As negociações entre mineradoras e siderúrgicas sobre o preço do minério de ferro, que começaram informalmente esta semana, devem terminar com o primeiro corte do preço da commodity em sete anos, determinado pelo desaquecimento global da economia, segundo analistas. A avaliação dos especialistas é que as discussões devem esquentar nas próximas semanas e prometem ser uma das mais longas da história do setor.

Segundo fontes da área, representantes da Vale e de mineradoras australianas devem se encontrar essa semana com executivos de siderúrgicas japonesas para discutir o reajuste do minério. Entretanto, o mercado não espera um desfecho no curto prazo.

A negociação mais longa já traçada entre os dois setores foi em 2006, quando o reajuste de 19% só foi fechado em 21 de junho. Ainda não há um consenso entre os especialistas sobre o tamanho do corte do preço do minério. O chefe da área de análise da Brascan Corretora, Rodrigo Ferraz, por exemplo, trabalha com uma queda de 10%. Entretanto, o executivo não descarta uma redução ainda maior.
Segundo ele, o cenário hoje é muito incerto e isso vai se traduzir ao longo das negociações.

“Você hoje vê um descompasso entre possíveis interesses no fechamento da negociação. Acho que o ideal é esperar um pouco. O mundo inteiro precisa ter uma noção melhor do que aconteceu com os dados macroeconômicos. Assim, você terá uma melhor condição de avaliar como anda seu volume de venda, de geração de caixa e endividamento”, afirma Ferraz.

A expectativa é de que as mineradoras busquem adiar ao máximo um acordo a espera de indicadores que possam mostrar uma recuperação da demanda e, com isso, negociar uma redução menor no preço do minério. Tradicionalmente, as conversas começam em novembro, mas os estragos provocados pela crise mundial acabaram trazendo muitas incertezas para os dois lados da mesa de negociação.

Jornais asiáticos divulgaram que siderúrgicas da região estão pedindo um corte de 40% nos preços para 2009, alegando que a demanda de clientes como fabricantes de automóveis e da construção civil despencou desde que a crise mundial se aprofundou, a partir de setembro. No mercado à vista (spot) de minério de ferro, o preço que chegou ao pico de US$ 200 por tonelada, caiu para US$ 60 em outubro e atualmente gira na casa de US$ 80.

No início de 2008, quando o cenário era completamente inverso, a Vale conseguiu um aumento entre 65% e 71% no preço do minério, enquanto as concorrentes australianas acertaram um percentual ainda maior, que girou em torno de 90%. O analista Pedro Galdi, da SWL Corretora, também aposta em um longe período negociação.
Fonte: Padrão