Análise dos resultados das 40 maiores mineradoras revela lucro, ações e preços em queda
Ao longo da última década, as ações das companhias de mineração estiveram em alta, mas essa tendência mudou recentemente. Em 2012, o valor de mercado das mineradoras teve ligeira queda, trajetória que se intensificou este ano. Nos quatro primeiros meses de 2013, a queda é de quase 20%, segundo a análise dos resultados das 40 maiores mineradoras do mundo feita pela PwC.
De acordo com o relatório “Mine 2013 – A confidency crises”, o setor enfrenta uma crise de confiança, lançando incertezas quanto à capacidade de controlar custos, de melhorar o retorno sobre o capital e de que os preços das commodities não entrem em colapso comprometendo os resultados.
Apesar de 2012 ter sido um ano turbulento no que diz respeito aos preços dascommodities, a análise das 40 maiores mineradoras feita pela PwC mostra que a capitalização de mercado se manteve estável, encerrando o ano praticamente no mesmo valor do início de 2012: US$ 1,2 trilhão. No entanto, esse cenário não se repetiu para as mineradoras que atuam no segmento de extração de ouro. As mineradoras de ouro pertencentes ao grupo das 40 maiores do mundo perderam US$ 29 bilhões em 2012, enquanto, nos quatro primeiros meses de 2013, a queda acumulada no valor de mercado chega a mais de US$ 58 bilhões. Em abril, foi registrada a maior queda nos preços de venda, com a maior redução percentual em um único dia nos preços do ouro desde 1980 – volatilidade essa no curtíssimo prazo.
“Nos últimos cinco anos, notamos que o peso do minério de ferro no faturamento das 40 maiores passou de 20%, em 2007, para 37% no ano passado”, afirma o sócio da PwC Brasil, Ronaldo Valiño, líder de mineração. Ele destaca também que Brasil e Austrália passaram a ter maior participação na produção de minério de ferro. Em 2007, os dois países eram responsáveis por 44% da produção mundial (28% na Austrália e 16% no Brasil); em 2012, esse índice chegou a 63% (45% na Austrália e 18% no Brasil).
Troca de CEO
Outro aspecto que chama a atenção é a intensificação das trocas no comando das companhias. Nos últimos 12 meses metade das 10 maiores mineradoras do mundo trocaram seu CEO. A biografia dos novos líderes reflete a valorização do domínio operacional e a experiência em mineração em detrimento doexpertiseem fazer transações. Este também é um sinal claro de que há mudanças significativas a caminho. De acordo com o líder global de mineração da PwC, Tim Goldsmith, “no lado da demanda, os fundamentos de longo prazo ainda estão lá, mas a recuperação da confiança dos investidores depende de como a indústria de mineração responderá aos seus custos crescentes, preços das matérias primas cada vez mais voláteis e outros desafios, como as legislações locais e a dúvida sobre a capacidade dos novos CEOs de cumprir as suas metas”.
Mesmo com a confiança abalada no curto prazo, nem tudo são más noticias: os volumes de produção e os dividendos estão em alta e, ainda que os preços estejam em queda, eles não despencaram – ou seja, os fundamentos de longo prazo são positivos. “É importante reconhecer que a ênfase da indústria continua nos embarques. Pela primeira vez, metade das 40 maiores mineradoras são de mercados não-tradicionais. A China continua a ser o mais importante cliente da indústria, mesmo com a recente redução das taxas de crescimento no país”, avalia Goldsmith.
Os acionistas das mineradoras estão exigindo mais disciplina nos gastos e investimentos e retornos mais elevados. Oito das dez maiores mineradoras anunciaram que pretendem manter ou aumentar os níveis de dividendos. Segundo o líder global de mineração da PwC, as companhias estão tentando reconstruir a confiança do mercado reduzindo despesas de capital, aumentando as taxas de proteção desfazendo-se de ativos não essenciais. “Para todos os envolvidos, há uma mudança no sentido de maximizar os retornos, baseada no aumento da produção nas operações existentes por meio do gerenciamento de produtividade e melhora da eficiência”.
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