Método mais eficiente no decapeamento de bauxita

Melhoria do processo de decapeamento aumenta produtividade da MRN, além de gerar uma redução do consumo de diesel e da emissão de gases do efeito estufa

Dos autores Mário Ilson dos Santos Ferreira, João Eleutério da Conceição Oliveira, Takehiro de Araújo Moraes, o projeto “Aumento da produtividade da operação de decapeamento na Mineração Rio do Norte” foi um dos laureados pelo 170 Prêmio de Excelência da Indústria Minero-metalúrgica Brasileira da revista Minérios & Minerales. O projeto, implementado pela Mineração Rio do Norte (MRN) em seu complexo minero-industrial de Porto Trombetas (PA), objetivou a melhoria no processo de decapeamento, visando aumentar a produtividade e reduzir despesas operacionais da unidade.

A atividade de decapeamento tem como finalidade a retirada de estéril para exposição do minério viabilizando as atividades seguintes de desmonte, carregamento e transporte. Este processo é de suma importância para o desenvolvimento da mina e sistemas de drenagem.

Em 2014, a Mineração Rio do Norte fechou o ano com uma produção de 18 milhões de toneladas de bauxita produzidas, matéria-prima esta utilizada na produção do alumínio. Deste total, 54% foram destinados ao mercado interno. O restante da produção foi exportada para os Estados Unidos (19%), Canadá (13%), Europa (10%), China (3%) e Índia (1%).

Melhoria do processo de decapeamento aumentou produtividade da mina da MRN

Em geral, a produção da empresa é toda destinada aos próprios acionistas. São eles: Vale (40%), BHP Billiton Metais (14,8%), Rio Tinto Alcan (12%), Companhia Brasileira de Alumínio – CBA (10%), Alcoa Alumínio S.A (8,58%), Norsk Hydro (5%), Alcoa World Alumina (5%) e Alcoa AWA Brasil Participações (4,62%).

O processo de crescimento da MRN decorreu de uma série de fatores positivos, onde se destacam a qualidade das jazidas de bauxita, a possibilidade de escoamento da produção em navios de até 73 mil toneladas, além do respeito e da confiabilidade que a empresa consolidou ao longo do tempo junto aos seus clientes e partes interessadas, como investidores, fornecedores e comunidade.

A companhia dedica-se à produção da matéria-prima usada na fabricação do alumínio. Ativa desde 1979, a empresa tem capacidade para produzir 18 milhões de toneladas de minério por ano.

O processo adotado pela empresa para a lavra do minério é o “strip-mining” (lavra em tiras), realizado a partir da remoção de camadas de argila e deposição do estéril nas cavas onde a bauxita já foi extraída. A lavra segue um planejamento que visa movimentar o menor volume possível de material e assim minimizar o impacto ambiental gerado; além de otimizar a vida operacional de cada mina.

Com o objetivo de aumentar a produtividade e reduzir as despesas operacionais, a MRN implantou um projeto de melhoria no processo de decapeamento – atividade que tem como finalidade a retirada de estéril para exposição do minério viabilizando as atividades seguintes de desmonte, carregamento e transporte. Esta atividade é de suma importância para o desenvolvimento da mina e sistemas de drenagem.

Na prática, o solo passou a ser nivelado de forma concomitante ao processo de corte para a extração da bauxita, o que resultou no aumento da produtividade e na diminuição do combustível consumido para a movimentação anual de 58,8 milhões de toneladas de estéril e minério.

Ao longo dos últimos meses (de abril de 2013 a dezembro de 2014) e com foco na otimização de recursos, as equipes de lavra da MRN, em parceria com a empresa Sotreq/Catterpilar, conseguiram chegar ao novo modelo de decapeamento, chamado método Wave, que executa a remoção do estéril para a exposição do minério no método “strip-mining” (lavra em tiras de 35m de largura).

O método atual é composto por um mix de metodologias que consideram as atividades que compõem o ciclo deste processo, a quantidade de combustível utilizado, a capacitação dos empregados envolvidos, a diminuição do tempo de retrabalho, acabamento do serviço e a manutenção dos equipamentos.

O impacto da mudança de filosofia em uma operação unitária foi significativo. Houve um acréscimo de 14% na produtividade do decapeamento, redução de 10% nas despesas operacionais, além de redução em 5,0% do consumo específico de diesel (L/m³); isto, tendo os mesmos equipamentos e mantendo o mesmo quadro de operadores. A produtividade do processo passou, em média, de 475 m³/h para 541 m³/h”.

Em uma operação que utiliza 120 equipamentos de mineração a mudança foi necessária. A retirada do minério em escala, adotada na MRN, exigia dos equipamentos um desgaste, seguido de mais manutenções e um consumo maior de combustível, uma vez que o solo removido deixava desníveis que posteriormente deveriam ser percorridos pelas máquinas. Ao colocar os equipamentos em um local onde eles percorrem sem dificuldades, o aumento da produtividade se evidencia: ganha-se tempo e economiza-se combustível.

As boas práticas adotadas na realização da tarefa envolveram também a reciclagem e realocação de operadores na execução das tarefas, melhorias no sistema de acompanhamento de operadores em operação de equipamentos novos, alocação de tratores certos para a sua atividade específica; além de foco total na atividade de produção. Nos momentos dos testes, já foi possível sinalizar que seria necessário o comprometimento das equipes. Acreditava-se que era possível fazer uma mudança importante na atividade, por isso, os operadores envolvidos foram treinados.

Na avaliação da gerência de Mina, os resultados foram excepcionais. No período do projeto e com o aumento da produtividade, a MRN deixou de consumir 715 mil litros de diesel, reduziu a emissão de gases de efeito estufa em 1.93 toneladas de gás carbônico, o que refletiu em menos impacto ambiental – um aspecto importante para empresa, uma vez que está localizada numa unidade de proteção, a Floresta Nacional Saracá-Taquera.

Conheça os autores do projeto

Mário Ilson dos Santos Ferreira – Tem formação técnica em Mineração e em Administração. Ocupa atualmente o caro de gerente técnico na Mineração Rio do Norte. Foi admiti
do na mineração Rio do Norte em 1988, empresa na qual também atuou como Operador de Equipamento de Mineração I , II, III, IV, Técnico de Controle de Operações, Técnico de Controle de Qualidade e Técnico de Turno.

João Eleutério da Conceição Oliveira – Formado em Recursos de Produção (PUC – MG), Matemática (UFPA) e MBA em Gestão de projetos pela FGV. Ingressou na MRN em 1989 como operador de equipamentos industriais, passando pelos cargos de: Apoio Administrativo, Supervisor de Produção, Gerente Técnico, Coordenador de Contrato, Assessor de Operações Florestais, Gerente de Operações Florestais, Gerente de Operação de Mina, Especialista em Mineração, até chegar ao cargo atual de Gerente de Mineração.

Takehiro de Araújo Moraes – Formado em Engenharia de Minas (UFPA). Ex-diretor-presidente da Carajás Júnior Consultoria Mineral e Ambiental em Marabá – Pará, programador de transporte ferroviário, controlador de tráfego ferroviário e assistente administrativo na Vale. Ingressou na MRN em 2013 como trainee em Engenharia de Minas e atualmente é engenheiro de minas no Departamento de Operação de Mina.

Leia a íntegra do trabalho “Aumento da produtividade da operação de decapeamento na Mineração Rio do Norte”.

Fonte: Revista Minérios & Minerales