A Vale criou o Centro de Operações Integradas (COI) para sincronizar e otimizar a cadeia de valor do minério de ferro, com potencial de ganho anual de mais de US$ 600 milhões, segundo a mineradora. O COI foi implantado na sede de Águas Claras, em Nova Lima (MG).
A Vale avalia que o centro melhorará o processo de planejamento de vendas e operações, aumentando a aderência entre o planejado e o executado. A empresa já investiu mais de R$ 5 milhões no projeto até o momento.
Vagner Loyola, diretor da Cadeia de Ferrosos da Vale, explica que o motivo da empresa ter apostado no centro de operações deriva da instabilidade do preço do minério de ferro. “Caiu muito o preço hoje.
A variação ficou grande. A tomada de decisão tornou-se mais difícil”, explica. “Essa tomada de decisão exige adaptabilidade na produtividade. A cadeia produtiva é muito longa e complexa”.
Segundo Vagner, no início de 2016 “a cadeia produtiva não estava otimizada, diante das mudanças frequentes nas condições do mercado”. Dessa forma, decidiu-se dar eficiência à cadeia produtiva, envolvendo as equipes do processo e trabalhando de forma integrada.
O executivo explica que o projeto é dividido em três fases.
Ele diz que a iniciativa já gerou economia de US$ 300 milhões à empresa.
A primeira fase do projeto se refere ao COI global, já em operação. Os COIs são instalações que combinam as competências de pessoas, processos de operação e tecnologia para oferecer níveis elevados de colaboração e excelência. Entre suas atribuições estão a definição do mix de produtos para atender as demandas dos clientes, dos planos de estoque e de blendagem nos portos da Ásia (Malásia e China), e otimizar a alocação de navios.
A segunda fase é o COI Corredores, que está em implantação. Esta estrutura atuará no estabelecimento da programação diária e semanal da mina ao porto; na coordenação das ações entre as equipes de programação e as salas de controle, promovendo ações de melhoria nos desvios de planejamento; e na interação, em tempo real, com as operações locais e com o COI Global.
Já a terceira e última fase envolve os centros de excelência, que avaliará todo o processo da mina à entrega ao cliente, analisando os caminhos críticos, acompanhando a performance e interagindo com as operações. “Com isso, será possível identificar as melhores práticas nesse processo”, conta Vagner.
O centro de excelência concentrará especialistas que gerarão conhecimento para ser compartilhado ao longo da cadeia de valor, estabelecendo metas de produtividade e prioridades nas melhorias a serem implantadas, além de definir padrões, dividir boas práticas e suportar as operações na melhoria da produtividade e eficiência.
As informações geradas pelo COI são acessíveis por dispositivos móveis e fixos. A ferramenta realiza planejamento de demanda e é capaz também de avaliar cenários.
A mineradora gerencia o fluxo em torno de 300 navios em diversas posições pelo mundo e há um trabalho para reduzir o custo nesse item. O COI deverá criar condições favoráveis para atender o mercado com gestão mais de perto desses navios e consequente otimização de sua utilização.
Um dos pilares para alcançar os objetivos do COI é o uso intensivo de tecnologia digital, para promover a colaboração entre as equipes.
Além disso, sistemas foram aprimorados e outros foram desenvolvidos para agilizar e melhorar o processo de planejamento e distribuição da produção.
Um deles é o Advanced Planning and Scheduling (APS) Ferrosos, um otimizador que recentemente passou por melhorias. Hoje, ele reúne os dados de capacidade e custo da cadeia de valor (minas, ferrovias, portos, navios e centros de distribuição) e da dinâmica de preços do mercado, para indicar a melhor combinação possível para o atendimento das demandas dos clientes, com o objetivo de garantir a maior margem para a empresa.
Outra ferramenta é o Sistema de Otimização da Alocação de Navios (SOAN), cujo objetivo é otimizar a
alocação da frota de navios a serviço da empresa, visando obter o menor custo total de distribuição.
O programa leva em conta todas as variáveis que influem no custo, como preço de combustível e demurrage (custo relacionado ao tempo de espera em fila do navio no terminal portuário), e determina para qual carga e rota devem ser alocados os navios que transportam minério da Vale para os clientes.
A programação da distribuição e a localização de cada navio em tempo real são compartilhadas através dos telões do COI e aplicativos móveis.