Estudos geotécnicos podem gerar economia de R$ 2,5 bilhões

Definição de malhas “ótimas” em 36 depósitos da Vale

A Vale foi laureada com o 16º Prêmio de Excelência da Indústria Minero-metalúrgica Brasileira com o trabalho “Utilização de critérios geoestatísticos para comparação de malha de sondagem visando à maximização da quantidade de recursos minerais”, de autoria dos geólogos Cid Gonçalves Monteiro Filho e Evandro Machado Cunha Filho e do especialista Geoestatístico Diniz Tamantini Ribeiro.

O trabalho apresenta o estudo de definição das malhas de sondagens ideais para os 35 depósitos de minério de ferro da Vale, localizados nos estados do Pará, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e, ainda, para o depósito de Zogotá localizado na Guiné no continente Africano.

A proposta foi avaliar as malhas de sondagem de projetos e minas de ferro já existentes para definição de malhas “ótimas” a serem aplicadas em pesquisas futuras. Essa avaliação foi feita por meio de estudo geoestatístico e o parâmetro de risco escolhido foi a classe do recurso usada nas avaliações na área de depósitos de ferrosos da Vale. Utilizou-se o método de classificação de recursos denominado Índice de Risco (IR), que é baseado em Krigagem da Indicatriz e foi adotado como padrão na avaliação de depósitos e minas de ferro pela Gerência de Recursos Minerais Ferrosos, a partir de 2007.

Foram criadas malhas regulares de sondagem “virtuais” com espaçamentos diversos, em depósitos ou minas do Quadrilátero Ferrífero, da Província de Carajás, Mineração Corumbaense e Zogotá (Guiné), cujos variogramas haviam sido definidos por amostragem prévia, e feita krigagem em branco da indicatriz de “minério”, variável associada à continuidade geológica, para classificação dos recursos.

Avaliou-se a influência da variação da malha de sondagem na classificação dos recursos geológicos para os 35 depósitos e/ou minas da Vale. São elas: MCR; Abóboras; Capão Xavier; Capitão do Mato; Córrego do Feijão; Galinheiro; Jangada; João Pereira; Mar Azul; Sapecado; Segredo; Tamanduá; Tutaméia; N1; N4E; N4W; N5; Serra Leste; Serra Sul; Água Limpa; Alegria; Apolo Norte; Apolo Sul; Bau; Brucutu; Capanema; Conceição; Conta História; Dois Irmãos; Fábrica Nova; Fazendão; Minas do Meio; Morro Agudo; Serpentina e Zogotá.

O trabalho fez parte de um projeto mais amplo de pesquisa e desenvolvimento do Departamento de Planejamento e Desenvolvimento de Ferrosos para reduzir custos com pesquisa (sondagem) e amostragem em depósitos de ferro. Seu principal objetivo é definir qual malha de sondagem se associa preferencialmente às classes de recursos medidos e indicados para diferentes tipos de depósitos de ferro, tendo por base o método padrão utilizado na classificação de recursos minerais.

Outro objetivo é comparar as malhas ótimas resultantes desse estudo com aquelas praticadas tradicionalmente na Vale e apontar as áreas onde há potencial para redução de custos com sondagem em função das características intrínsecas da geologia local de cada área.

De maneira sucinta, as principais etapas desenvolvidas durante a execução do projeto são as seguintes: Definição e criação de malhas de sondagem regulares cortando todo o corpo de minério interpretado e zona de borda não mineralizada ou de baixo teor; classificação das amostras virtuais em indicatrizes de minério de acordo com a interpretação geológica do modelo (na zona de minério a indicatriz foi igual a 1 e, na zona de estéril ou mineralizada de baixo teor, a indicatriz foi igual a 0); Krigagem da indicatriz “virtual” do modelo geológico interpretado com o variograma utilizado na classificação oficial do recurso: tipos associados à formação ferrífera; cálculo das proporções de classes de recursos classificados como medido, indicado e inferido, de acordo com o método de classificação oficial aplicado na empresa, para cada malha virtual; construção de gráficos comparando malhas de sondagem x proporção de classes de recursos; escolha da malha que atenda às premissas básicas do estudo, bem como sua respectiva programação.

Obedecendo as premissas no início do estudo, propõe-se que as malhas de sondagem para a classificação dos recursos em medidos e indicados, com a adoção das malhas escolhidas como “ótimas”, pode-se alcançar uma redução de custos significativos com sondagens, em relação à malha tradicional de 100 m por 100 m.

Observou-se que para cinco depósitos, houve necessidade de adensamento de malha, enquanto que para outros oito depósitos, a malha padrão atendeu aos critérios estabelecidos como premissas nesse estudo. Em vinte e dois depósitos houve redução na metragem de sondagem com malhas mais abertas.

A redução de metragem de sondagem de longo prazo pode chegar a mais de três milhões de metros, resultando assim em uma economia superior a R$ 2,5 bilhões, sem considerar a redução de outros custos como amostragem, descrição e análises. Esse valor é absoluto, pois não leva em conta o VPL (Valor Presente Líquido).

[themoneytizer id=24055-16]

Conheça os autores do projeto

Cid Gonçalves Monteiro Filho –Gerência de Recursos Minerais Ferrosos da Vale. Bacharelado em Geologia pela Universidade do Estado do Ceará (UFC), especialista em Sistema Mínero-Metalúrgicos pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e especialista em Geoestatística CFSG (Cycle de Formation Spécialisée en Géostatistique)pela École Nationale Supérieure des Mines de Paris. Atualmente trabalha na área Longo Prazo, em atividades de modelagem geológica e geoestatística.

Diniz Tamantini Ribeiro –Especialista Geoestatístico da Gerência de Recursos e Reservas Minerais Ferrosos da Vale. Geólogo formado pela UnB, especialista em Geoestatística pela École Nationale Supérieure des Mines de Paris, doutor em Geologia pela UFRJ e especialista em gestão de negócios pela Fundação Dom Cabral. Atualmente trabalha como especialista em geoestatística na Vale e coordena trabalhos de avaliação de recursos minerais ferrosos da empresa.

Evandro Machado Cunha Filho –Gerência de Recursos Minerais Ferrosos da Val
e. Bacharelado e Mestrado em Geologia pela Universidade de Brasília (UnB), e especialista em GeoestatísticaCFSG (Cycle de Formation Spécialisée en Géostatistique)pela École Nationale Supérieure des Mines de Paris. Atualmente trabalha na área Longo Prazo, em atividades de modelagem geológica e geoestatística.

Leia o projeto na íntegra aqui!