Com expansão, produção de areia e brita da pedreira Beira Rio irá atingir 600 mil t por ano
Aportes serão destinados ao aumento da capacidade produtiva da matriz e a construção de novas unidades em Minas Gerais
Visando a atender a demanda do setor de construção civil em Minas Gerais, a pedreira Beira Rio irá investir R$ 41 milhões para aumentar a sua produção de agregados (areia e brita) para 600 mil t por ano. Em paralelo, a companhia que tem matriz em Uberaba (MG), pretende construir duas novas plantas nos municípios mineiros de Araxá e Patrocínio – esta última cidade não possui pedreira em operação, necessitando comprar agregados de Uberlândia.

Parte dos recursos, que terão até 80% de financiamento do BNDES, está sendo aplicada para a aquisição de equipamentos, como caminhões, escavadeiras e carregadeiras – hoje, aproximadamente 300 caminhões da empresa circulam diariamente pelas estradas do Triângulo Mineiro, transportando pedras, britas e outros insumos para mais de 27 municípios da região.

“Estamos apostando no crescimento da cidade e investindo pesado a fim de atender Uberaba e região neste momento em que chegam grandes investimentos como planta de amônia (pertencente à Petrobras), condomínios novos, loteamentos, shoppings”, afirma Artur Braghetto Barillari, diretor-presidenteda Pedreira Beira Rio.

Em dezembro, a Sotreq, parceira da pedreira há mais de 25 anos e revendedora Caterpillar, entregou uma escavadeira 323D2L e uma carregadeira de rodas 938K. Em janeiro, foram entregues mais uma unidade de cada modelo para as operações da matriz, em Uberaba.

De acordo com o diretor, com as novas máquinas, a empresa conseguiu aumentar a movimentação e extração de materiais e também reduzir em 16% o consumo de combustível e, consequentemente, o custo operacional. “A redução é consequência da renovação e modernização da frota; uma série de máquinas de nova geração, mais potentes e com menor consumo de combustível, gerando economia e redução do custo da nossa operação”, destaca Barillari.

Toda a frota da pedreira dispõe de manutenção preventiva, o que facilita o gerenciamento de sua vida útil e a alta disponibilidade, por meio de intervenções periódicas que visam a evitar paradas não programadas. Além disso, o monitoramento via satélite das máquinas permite acesso remoto a informações relacionadas à localização, ao consumo de combustível e às falhas registradas em operação.

Setor espera retomadadas obras de infraestrutura
A produção de areia e brita, em 2014, foi de aproximadamente 740 milhões t, ficando abaixo das 745 milhões t produzidas no ano anterior, de acordo com levantamento da Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção Civil (Anepac).

Para Fernando Valverde, presidente da Anepac, as paralisações para os jogos da Copa do Mundo e a não realização de todos os leilões de concessões para as obras de infraestrutura impactaram na produção do setor.O aumento da taxa de juros reduz a demanda por crédito e diminui a aquisição de habitações. Em relação à infraestrutura pode-se apontar que não foram realizados leilões de concessões no nível adequado em 2014 e também houve um menor número de dias úteis trabalhados devido à Copa do Mundo”, afirma Valverde.

Apesar da previsão de crescimento modesto para 2015, Valverde afirma que há projetos importantes em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e em Estados das regiões Norte e Nordeste. Segundo ele, a capacidade produtiva instalada do setor de areia e brita, que é de 870 milhões t por ano, ainda não está totalmente ocupada. “Uma revisão de nossas expectativas permite projetar um crescimento praticamente nulo no período 2014/2015. Posteriormente, projetamos uma retomada entre 3% a 4% ao ano, pelos próximos cinco anos. O consumo anualper capitadeverá se elevar os atuais 3,7 para 4,2 t agregados”, ressalta o executivo.

Restrições preocupam produtores
Com a previsão de votação do Marco Regulatório da Mineração este ano, as companhias produtoras de areia e brita devem reafirmar as suas propostas para a elaboração de uma legistação que possa permitir o desenvolvimento das suas atividades em áreas urbanas, considerando todas as exigências legais em relação à preservação do meio ambiente.

“O setor defende uma legislação equilibrada para dar suporte ao aproveitamento econômico de bens minerais de baixo valor agregado, no prevalecimento e incidência de carga tributária adequada às características do setor e na estruturação de um poder ágil nas respostas às demandas para consolidação de direitos minerários”, afirma Fernando Valverde.

Antero Saraiva Junior, presidente do Sindicato das Indústrias de Extração de Areia do Estado de São Paulo (Sindareia), afirma que a preservação do Meio Ambiente deve ser compatibilizada com a extração mineral, por meio de técnicas adequadas de recuperação, e fiscalização dos impactos ambientais.

“Já existem casos de Prefeituras que simplesmente proibiram a extração de areia em seu território, mesmo possuindo jazidas abundantes e sendo municípios consumidores do produto para obras públicas e privadas. Se tal tendência se alastrar – e novos casos estão surgindo – poderemos chegar à situação de desabastecimento do produto nesses municípios, com as consequências previsíveis”, ressalta Saraiva.

Na mesma linha, Tasso de Toledo Pinheiro, presidente do Sindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada do Estado de São Paulo (Sindipedras), se diz preocupado com as restrições impostas à mineração. “O setor de agregados é fundamental para o crescimento do País, pois é o insumo principal das grandes obras de infraestrutura. Precisamos de uma regulamentação que proteja as reservas de bens minerais para os próximos anos”, afirmou Pinheiro – o Sindipedras completou 40 anosem dezembro do ano passado, sendo o mais antigo sindicato de produtores de agregados para a construção do País.

No ano passado, diretores da Anepac e do Sindipedras se reuniram com o relator do marco regulatório da mineração, o deputado federal LeonardoQuintão(PMDB-MG), para apresentar as considerações do setor em relação à nova legislação, especialmente aquelas que poderiam causar grande impacto como o prazo de lavra, delegação do poder de outorga, alíquota da CFEM (Compensação Financeira pela Exploração dos Recursos Minerais) e o planejamento territorial.