A união da cadeia produtiva da mineração, o incremento da cooperação entre países mineradores, a preservação da segurança jurídica e o estímulo a pesquisa mineral são alguns dos caminhos para estabelecer avanços nos processos produtivos, e, consequentemente, aperfeiçoar a segurança operacional das mineradoras.
A afirmação é do presidente do Conselho do Instituto Brasileiro de Mineração, Wilson Brumer, na abertura do evento “Fornecedores de Tecnologias para gestão e manejo de rejeitos de mineração”, em Belo Horizonte (MG), nesta quarta (5/6).
O evento promove a apresentação de novas tecnologias voltadas à gestão e ao manejo de rejeitos minerais por 38 empresas e entidades de várias partes do país e do exterior. O encontro é realizado pelo IBRAM, em parceria com o CREA-MG, com apoio do Ministério de Minas e Energia.
Segundo Wilson Brumer, esta iniciativa de aproximar os fornecedores de tecnologia das mineradoras é uma das ações que o setor mineral adota em resposta ao clamor da sociedade em prol de uma mineração mais segura para as pessoas e a natureza.
“Temos que lamentar profundamente as consequências dos rompimentos de barragens que ocorreram e avaliar o que foi feito de errado e tomar providências para melhorar. Não podemos deixar que tais fatos caiam no esquecimento e devemos trabalhar para incorporar novas tecnologias, novos processos ao setor mineral para que a sociedade volte a acreditar na mineração, que é, ainda, um setor desconhecido, principalmente, na sua importância para o dia a dia de todos e ao desenvolvimento do país”, disse.
Ele lembrou que o IBRAM apoia as investigações em curso e as demandas por mudanças na mineração, mas ponderou que esses fatos, que envolveram empreendimentos de mineração de ferro, não se aplicam aos demais segmentos da indústria da mineração.
Em um primeiro momento, quando há uma grande comoção pelo ocorrido, disse o dirigente, é compreensível que haja uma generalização da situação para todo o setor mineral, porém isso não é compatível com a realidade. “O setor como um todo foi demonizado e temos que reverter este quadro”, afirmou.
Wilson Brumer criticou tentativas de se punir todo o setor mineral por meio da elevação dos custos da atividade, via tributação e encargos, tendo como justificativa os episódios de rompimento de barragens.
“Há movimentos que confundem penalização com tributação. Quem age errado deve receber sua punição, mas não se pode mudar as regras de um setor aleatoriamente porque isso traz enorme insegurança jurídica e inibe a atividade mineral existente, os investimentos futuros no setor e as contribuições que presta ao país”, disse.
Ele, no entanto, advertiu que as soluções para os desafios de gestão e manejo de rejeitos minerais não são simples porque, mesmo que haja utilização dos rejeitos como insumos para outras atividades econômicas, ainda assim haverá necessidade de estocagem, seja em barragens, seja em cavas ou via empilhamento a seco, entre outros meios. Isso porque a escala de produção mineral é expressiva.
O presidente do Conselho Diretor do IBRAM entende que é preciso enfatizar a cooperação e a troca de informações e experiências com empresas e entidades nacionais e estrangeiras, uma vez que outros países enfrentaram e ainda enfrentam desafios para aperfeiçoar os processos produtivos da mineração.
“Canadá, Austrália e outras nações tiveram problemas similares enfrentados no Brasil e todos esses países, inclusive o nosso, também têm experiências positivas a compartilhar. O interesse em transformar a mineração é mundial”, afirmou.
A participação de profissionais da Química para resolver os desafios da existência de barragens de rejeitos químicos (alguns dos quais perigosos) é indispensável.
Recomendo a leitura do nosso artigo “A importância estratégica dos Químicos Industriais e Ambientais” em duas partes nas edições de números 573 e 574 da revista “Química e Derivados”.
Vide:
https://https://www.quimica.com.br/ano-li-n-573/ e https://www.quimica.com.br/ano-lii-n-574/