Uma das commodities mais valorizadas no mercado mundial, o ouro é fundamental na indústria em geral, sendo utilizado na fabricação de celulares, carros e produtos eletroeletrônicos. Sua produção tem um impacto significativo na economia brasileira, tema que foi discutido por especialistas na Exposibram 2024, que está sendo realizada em Belo Horizonte, por especialistas que traçaram um panorama do mercado da produção do metal no país. Eles também abordaram a problemática envolvendo os garimpos ilegais.
Ao analisar a situação do metal no mercado nacional e como ela se compara com a de outros países que exploram o ouro, a geóloga sênior de Recursos Minerais da Ero Copper, Melissa Abrão Zeni, exibiu uma série de slides das três operações da Ero Copper: a Caraíba, na Bahia, considerada a principal operação da mineradora; a de Tucumã, no Pará, cuja operação foi lançada nesta quarta-feira (11); e a de Xavantina, no Mato Grosso.
“A Ero tem iniciativas mais sustentáveis. Estamos sempre conversando com as comunidades”, destacou.
Na sequência, o professor titular do Instituto de Energia e Ambiente e do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP), Colombo Celso Gaeta Tassinari, falou sobre o projeto que tem sido desenvolvido pela instituição, em parceria com a Polícia Federal, que avalia o potencial dos isótopos de chumbo para a proveniência do ouro.
“Com o crescente interesse em caracterizar a origem do ouro, estamos desenvolvendo esse projeto para avaliar o potencial de isotopos de Pb (chumbo) no estudo da proveniência do ouro”, explicou.
A professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Lydia Maria Lobato, fez uma apresentação sobre os principais ambientes geológicos no Brasil, mostrando, inicialmente, um mapa da América do Sul, onde há cinturões minerais importantes, como os de Tocantins e da Bahia. E comentou a respeito do esgotamento de alguns depósitos no país.
“O Brasil tem um número grande de distritos e províncias que produzem ou que detêm o ouro. É preciso que mais players entrem para trabalhar em Carajás. O problema é que o Brasil tem grandes depósitos que estão chegando no limite dos programas de exploração. As minas estão se tornando muito profundas, o que é um grande desafio. E as minas a céu aberto estão se aproximando das áreas urbanas. É preciso encontrar jazidas menores para se juntar às maiores”, comentou Lydia, que também é consultora da HydroFluids&Minerals.
Por fim, o geólogo Marco Aurélio da Costa, com 40 anos de experiência em pesquisa mineral, explanou sobre a indústria de produção de ouro, quando traçou um panorama da história desse metal precioso, que começou no Brasil por volta de 1500 com a chegada dos portugueses, passando pelo início e consolidação da mineração no século XX até a atual mineração industrial do século XXI.
“A longo prazo, o potencial da mineração de ouro incorre na discussão em torno da flexibilização de áreas como as terras indígenas, áreas de fronteiras ou garimpo. Esses temas são sensíveis, mas terão que ser discutidos em algum momento”, pontuou.
Debate sobre garimpo ilegal
Colombo Celso Gaeta Tassinari citou técnicas utilizadas pela Polícia Federal para detectar a rastreabilidade do garimpo ilegal, relacionadas à florescência de raio-x e análises químicas. Enfatizando que o uso de isótopo de chumbo também ajuda na verificação da legalidade do rastreamento da origem do ouro e comentou a importância de se explicar à população como é realizado o trabalho da mineração.
“A população confunde mineração com garimpo. É preciso educação junto às comunidades locais, palestras em igrejas, escolas e clubes sociais para apresentar o que se faz, que produtos se utiliza. E também falar da parte da descarbonização da mineração”, sugeriu o especialista.
“O trabalho de rastreabilidade do ouro, que é apoiado pelo IBRAM, precisa também da colaboração da indústria, porque, caso contrário, o trabalho com a Polícia Federal não vai andar”, complementou Lydia Maria Lobato.
“É fundamental que haja uma fiscalização séria em cima dos garimpos ilegais”, arrematou Marco Aurélio da Costa.
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