Serveng irá aumentar para 140 mil t por mês a capacidade de produção de agregados da unidade de Jambeiro (SP)

Além de aumentar capacidade, Serveng melhorou a eficiência das atividades da sua unidade de agregados de Jambeiro (SP), investindo em novos equipamentos e soluções de automação

Guilherme Arruda

Com o objetivo de atender as obras da Rodovia dos Tamoios e estar preparada para uma retomada do mercado de agregados, prevista para 2016, a Serveng está investindo R$ 15 milhões na modernização e expansão da sua unidade de Jambeiro, localizada na cidade de mesmo nome a 180 km da capital paulista. O projeto, que a sua primeira etapa deve ser concluída em setembro, contemplou a aquisição de britadores e equipamentos móveis mais robustos, que elevará a capacidade de produção da planta de 80 mil para 140 mil t/mêas.

Após alguns estudos, que incluíram análises de fabricantes de máquinas, a mineradora optou em reduzir a frota de mina de três caminhões de 27 t para dois caminhões de 45 t, todos Mercedes Benz, aumentando o volume de material transportado e obtendo economia de combustível e maior produtividade. Na nova planta, a Sandvik forneceu os britadores 1213 (mandíbulas) e o CS 440 (cônico), para as etapas de britagem primária e secundária, com capacidades de 520 e 450 t/hora, respectivamente. Já a Metso entregou o britador HP 400, utilizado na britagem terciária, com capacidade de 380 t/hora.

“Mais do que aumentar a produtividade, este projeto irá otimizar as nossas operações. Com os novos caminhões, por exemplo, teremos uma produtividade maior, economia de combustível e redução dos custos de manutenção. Na planta, que tem um layout totalmente novo, os britadores adquiridos são mais eficientes em relação ao consumo de energia”, afirma o engenheiro de minas Romualdo Farias da Silva, gerente-geral de Mineração da Serveng, que tem mais de 17 anos de empresa.

Ainda no escopo da redução de custos, a empresa priorizou a utilização de mão de obra própria para montagem e instalação dos equipamentos, sendo já uma tradição na companhia. Durante a visita da Minérios & Minerales à unidade, Romualdo destacou que os funcionários atuam até na fabricação das estruturas dos sistemas de correias transportadoras. “Temos uma mão de obra capacitada, com experiência de décadas. O Vicente Lamparina Enias é o nosso professor Pardal (inventor do desenho do Pato Donald, da Walt Disney), e o Antônio Gaúcho foi o responsável pela montagem dos novos equipamentos. Com eles, tivemos uma economia de aproximadamente R$ 2 milhões neste projeto”, comenta.

Para escoar a nova produção entre as plantas de britagem, foi necessário aumentar a largura das correias transportadoras, de 42 para 48’ (britagem primária), e de 30’ para 36’ (secundária). As bandas das correias são produzidas pela Maxbelt e os roletes pela Oliven. Já as estruturas e suportes metálicos são fabricados pela equipe de caldeiraria da Serveng.

Além dos ativos físicos, a pedreira irá adquirir, até dezembro, um sistema supervisório para gerenciar e conciliar as atividades de lavra e beneficiamento. Para a automação da planta, a empresa está em contato com os fornecedores de sistemas de automação Install (Cotia, SP), Ma-estro (São Paulo, SP) e Beckers (Chapecó, SC).

“Estamos trabalhando num projeto piloto de automação para implementar um programa que nos auxilie no controle e gerenciamento da produção da mina e da planta, trazendo uma sinergia operacional. Hoje a maioria das nossas atividades são controladas de forma manual”, explica o gerente. A previsão de instalação do sistema supervisório é para início de 2016.

Em 2015, a previsão de produção da planta de Jambeiro é de 2,8 milhões t de agregados, ficando abaixo das 4 milhões t produzidas em 2014. Durante as obras de expansão, a planta antiga, que opera desde 1972, funcionou normalmente, inclusive, a usina de asfalto que funciona no mesmo local.

Após a conclusão do projeto, a ideia é expandir a pedreira de Barueri, na Grande São Paulo, de 100 mil para 200 mil toneladas/mês. As duas unidades (Barueri e Jambeiro) são as principais do grupo, que tem ainda as pedreiras em Aparecida (SP), Arujá-São Bento (SP), e São Luís-Rosário (MA).

Em busca de eficiência

Para as atividades na mina de gnaisse, que envolve um depósito de 40 milhões de m3 de rocha granítica com uma vida útil de mais de 70 anos, a empresa contará com dois caminhões MB 4448 e uma escavadeira, todos de 45 t. Os equipamentos substituirão os três caminhões rodoviários MB, de 27 t (a empresa ainda estuda qual modelo de escavadeira de 45 t irá adquirir).

“Essa nova disposição irá otimizar o consumo de combustível, aumentar a produtividade e melhorar o fluxo de escoamento da produção. Com três máquinas iremos movimentar 450 t/h, contra 380 t/h quando tínhamos cinco equipamentos”, ressalta Romualdo Farias.

