Conforme o estudo, estradas mal conservadas, aeroportos e portos congestionados e serviços de alfândega ineficientes aumentam o tempo e o custo da remessa de mercadorias e podem eliminar totalmente a vantagem logística da região de estar mais próxima dos maiores mercados do mundo, em particular o mercado norte-americano. A ascensão da China e da Índia como exportadores importantes na economia mundial reforçam o cenário de risco.
"Sem uma melhora significativa nos transportes, uma presença maior da América Latina e do Caribe nos mercados mundiais continuará sendo uma meta distante", informa o estudo.
O levantamento também aponta o impacto de pequenas melhorias nos transportes nos negócios entre países da região: com uma redução de 10% nos custos de transporte, as exportações intra-regionais podem crescer mais de 30%, em contraposição ao efeito de reduções similares em tarifas.
A gama de produtos negociados também pode ser beneficiada com custos de frete mais baixos, segundo estudo, com a abertura de novos mercados para outros tipos de produtos, em particular, manufaturados.
Segundo o estudo, um declínio de 10% no custo dos fretes aumentaria em mais de 20% o número de mercadorias diferentes que os países comercializam entre si.
Os produtos manufaturados no Brasil, Chile, Equador, Peru e Uruguai seriam os mais beneficiados por uma redução nos custos de transporte, enquanto as exportações de minérios e metais teriam seu maior aumento na Argentina, Colômbia e Paraguai.
Adicionalmente, os exportadores poderiam ficar com uma parte maior de seus lucros que estão hoje sendo transferidos para um setor de transportes ineficiente, o que lhes permitiria investir em expansão e em medidas para aumentar a produtividade. No Brasil, por exemplo, o custo do transporte de soja pode representar até 79% do preço dos produtores.
Fracasso de Doha
Uma disputa entre a Índia e os Estados Unidos sobre o mecanismo especial de salvaguarda que permitiria aos países impor uma tarifa especial aos produtos agrícolas se as importações aumentassem ou se os preços subissem foi um dos principais motivos do fracasso das últimas negociações da Rodada Doha, em julho deste ano, em Genebra.
Índia e outros países em desenvolvimento queriam que este mecanismo fosse ativado em um nível menor de alta das importações para proteger seus milhões de agricultores pobres.
Os Estados Unidos se negaram a aceitar a proposta indiana de que as nações em desenvolvimento poderiam aumentar suas tarifas em 25% adicionais sobre os produtos agrícolas se as importações aumentassem 15%. Washington insistiu que as tarifas adicionais deveriam ser aplicadas se as importações aumentassem 40%.
Fonte: Padrão
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