Em resposta às preocupações relativas à possíveis rompimentos de barragens, além do compromisso com a redução de impactos ambientais de forma geral, muitas mineradoras estão optando por filtrar os rejeitos provenientes do processo de beneficiamento.

No processo de separação sólido/líquido, os rejeitos passam por processos de desaguamento, que visam reduzir a concentração de água, criando um material mais consistente do ponto de vista reológico.

“A filtragem do rejeito e o seu posterior empilhamento possibilitam que quantidade significativamente maior de material possa ser armazenada na mesma área, quando comparado com o rejeito disposto em forma de barragens convencionais. As etapas adicionais necessárias para desaguar o rejeito incluem o espessamento e a filtragem, que, inevitavelmente, aumentam o custo do processo comparando-se às formas convencionais de disposição. No entanto, quanto menos húmido o material, maior o aproveitamento do recurso hídrico para retornar ao processo de beneficiamento, sem falar da
redução de impactos ambientais, como liberação de possíveis produtos químicos para o meio ambiente, mitigando o risco de contaminação e o custo de reabilitação das áreas afetadas – além de aspectos significativamente maiores da segurança”, afirma Thiago Machado, gerente da linha DELKOR da TAKRAF Brasil.

Vantagens adicionais para implementação da filtragem de rejeitos de mineração incluem: menor área necessária para deposição; manuseio e empilhamento beneficiam a operação em escala; potencial de utilizar áreas com taludes mais acentuados; baixo teor de umidade da torta reduzindo o potencial de drenagem ácida; menor propensão a forças estáticas e sísmicas dos rejeitos empilhados, reduzindo o risco de falhas; menor custo de reabilitação das áreas utilizadas após o fechamento da área de empilhamento do material; maior conscientização social e comunitária; e menores riscos podendo resultar em licenças mais rápidas, além de contribuir para a viabilidade econômica do projeto.

Os métodos de recuperação e reutilização da água são ainda mais essenciais em climas áridos, onde a água é escassa ou insuficiente.

Em outras áreas, as legislações ambientais sobre o uso da terra apontam para rejeitos filtrados empilháveis como a opção viável para receber a licença para iniciar as operações da mina. Thiago Machado ainda afirma que os rejeitos filtrados são uma solução ideal quando é necessária a reutilização da água, quando a liberação de licenças governamentais a requer, quando é necessário aumentar o grau de proteção ambiental e quando a construção de
barragens é economicamente a solução mais cara ou tecnicamente impossível. Muitas vezes, a operação necessita de uma fonte próxima para fornecer continuamente água para as operações de beneficiamento, o que nem sempre está disponível, ou não possui a quantidade necessária.

Dada a condição atual da mineração – com menor teor do minério de interesse econômico, escassez de água e maior conscientização ambiental e social – a inovação no gerenciamento de rejeitos se torna cada vez mais imperativa, para manter a lucratividade nas minas existentes ou garantir a viabilidade de novas operações. O empilhamento de rejeito filtrado, com todos os desafios que ele impõe, é a técnica mais indicada para resolver muitos dos problemas causados pelas barragens convencionais.