A estatal INB (Indústrias Nucleares do Brasil) espera obter autorização do governo para exportar urânio como parte de um plano que visa quadruplicar a produção do material até 2011. Luis Felipe da Silva, assessor especial do presidente da INB para novos projetos, disse que o projeto de mineração de fosfato e urânio em Santa Quitéria, que envolveria um parceiro da iniciativa privada na extração do fosfato, depende da autorização para exportar o produto.

“Quando a questão das exportações estiver resolvida, a INB não terá problema para levar adiante o projeto e associar-se à iniciativa privada conforme prevê a lei”, afirmou o ministro à Reuters, durante um seminário sobre energia nuclear na semana passada. A mina de Santa Quitéria, localizada no Ceará, produziria 800 toneladas de urânio em 2011 e outras 1.200 toneladas mais tarde, permitindo ao Brasil exportar mais de 1.000 toneladas excedentes. Guilherme Camargo, diretor da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), um grupo de lobby do setor, avisou que sem a chancela para a exportação o projeto de Santa Quitéria estaria fadado ao fracasso, e que o Brasil perderia uma boa chance de aproveitar os altos preços do urânio e de reabastecer suas reservas. A INB tenta exportar o metal com vistas a reinvestir os lucros para ampliar a prospecção e a extração do metal e para construir novas unidades de processamento, incluindo novas centrífugas na usina de enriquecimento de urânio em Resende, inaugurada no ano passado e hoje em fase pré-operacional. As leis brasileiras determinam que a mineração e o comércio de urânio são monopólio estatal e não permitem a exportação do metal. O Brasil possui a sexta maior reserva de urânio do mundo, mas a produção ainda é modesta e volta-se apenas para o abastecimento dos dois reatores do país.