Trabalho avalia programa de gestão de SST implementadona Votorantim Cimentos
A Segurança do Trabalho na Mineração é um grande desafio de gestão para as empresas e para os profissionais que atuam nesta área. Por tratar-se de grau de risco máximo relacionado à Segurança, devemos possuir ferramentas de controle que minimizem ao máximo “surpresas” e que tenhamos melhoria contínua nos indicadores de desempenho.
Desenvolvemos um modelo de gestão de SST nas unidades de agregados da Votorantim Cimentos a partir de 2012, onde estabelecemos quais procedimentos iríamos elaborar ou revisar, com o devido acompanhamento de implantação via auditorias internas e checando e agindo em ações de melhoria contínua.
A pequena disponibilidade de investimento estrutural no negócio, nos fez optar por um caminho mais acentuado da Gestão Comportamental de SST. Após dois anos do início deste projeto, podemos demonstrar através de indicadores de performance que a opção pelo enfoque na Gestão Comportamental de SST foi o melhor caminho, onde estamos sem acidente fatal no Negócio desde 2012, reduzimos a taxa de gravidade em 2012 de 175 para 25 em 2014 e reduzimos a taxa de frequência CPT em 2012 de 2,21 para 0,81 em 2014.
Nas empresas com baixa cultura de segurança, é comum escutarmos quando ocorre um acidente: “nós nesta empresa cumprimos toda a lei”. Do outro lado, poderíamos fazer o seguinte questionamento: “se sua Empresa cumpre todas as leis, porque ocorrem acidentes aqui”.
Este exemplo simples serve somente para demonstrarmos neste trabalho, porque a gestão do negócio agregados da Votorantim Cimentos colocou como pilar principal a questão comportamental e cultural de Segurança no seu Sistema de Gestão desde 2012.
A gestão de SST nas unidades abrange aproximadamente 650 colaboradores diretos e 250 colaboradores indiretos. Em julho de 2012, iniciamos o projeto de gestão comportamental no negócio agregados da Votorantim Cimentos. Neste período realizamos primeiramente um diagnóstico legal, para garantir exclusivamente a operação das unidades e, em conjunto, um diagnóstico de gestão, para conhecermos que padrões ou procedimentos tínhamos, utilizávamos efetivamente, e em que nível de qualidade estavam estas referências. Esta etapa durou aproximadamente dois meses e alcançou todas as 14 unidades do Brasil.
Problemas principais:
Não atendimento ao mínimo aceitável em relação a Legislação aplicável: ausência/deficiência de Programa de Gerenciamento de Riscos, Plano de Trânsito, Plano de Emergência, Procedimentos de SST, NR 6, NR 10 e NR 12 com necessidades de melhorias entre outros itens legais;
Ausência total de procedimentos padronizados no Negócio;
Processo de comunicação ineficaz entre Unidades e sem nenhuma ferramenta de Gestão Comportamental para mudança de cultura de SST;
Gestão de SST individualizada conforme necessidades pontuais das Unidades.
Durante o processo de diagnóstico (julho e agosto/2012), implantamos um programa de comunicação eficaz de eventos que garantiu a chegada das informações de acidentes e incidentes em todas unidades no prazo máximo de 24h do ocorrido. Esta ação permitiu de forma indireta sensibilizar as lideranças que nossos resultados não eram bons e iniciamos a prática de aprendizado com a disseminação das ações corretivas e informações dos eventos.
Neste mesmo período, como forma de implantar o “senso de dono” decidimos em conjunto com nossa diretoria que qualquer evento com gravidade ou potencial de gravidade acima de 3, deveríamos convocar audioconferência com todos os gestores e líderes, e o gestor da unidade de ocorrência faria uma apresentação resumida dos motivos que permitiram a ocorrência do eventos e que ações corretivas foram tomadas para evitar recorrência, tanto na Unidade como nas demais.
Esta iniciativa permitiu que as Lideranças começassem a trabalhar mais proximamente da área de SST e mudou significativamente a postura de nossos líderes na gestão de sua rotina, incluindo Segurança do Trabalho de forma efetiva.
No mês de setembro de 2012 convocamos todos os profissionais de SST para um workshop de três dias em São Paulo com os seguintes objetivos: mostrar o cenário que tínhamos em relação a indicadores e procedimentos; observar o comportamento de grupo dos profissionais; iniciar a formação do sentido de equipe; revisar e estabelecer com urgência quais padrões/procedimentos iríamos efetivamente utilizar em nossa gestão.
Tivemos a evidência clara que não tínhamos nenhum procedimento de SST efetivamente padronizado e utilizado integralmente em nossas operações, bem como, nenhuma ferramenta comportamental para verificação do comportamento de nossos Colaboradores durante execução das tarefas em campo. Assim sendo, traçamos a meta de elaborar os seguintes padrões conforme relação a seguir:
Ainda durante o I Workshop, traçamos os conceitos que desejámos nos nossos procedimentos e tivemos absoluto cuidado de criar ferramentas de gestão que efetivamente iríamos utilizar, que fossem amigáveis, que atendessem a legislação e principalmente que pudessem mudar positivamente o comportamento de nosso pessoal nas questões de Segurança e Saúde Ocupacional.
Fato importante nesta elaboração de padrões é que fizemos com toda anuência dos Gestores das Unidades, onde além de receber sugestões significativas de qualidade, minimizamos o risco de resistência durante a efetiva implantação. No período de setembro a novembro de 2012 finalizamos a elaboração dos padrões e passamos para a fase de treinamentos em todas as unidades, etapa esta concluída em dezembro de 2012.
