A International Finance Corp. (IFC), o braço de empréstimos privados do Banco Mundial, avalia que deverá ser “quase impossível” a obtenção de recursos por parte das mineradoras que ainda não iniciaram a produção devido à crise do crédito. “A captação de recursos não é apenas difícil – é quase impossível para empresas que ainda não produzem””, disse Karsten Fuelster, diretor da divisão de desenvolvimento comercial da mineração do IFC para a Ásia do Leste.

“O setor terá de passar por “um período prolongado de acesso limitado ao financiamento externo”, escreveu Fuelster em apresentação divulgada ontem.

Os bancos limitaram os empréstimos para novos projetos de matérias-primas a fim de conservar recursos diante do aprofundamento da recessão mundial, desencadeando receios de que as restrições, associadas à retração da produção das minas já operantes, poderão ocasionar escassez de abastecimento. Os cortes de produção e os adiamentos de projetos promovidos pelas maiores mineradoras deverão instaurar uma escassez de metal nunca vista desde o início da alta recorde, em 2003, segundo relatório divulgado no mês passado pelo Credit Suisse.

O IFC tem US$ 825 milhões investidos em projetos de mineração de ouro, zinco, cobre, cromo e minério de ferro em todo o mundo.

Novos cortes
Ontem a BHP Billiton informou que cortará 6 mil empregos e fechará a mina gigante de níquel de Ravensthorpe, na Austrália, o que acarretará uma baixa contábil de US$ 1,6 bilhão. A estratégia foi decidida diante do colapso dos preços das commodities. Até agora, a mineradora tinha vinha mantendo a produção e o mês passado informara que as vendas estavam no mesmo patamar, apesar da queda na demanda mundial.

“Claramente, o balanço deles está numa posição respeitável. Mas eles não são imunes ao ambiente dos preços das commodities que estamos vendo e o resultado vai sofrer”, disse Neil Boyd-Clark, do Fortis Investment Partners.

O vice-presidente financeiro da BHP, Alex Vanselow, alertou ontem que mais minas podem ser fechadas dada as incertezas nos preços das commodities. As minas de produção de carvão metalúrgico já estão escaladas para reduzir o volume produzido entre 10% e 15%. “O mundo mudou bastante desde outubro. Foi uma mudança muito profunda e dramática”, disse.

A mineradora também informou que está cortando cerca de 6 mil empregos, dos quais cerca de 70% relacionados a trabalhadores temporários de suas minas. Além dos 2,1 mil funcionários cortados na mina de níquel, a BHP vai eliminar outros 4 mil empregos da força de trabalho de 101 mil postos da companhia, disse Vanselow.

A mina de Ravensthorpe, que começou a operar em 2007 com atraso de nove meses, custou US$ 2,2 bilhões para ser construída e é uma das maiores na produção de níquel do mundo. A produção entre janeiro e junho seria de 7 mil toneladas, ante 2 mil toneladas nos seis meses até dezembro.

Na terça-feira, a Anglo American já havia informado a suspensão de sua maior mina de níquel, localizada na Venezuela.


Fonte: Padrão