Os analistas indagam se os produtores principais — Albemarle, SQM, FMC e Tianqi Group — vão conseguir elevar a produção a curto prazo, ou novos produtores vão surgir para preencher essa demanda? É o caso de diversos projetos baseados em salinas na América do Sul. A Salar de Atacama, operada pela Albemarle e SQM, gera um produto final de qualidade excepcional.
Entretanto, ela é exceção entre as muitas salinas do Chile, Argentina e Bolívia, onde o teor alto de magnésio torna a extração do lítio difícil e agrava o custo. As restrições no uso d’água nestas regiões áridas impõem maiores dificuldades.
Isso torna alguns depósitos em rocha dura — pegmatitos — atraentes em outras regiões do planeta.
Especialistas acreditam que a demanda por lítio vai se fortalecer nos anos futuros, refletindo-se no seu preço. Joe Lowry, presidente da Global Lithium, prevê que o preço do carbonato de lítico fora da China vai superar US$ 10 mil/t no horizonte; e John Kanellitsas, vice-presidente da Lithium America, estima que o preço médio vai ficar em torno de US$ 7.500/t.
Um desenvolvimento recente foi a fusão das operações de lítio da Galaxy Resources com General Mining, avaliada em US$ 217 milhões, criando uma empresa global que movimenta US$ 700 milhões. No seu amplo portfólio destacam-se a retomada da mina de Mt. Cattlin, que começa seus embarques comerciais ainda este ano, perto de Ravensthorpe, na Austrália Ocidental; o desenvolvimento da salina Sal de Vida na Argentina, de excelente qualidade e baixo custo, localizada no Triângulo do Lítio, entre Argentina, Chile e Bolívia, responsável por 60% da produção global de lítio; além de uma mina em rocha em James Bay, Quebec, no Canadá.
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MT. CATTLIN RETOMA PRODUÇÃO

A capacidade nominal da mina Mt. Cattlin é de 1 milhão t/ ano, gerando 137 mil t/ano de concentrado de óxido de lítio e 56 mil libras/ano de tântalo contido (TA2O5). O recurso total contido de Li2O é de 197 mil t, e o medido e indicado atinge 13,8 milhões t. O recurso atinge 18,18 milhões t. A vida útil atual da mina chega a 18 anos.
A lavra a céu aberto trabalha um depósito horizontal de pequena espessura, com escavadeiras e caminhões, na cava chamada Dowling, utilizando empresas subcontratadas para todas as operações. O processamento do minério de pegmatito começa com britagem em quatro estágios, reduzindo-o a -6 mm, e o material é estocado em silo que alimenta o concentrador 24 horas/dia.
O concentrador emprega classificação a refluxo (para eliminar mica), e ciclones de separação em meio denso de dois estágios, com atrição mecânica. O produto final é drenado para embarque em caminhões. O rejeito grosso é descartado ou usado como reaterro na mina, embora haja estudos de vendê-lo como subproduto. O undersize de -0,5mm é tratado em classificadores espirais e mesas para recuperar a tantalita e o espodumeno residual.
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MT. MARION TEM PARCEIRA CHINESA

Esse projeto a 40 km de Kalgoorlie, na Austrália Ocidental, é controlado pela Neometals (13,8%), MRL-Mineral Resources (43,1%) e um dos maiores produtores de lítio da China — Jiangxi Ganfeng Lithium (43,1%). A MRL é a financiadora e comanda a operação da mina até o porto.
A mina Mt. Marion tem recurso pela norma JORC de 23 milhões t a 1,39% Li2O e a 1,43% Fe2O3, em seis depósitos onde o minério aflora e é visível na cor branca. Em setembro passado, Ganfeng ingressou no projeto e assinou um acordo off take durante a vida da mina, reservando para si a produção total.
A MRL, através de sua subsidiária Process Minerals International, está construindo toda a cadeia de logística, desde a lavra, britagem, tratamento, transporte até o porto e a operação deste. Uma das inovações é o uso de GNL para gerar energia, inclusive como combustível da frota de transporte.
Uma planta modular de tratamento, com flotação, está sendo montada para produzir 33 mil t de concentrado a 4-6% Li2O por mês, equivalente a 400 mil t/ano de produto de grau químico. A Ganfeng chinesa tem ampliado sucessivamente seu acordo off take para ficar com toda a produção (e pagar o preço acordado mesmo que não utilize o produto).