Sem deixar de lado a importância de gerir o cumprimento aos requisitos legais, neste mesmo período obtivemos aprovação de verba para revisão de nossos documentos (PGR, LTCAT, PCMSO, Laudo Ergonômico, Laudo de Periculosidade e Laudo de Insalubridade). Relevante destaque é que não tínha
mos verba orçada para esta etapa, porém nossa diretoria buscou recursos o que já demonstrava crédito no Plano que estávamos traçando e sinais de mudança de comportamento de nossos líderes. O montante desta etapa passou de R$ 400.000 e foi concluída em Julho/2013.
Em novembro de 2012 a empresa promoveu treinamento de Sensibilização de SST para toda a sua liderança, com o objetivo de iniciar a mudança de postura de seus líderes em relação à segurança do trabalho.
Apesar de não termos realizado nenhum estudo científico de medição de cultura, fizemos repetidamente a seguinte pergunta durante nossos treinamentos de sensibilização: “como base nos exemplos de acidentes ocorridos em nosso negócio e nos desvios que observamos em campo, em que “região” cultural vocês acham que estamos?
Foi unânime a resposta que tínhamos uma “Cultura Dependente” e que realmente precisaríamos mudar nossa postura para obter resultados melhores.
Neste período conseguimos também a aprovação em nosso calendário anual, da realização de workshop de SST, com ocorrência duas vezes por ano. Definimos um evento em todo início de ano e outro evento no início do segundo semestre. Esta etapa vem mudando significativamente a postura de nossa equipe técnica de segurança do trabalho, que passou a ter maior visibilidade e ser reconhecida como parte importante e fundamental na melhoria de nossos indicadores. Neste momento (janeiro/2015) estamos prestes a realizar o VIII Workshop de SST.
Com nossas Lideranças devidamente “sensibilizadas” em relação ao papel fundamental de dono e exemplo, iniciamos em janeiro de 2013 a utilização de ferramenta de auditoria comportamental em nossos processos.
Primeiramente estabelecemos o procedimento e posteriormente treinamos os auditores, com presença obrigatória nestes, os líderes das unidades. A auditoria comportamental implantada teve como base ferramentas consagrada de mercado.
Em 2013 fizemos o primeiro esforço para implantar o Programa 5S em todo o negócio. Treinamos todos os colaboradores e iniciamos o processo. Porém, somente em dezembro de 2014, conseguimos efetivamente auditar o programa, contando com auditoria externa e independente.
Nosso resultado foi bastante motivado: obtenção em todas as unidades do negócio o 1º S em todas as áreas auditadas (senso de seleção). Em 2015, o programa terá meta mais desafiadora e este já faz parte do DNA do negócio. Meta 2015 – obtenção do 3º S do Programa (senso de limpeza) em todas unidades.
Outro indicador que tivemos melhora significativa, foi no clima de segurança. Em 2012 em pesquisa de clima liderada pela área de Recursos Humanos da empresa, tivemos a dura realidade demonstrada que a Votorantim Cimentos em 48% do público pesquisado não tinha preocupação efetiva com a segurança de seus colaboradores, ou eles não percebiam tal preocupação. Em 2014, tivemos um resultado totalmente diferente, 82% do público pesquisado percebeu preocupação efetiva da Votorantim Cimentos com as questões de SST, demonstrando que nossas decisões estão no caminho correto.
Em janeiro de 2015 aprovamos Projeto de SST que reforça o pilar de melhoria das instalações, contribuindo firmemente para termos um ambiente de trabalho mais seguro. As etapas anuais estão descritas a seguir e serão realizadas em todas unidades:
2015 – Adequação da sinalização de SST, instalação e manutenção dos dispositivos de paradas de emergência dos equipamentos, adequação dos níveis de iluminamento e revisão e adequação dos alarmes de emergência
2016 – Adequação de escadas e acessos, revisão e testes dos vasos de pressão, adequação dos depósitos de explosivos, construção de abrigos para proteção dos trabalhadores durante detonação/desmonte de rochas e construção de baias de enlonamento de caminhões
2017 – Revisão e manutenção de proteção de partes móveis de máquinas e equipamentos com prontuários atualizados conforme NR 12, adequar prontuário dos tanques de armazenamento de combustíveis, adequação acústica de cabines de operação da Britagem e instalar proteção inferior nas correias transportadoras de materiais
2018 – Instalar aterramento de instalações elétricas com prontuário e esquemas unifilares conforme NR 10.
Todos os Projetos descritos terão acompanhamento efetivo do Setor de Engenharia, com Projeto definido e em atendimento integral da Legislação vigente.
É fato que tivemos avanço significativo em nossos indicadores de desempenho de segurança do trabalho, porém também temos plena consciência do caminho árduo e desafiador que ainda temos pela frente. Nossa meta é manter o processo de melhoria contínua e atingir os melhores índices de desempenho de SST do setor. Para isso, precisamos também investir nas proteções físicas das Unidades, garantindo investimento anual nas instalações, mantendo e melhorando o programa de auditorias comportamentais.
Outro passo importante é manter nossos procedimentos de SST atualizados e buscando as melhores práticas de mercado. Sabemos com tudo isso, que para atingir melhores resultados, nossa liderança precisará manter postura e senso de dono, dando exemplo no dia a dia no que se refere ao melhor comportamento que desejamos em nossas operações.
Conheça o autordo projeto
Celso Ricardo Rodrigues da Silva – coordenador de segurança do Trabalho Corporativo do Negócio Agregados e Complementares da Votorantim Cimentos S/A. Formado em Química e Engenharia Química, pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho, MBA em Controle e Gestão Ambiental e Mestrado em Administração na área de Gestão de Negócios.
Leia a íntegra do trabalho “Gestão de Segurança com enfoque comportamental no Negócio Agregados da Votorantim Cimentos”.
Fonte: Revista Minérios & Minerales
Últimos Comentários