na manutenção da frota de equipamentos da empresa.
O número de funcionários afastados por lesão muscular em 2016 ficou abaixo do ano anterior, o que mostra o acerto das medidas implementadas.
Em engenharia ambiental, Luciana Teixeira, supervisora de saúde, segurança e meio ambiente da Mineração Apoena, o engenheiro florestal Pericles Botelho, o técnico João Carlos Ramão e o geólogo Josemar Silva desenvolveram com o sucesso o programa para recuperação vegetal do depósito de estéril, plantando-se mudas nativas do cerrado, obtendo uma economia substancial se comparado a hidro-semeadura.
Esses são alguns exemplos dos projetos recebidos este ano. Parabéns a todos os ganhadores do 19º Prêmio de Excelência da revista Minérios & Minerales. Eles mostram mais uma vez que a criatividade humana – especialmente em trabalhos de equipe – extrai o melhor da tecnologia, que é uma mera ferramenta à disposição do profissional de mineração — valiosa, sem dúvida, mas não autossuficiente por si.