Para escoar produção entres as unidades de britagem foi necessário aumentar a largura das correias transportadoras

Para tirar o máximo proveito da nova frota, a Serveng irá investir em um sistema integrado de gestão. Atualmente, a pedreira está conversando com a Dimep e Sitech, empresas fornecedoras de tecnologias de monitoramento remoto. “O objetivo é criar um mapa de atuação “cerca virtual”, com o detalhamento de todas as atividades de perfuração, cargas de material desmontado, carregamento e transporte (ROM), e gerir isso remotamente”, afirma Sidney Morais, engenheiro de minas da unidade de Jambeiro.

O processo produtivo se inicia com a execução dos furos por uma perfuratriz ECM 585 Ingersoll Rand – são realizados, em média, 6.000 m lineares de furos por mês. Em seguida, efetua-se o carregamento dos furos com explosivos (do tipo emulsão), fornecidos pela IBQ/Pilar química – a razão de carga é de cerca de 370 g de explosivo por tonelada desmontada e utiliza-se tecnologia de acionamento eletrônico para iniciação do fogo. A Pilar Química atualmente é a responsável pelo plano de desmonte.

Após o fogo, realizado em média uma vez por semana, a escavadeira 336 Caterpillar entra em ação pa
ra realizar o carregamento dos caminhões. Os matacos que sobram, cerca de 1% do volume desmontado, são quebrados por um rompedor hidráulico Montabert V1800, acoplado em uma escavadeira Caterpillar 320.

Os caminhões carregados seguem para a planta, distante cerca de 400 m da mina, e alimentam o britador. “Com o sistema supervisório, queremos melhorar o processo de enchimento. A ideia é instalar balanças nas câmaras dos britadores e nas caçambas dos caminhões e assim monitorar o que sai da mina e o que entra na planta. Atualmente, esse transbordo é controlado pelo feeling do operador”, comenta Morais.

Em seguida, os volumes passam pelo britador secundário e parte do volume é direcionada para pilhas de estoque. O material com granulometria acima de 30 mm é processado no britador terciário, onde é produzido pedra 1, pedra 2, brita, pedrisco e pó de pedra. Para diminuir o pó em suspensão gerado pelo processo, a empresa utiliza um sistema de aspersão de água, fornecido pela Rasper.

O transporte dos produtos é realizado por aproximadamente 1000 m de correias, que levam o material até a área de expedição. Quanto ao transporte do produto até os clientes, esse é feito 40% por transporte próprio e 60% por empresas terceirizadas. Além de atender veículos de entrega de terceiros, a empresa possui uma frota de 33 caminhões Mercedes Benz, modelos 2428 e 2429, utilizados para o escoamento da produção.

As pilhas dos produtos são estrategicamente formadas para aproveitar o desnível topográfico do terreno e facilitar o carregamento dos caminhões de entrega (sistema delivery). “Esse formato, já utilizado na unidade de São Bento, dispensa o uso de carregadeiras. O motorista estaciona o caminhão embaixo da pilha do produto desejado e ele mesmo faz o enchimento”, completa Farias.

Manutenção e suprimentos

Com a troca da frota da mina, novos equipamentos da planta e sistemas de automação, a empresa pretende elevar a disponibilidade física dos equipamentos móveis de 78% para 90%. Na planta, a ideia é aumentar dos atuais 85% para 95% de disponibilidade física

“Com este investimento queremos atingir oíndicede produtividade na extração de 1.800 a 2.000 (tonelada ROM/homem-mês), níveis obtidos em países desenvolvidos. Além das tecnologias, trabalhamos na capacitação da mão de obra. Estamos em contato com os fabricantes para viabilizar cursos e treinamentos nas áreas de operação, carregamento, britagem e manutenção”, afirma Romualdo Farias.

A empresa está testando ainda o programa Protheus, da Totvs, para auxiliar na programação e gestão da manutenção dos ativos. Em paralelo, a pedreira pretende reduzir o número de funcionários da manutenção de seis para três pessoas. “Nosso programa de redução de custos envolve o investimento em tecnologias de automação, que nos proporcione uma melhora da produtividade com alta eficiência dos equipamentos e redução de mão de obra”, destaca.

Durante as obras de expansão, a planta antiga, que opera desde 1972, funcionou normalmente

Os sistemas hidráulicos, pneus e freios dos equipamentos móveis são os itens que mais demandam manutenção. Para aumentar a vida útil e conservação dos pneus, a unidade faz um rígido controle das suas vias de acesso, visando deixá-las planas e desobstruídas. Além disso, utiliza o tipo OTR (fora de estrada), das fabricantes Goodyear, Firestone e Pirelli (dependendo da aplicação e custos). A empresa obtém índices de utilização acima de 1.500 horas.

Na planta, a Serveng tem uma atenção especial com as ferramentas de desgaste, que envolvem os revestimentos dos britadores e os bits das perfuratrizes. A empresa possui um contrato de fornecimento de aço manganês (material de revestimento) com a Máquinas Furlan, que já entrega as peças customizadas para os britadores, como mandíbulas, revestimentos, cunhas e mantas. A Furlan, já amplamente conhecida no setor de mineração, mantém um estoque com mais de 10.000 modelos para peças de desgaste em sua fábrica de Limeira, em São Paulo.

Também em Jambeiro funciona a central de compras da Serveng (negócios de Mineração), responsável em efetuar os pedidos para as cinco unidades do grupo.