No final de janeiro, a Votorantim Cimentos anunciou seu plano de investimentos que será aplicado nos próximos cinco anos. Serão R$ 5 bilhões empregados em ampliações, modernizações e novas unidades. No pacote, haverá aumento de 10% na capacidade de produção nacional de cimento, o que equivale a 3 milhões de toneladas por ano. “O investimento de R$ 5 bilhões envolve um programa abrangente de crescimento e competitividade estrutural das operações da empresa no Brasil”, afirma Osvaldo Ayres Filho, CEO global da Votorantim Cimentos. “Esse programa abrange as operações da companhia em todo o País, com investimentos para elevar a competitividade, a capacidade de coprocessamento e reduzir de forma significativa as emissões de CO2.

Com esses recursos, a empresa irá adicionar 3 milhões de toneladas/ano de cimento à capacidade de produção da empresa no Brasil”, completa. Parte desses recursos – cerca de R$ 1,5 bilhão – já está sendo empregada em modernizações, ampliação da produção, logística e novos negócios. Entre os aportes previstos, a empresa irá aplicar R$ 300 milhões na ampliação da capacidade de produção da fábrica de Salto de Pirapora (SP). A construção de uma nova moagem de cimento vai adicionar 1 milhão de toneladas por ano à capacidade de produção da unidade já a partir do próximo ano.

Em conjunto com outra operação da empresa localizada no bairro de Santa Helena, na cidade vizinha de Votorantim, a fábrica de Salto de Pirapora forma o complexo Salto-Santa Helena, que terá sua capacidade de produção expandida em cerca de 20%. “O início das obras está previsto para o primeiro semestre deste ano, com expectativa de conclusão para o segundo semestre de 2025”, destaca Ayres Filho, lembrando que “mais 2 milhões de toneladas serão adicionadas em outras unidades no Brasil”.

 O aumento da produção das fábricas da Votorantim segue a previsão de crescimento do setor. Segundo o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic), em 2023, foram comercializadas 62 milhões de toneladas de cimento no País. Para este ano a expectativa da entidade é de alta de 2%. “A ampliação da fábrica de Salto de Pirapora faz parte de um amplo plano de investimentos em andamento, com o objetivo de reforçar nosso posicionamento de mercado, elevando a competitividade e avançar na modernização de nossas unidades, fortalecendo a agenda de descarbonização”, afirma Ayres Filho.

 O programa, cujo cenário é até 2028, contempla operações em todas as regiões do País, com investimentos estruturantes. “Somente no complexo Salto-Santa Helena teremos investido mais de R$ 800 milhões quando finalizarmos a expansão de capacidade de moagem, que trará um ganho significativo de competitividade”, diz o CEO. Ainda de acordo com o executivo, o projeto de expansão e modernização abrange “os mais modernos conceitos de eficiência minerária, energética e automação industrial, com a aquisição de equipamentos de última geração”.

O plano inclui ainda a área de logística, automação, novos pontos de distribuição e intensa aplicação de inteligência artificial. Entre os novos negócios, está a aceleração do desenvolvimento da transportadora digital Motz e dos serviços Verdera, dedicado à gestão de resíduos e coprocessamento, e Viter, de soluções agrícolas. Como parte desse plano, está também a elaboração de um PPA (contrato de aquisição de energia elétrica, na sigla em inglês) pelo prazo de 15 anos, que irá fornecer 100 MW médios de energia solar a partir de 2026. Nesse segmento está ainda a parceria com a Atlas Renewable Energy na formação de um novo parque solar em Paracatu (MG).

 HISTÓRIA E CRESCIMENTO AO LONGO DOS ANOS

Ayres Filho destaca também que a posição financeira da companhia é sólida, com baixo endividamento e perfil de dívida alongado, o que dá flexibilidade para cadenciar os investimentos à medida que os projetos vão amadurecendo, sem abrir mão da disciplina de alocação de capital e saúde financeira. “Sob a ótica financeira, o investimento de expansão em operações já existentes (conhecidos como brownfield, em inglês) maximiza nossa alavancagem operacional e nos permite obter retornos mais atrativos com um perfil de risco mais controlado”, completa. A Votorantim Cimentos também aposta no crescimento a partir de incorporações e associações. Nos últimos três anos, realizou seis fusões e aquisições, sendo que o plano de investimento para esse segmento gira em torno de R$ 4 bilhões, em um horizonte de cinco anos.

De acordo com Ayres Filho, isso poderia incrementar o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia entre 30% e 40%. “Preparamos a empresa para oportunidades que venham a surgir, tendo protagonismo onde iremos operar”, diz Ayres Filho. A empresa julga que sua distribuição geográfica é uma segurança contra flutuações do mercado.

Sua história começou na década de 1930 e hoje opera unidade em todas as regiões do Brasil, estando presente também em diversos países, de quatro continentes, entre eles, Argentina, Bolívia, Canadá, Espanha, Estados Unidos, Luxemburgo, Marrocos, Tunísia, Turquia e Uruguai, sendo considerada pelo Global Cement Report a sétima maior companhia do setor cimenteiro em capacidade instalada do mundo – cerca de 57 milhões de toneladas – e receita líquida de R$ 25 bilhões (2022).

No Uruguai, a empresa inaugurou no ano passado uma unidade de moagem e expedições de cimento, a Cemento Artigas, sociedade entre a Votorantim Cimentos e a empresa espanhola Cementos Molins, unificando sua atividade industrial no país com o novo projeto. De acordo com a Votorantim, a nova linha de produção é mais eficiente e sustentável, com a integração de equipamentos de última geração.

Votorantim Cimentos pertence 100% à holding Votorantim S.A., investidora com negócios em materiais de construção, finanças, alumínio, energia renovável, mineração e fundição, suco de laranja, infraestrutura, aços longos, imóveis, investimentos, gestão ambiental e transição energética. Juntas, as empresas investidas têm aproximadamente 500 unidades operacionais espalhadas pelo mundo, com cerca de 40 mil empregados diretos