José Mendo Mizael de Souza* mendodesouza@jmendo.com.br

No momento em que o Brasil, segundo os especialistas, vive uma das maiores secas de sua história – com sérios riscos não só para a dessedentação humana e animal, como para a oferta adequada de energia à sua população, por exemplo – e o Estado de São Paulo, enfrenta uma crise hídrica de grandes proporções, nunca é demais lembrar o alerta de Leonardo da Vinci de que“se tiveres que tratar com água, consulte primeiro a experiência, depois a razão, bem como destacar, mais uma vez, que a Mineração brasileira de há muito está atenta à esta magna questão.

Para não ir muito longe – até porque o presente espaço não o permitiria –, vale lembrar que, por exemplo, em 2006, em parceria com a Agência Nacional de Águas – ANA, o Instituto Brasileiro de Mineração – IBRAM publicou o livro “A Gestão dos Recursos hídricos e a Mineração”, a nosso ver leitura obrigatória para quem se interessa pelo assunto.

Para relembrarmos e reenfatizarmos, pois, a magna importância da questão da gestão dos recursos hídricos e a Mineração, reproduziremos, a seguir, dois trechos de capítulos do livro acima citado, o primeiro deles intitulado “A Gestão dos Recursos Hídricos e a Mineração: Visão Internacional”, de autoria do Professor Rafael Fernández Rubio, Catedrático e Professor Emérito da Universidade de Madrid, e outro de nossa autoria (à época eu era o VicePresidente Executivo do IBRAM), intitulado “O IBRAM e a Gestão Integrada entre Mineração e Recursos Hídricos”.

Ao escrever sobre “Água e Mineração”, o referido Professor Rubio houve por bem assinalar: “Em primeiro lugar, deve-se ressaltar que o sucesso de uma operação em mineração depende, em grande parte, da resolução adequada de suas interações com a água. Não agir assim é uma atitude suicida. Desse modo, a viabilidade técnica e econômica de uma lavra está condicionada, com muita frequência, ao adequado conhecimento do contexto hidrológico no qual se localiza e ao subsequente desenho das atuações hidrológico-mineiras, que será tanto mais eficiente e de menor custo quanto antes sejam iniciadas. Por esse motivo é que as empresas de mineração mais conscientes planejam, desde a fase de pesquisa até a de pós-fechamento, em abordar, com ferramentas apropriadas, os problemas que a água pode ocasionar, desenhando e implementando as medidas preventivas e corretivas mais adequadas.”

Quanto ao capítulo por mim elaborado para o referido livro, iniciei-o assim: “A emergência da preocupação mundial pela água é, sem sombra de dúvida, uma das mais importantes e interessantes atitudes recentes da humanidade. Esse bem mineral – não devemos nunca esquecer este fato – vital, com o crescimento exponencial da população mundial e o comportamento desta, tem se tornado, inclusive no Brasil, objeto de preocupações, inteiramente válidas, que, para serem afastadas, demandam de todos nós uma adequada gestão, ou seja, planejamento, execução e permanente revisão dos resultados de nossa ação, tudo com vistas a dispormos de água em quantidade e qualidade adequadas e usada com eficácia.”

Ou seja, em outras palavras, a Mineração brasileira tem que continuar a ser uma das líderes nacionais na gestão de recursos hídricos e continuar a exercitar, cada vez mais, sua responsabilidade social.

*Engenheiro de Minas e Metalurgista, EEUFMG, 1961. Ex-Aluno Honorário da Escola de Minas de Ouro Preto. Presidente da J.Mendo Consultoria Ltda. Fundador e Presidente do Ceamin – Centro de Estudos Avançados em Mineração. Vice-Presidente da ACMinas – Associação Comercial e Empresarial de Minas e Presidente do Conselho Empresarial de Mineração e Siderurgia da Entidade. Coordenador, como Diretor do BDMG, em 1976, da fundação do Instituto Brasileiro de Mineração – bram. Como representante do Ibram, um dos 3 fundadores da Adimb – Agência para o Desenvolvimento Tecnológico da Indústria Mineral Brasileira. Ex-Conselheiro do Cetem – Centro de Tecnologia Mineral do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.