Na sua edição de 11 de outubro passado, a revista britânica The Economist publicou um relatório especial sobre a economia mundial, com o sugestivo título “When fortune frowned” – algo como “quando a sorte virou…” O editor Zanny Minton Beddoes afirma que a pior crise financeira desde a Depressão está redefinindo os limites entre governo e mercados e coloca algumas questões instigantes:

· Até onde o mercado financeiro deve ser re-regulamentado?
· As lições a serem aprendidas com a volatilidade dos preços das commodities;
· Os bancos centrais contribuíram para a crise global atual. Eles terão competência para limpar a sujeira?
· As economias emergentes vão mudar a configuração da finança global?
· As ameaças contra o livre comércio, após a rodada Doha
· Em lugar de um novo modelo de capitalismo, o que o mundo precisa é uma nova Multilateralidade

Paul Vocker, que foi presidente do FED americano, disse recentemente: “Por todos os seus talentosos participantes, sempre recompensados regiamente, o novo e exuberante sistema financeiro fracassou no seu teste real de mercado”. Outra crítica da revista: as novas finanças são altamente alavancadas, superficialmente regulamentadas, e criaram um sistema de alocação de capital baseado no mercado e dominado por Wall Street. Almejava substituir o banco tradicional, que só emprestava dinheiro a clientes de confiança e escriturava a dívida nos seus livros – ao invés de passar adiante como os atuais bancos de investimento. Deu no que deu.

A nova finança evoluiu ao longo de três décadas e teve um crescimento explosivo nos anos recentes devido a três fatores simultâneos mas distintos – a desregulamentação do mercado financeiro, inovações tecnológicas (comunicações e programas de computador) e a crescente mobilidade global do capital. Financistas criativos usaram esses programas para gerar os instrumentos conhecidos por derivativos, permitindo a tomadores e investidores retalhar e negociar todos os tipos de riscos financeiros.