A utilização de rejeito de minério de ferro na produção de pré-fabricados na unidade de mineração da Vallourec começou em 2015. Porém, nos últimos tempos, a empresa vem intensificando estudos para ampliar o uso do rejeito da mina Pau Branco, em Brumadinho (MG). Carzino Lopes, gerente de produção e manutenção na planta, explica como a empresa começou a dar outro destino ao rejeito. Em 2015, a adoção de dois filtros prensa da Matec, de 75 t cada, no desaguamento de rejeito deu início à desativação da barragem.
O ciclo de prensagem do filtro leva de 15 a 20 minutos, com 360 bar de pressão. O material sólido é separado da água e empilhado de forma segura e estável, o que diminui sensivelmente a necessidade da barragem – o material sólido é levado para o mesmo local onde é depositado o estéril.

A água recuperada na barragem que volta para o processo gira em torno de 90% – antes, não era mais de 70% de recirculação de água, conta Carzino. Assim, os custos de monitoramento, instrumentação e alteamento (o mais alto deles) da barragem foram sendo gradativamente eliminados.

O aproveitamento de parte desse rejeito tem sido destinado à produção de pisos intertravados, chegando a 500 m² por mês numa fábrica instalada dentro da planta de Brumadinho. Leandro Bruschi Giorni, um dos líderes desse projeto de aproveitamento do rejeito, conta que a Vallourec estuda ampliar a produção para revestimentos de talude, argamassas e pré-moldados de função estrutural, além de aditivo. Isso cria uma oportunidade de mercado para a empresa na área de insumos para construção civil, lembrando que ela originariamente extrai minérios de ferro para produção de tubos de aço sem costura para vários mercados. Ele ressalta, porém, que o projeto ainda é piloto.

A planta da Vallourec em Brumadinho tem ROM de 6,3 milhões t/ano e 4,3 milhões t/ano de produto final.

Além do abastecimento de minério de ferro para as unidades industriais do grupo Vallourec, a mina também atende empresas dos setores siderúrgico, guseiros e produtores de ferro-liga, além de outras mineradoras com foco em exportação.

A ideia do aproveitamento do rejeito surgiu no segundo semestre de 2015 e os testes tiveram auxílio do Cefet-MG (Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais). Corpos de prova foram feitos seguindo normas da ABNT, além de testes regulares de compressão.

Depois, montou-se na planta um local com equipamentos para produção de pisos intertravados para o aproveitamento do rejeito de minério de ferro – hoje, seis funcionários trabalham na atividade. No mesmo local foi iniciada a produção de meios-fi os e alas de contenção, totalizando um reaproveitamento mensal de cerca de 60t de rejeito.

Os pisos intertravados e meios-fi os podem ser utilizados na pavimentação de vias para tráfego de pedestres e veículos. Já as alas de contenção podem ser aplicadas para sinalização de vias de trânsito, por exemplo, para delimitar as faixas e áreas. Essas peças pré-fabricadas já têm sido usadas na própria área industrial da planta da mineradora.

A meta tem sido reutilizar o máximo possível de rejeitos para a produção dessas peças. Atualmente, são utilizadas cerca de 40 t de rejeito por mês para a produção de aproximadamente 21 mil pisos intertravados. A produção de meios-fi os e alas de contenção tem consumido cerca de 20 t mensais de rejeito.