CORRIDA DE LÍTIO EM PILBARA

Mais de 20 empresas estão desenvolvendo exploração ou produção nos 12 meses recentes em Pilbara, Austrália Ocidental, sendo o mais avançado o projeto Pilgangoora, da AMJ-Altura Mining. A reserva estimada atual de 18 milhõesmilhões t a 1,07%Li2O é suficiente para 14 anos de produção, a razão de 1,4 milhão t/ano. Esse teor é compensado pela geometria favorável do depósito e baixa taxa de sobrecapa, fluxograma simples e acesso imediato à zona mineralizada, com baixo capex em termos comparativos aos projetos-/div>

concorrentes.
A produção deve começar no terceiro trimestre de 2017.
A AMJ também assinou acordo off take com a Lionnergy da China e vai se valer da logística existente na região de Pilbara, que dá fácil acesso aos mercados asiáticos.
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PILBARA MINERALS USA PROCESSO SILEACH
O projeto da empresa tem o mesmo nome de Pilgangoora e pode começar a produzir dentro de 18 meses. Ela associou-se à Lithium Australia para avaliar o uso comercial de um novo processo de baixo custo – Sileach – para obter carbonato de lítio, ingressando num mercado de maior margem. A empresa comissionou um estudo independente junto à conceituada firma de engenharia, visando à viabilidade de uma planta de carbonato e hidróxido de lítio em Port Hedland, na região de Pilbara.
O processo hidrometalúrgico Sileach dispensa a etapa de roasting e tem potencial de ser muito mais eficiente do ponto de vista energético, além de recuperar valiosos créditos em subprodutos. Foi desenvolvido para tratar materiais que passavam sempre por roasting, a elevado custo de energia, para obter lítio. Ensaios em laboratórios independentes obtiveram extração de lítio de alfa espodumeno em até 92% após quatro horas. Outros materiais silicatados, como mica, argilas e espodumeno de baixo teor podem ser tratados via
Sileach.
O projeto Lepidolite Hill, controlado pela Coolgardie Rare Metals, está realizando também um extenso programa de testes com esse processo. Seu uso visa reduzir o tempo de lixiviação, redu
zindo o tamanho físico da planta e capex.
Segundo Adrian Griffin, diretor da Lithium Australia, o processo Sileach é para a indústria de lítio o que a flotação foi para a mineração de metais básicos no passado. Nos primórdios dos anos 1990, cada três das quatro toneladas de minério extraído de Broken Hill, na Austrália, eram descartadas como rejeito pela impossibilidade de separar o chumbo do zinco. A flotação com espuma mudou radicalmente
a situação.
O lítio contido em rocha dura tem um dilema similar, quando processos intensivos em energia ditavam o que
podia ser processado economicamente, favorecendo os concentrados de espodumeno de alto teor. Minerais de baixo teor eram descartados como rejeito. O processo Sileach vai mudar isso ao tratar esses minerais de baixo teore difícil extração, além de recuperar os valores em lítio de minerais descartados no passado.
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A RARA MINERAL PETALITA
Os depósitos em rocha dura da Avalon, chamados Separation Rapids, em Kenova, Ontário, Canadá, tem potencial de produzir hidróxido de lítio de alta qualidade a preços competitivos, voltados para dois mercados — um serve de insumo para cerâmicas vitrificadas, tipo Corningware; o outro é uma química de lítio para armazenagem de energia. Os subprodutos ali são feldspato, sílica de alta pureza e tântalo.
É uma das maiores ocorrências de pegmatito tipo complexo, na forma de um mineral raro chamado petalita.
Existe apenas outro produtor de petalita no Zimbabwe. Sua característica é o nível muito baixo de impurezas, permitindo seu tratamento a baixo custo. Segundo Avalon, analistas estimam que a demanda por lítio possa dobrar em 5 a 10 anos, por causa da difusão das baterias de ion de lítio utilizados em carros elétricos cada vez mais populares.
Sondagens delinearam um recurso indicado de petalita de 8,9 milhões t e inferido de 2,7 milhões t, ambos
com teor de 1,34% LiO, 0,007% Ta2O5 e 0,3% Rb2O. Esses dados foram obtidos num veio de 600 m a 250 m de proprofundidade, que se prolongam em ambos as direções. Os teores de lítio são consistentes com conteúdo de petalita na média de 25%.
É um projeto avançado em planta piloto, preparando estudos de viabilidade e testes em escala industrial. A lavra deve começar a céu aberto e prosseguir no subsolo. O mineral lavrado será britado e processado para obter concentrado de petalita, que será vendido para a indústria de cerâmica, ou será embarcado para uma refinaria visando a compostos de lítio para armazenagem de energia em baterias.
O estudo de viabilidade e de impacto ambiental deve ser concluído no segundo trimestre de 2017.
Uma hidrelétrica a fio d’água está sendo avaliada no rio English para suprir o complexo industrial da mina. Estudos hidrometalúrgicos estão sendo conduzidos pela Thibault and Associates, em New Brunswick, consultoria que possui experiência em metais raros, incluindo lítio.
Uma das rotas no fluxograma utiliza ácido sulfúrico como solvente primário, visando a obter ion de lítio para
baterias recarregáveis. Trabalhos recentes produziram solução sulfetada de lítio de alta pureza, para seguir convertida para hidróxido via eletrolise. A classificação por meio ótico também é avaliada.