A crise mundial continua fazendo vítimas. Depois de parar a produção de pelotas de minério de ferro nas usinas 3 e 4, a direção da Vale informou que mais duas terão o processo de produção parados (as usinas 5 e 6), a partir de hoje, em função da redução da demanda por minério no mundo todo.

A empresa já havia esclarecido, no início de novembro, que aproveitaria o momento para fazer a manutenção preventiva e corretiva nas usinas. A parada técnica é tida como normal para esse tipo de empresa. Porém o prazo de manutenção é mais rápido quando é feito por empresas terceirizadas, que, neste ano, perderão seus contratos. A Vale está fazendo a manutenção com os próprios empregados.

Cerca de 1,5 mil pessoas atuam nas sete usinas da Vale, que produzem em torno de 2,5 milhões de toneladas por mês.

A redução na produção foi divulgada ontem aos dirigentes da Federação das Indústrias (Findes), que se reuniram com a diretoria da empresa em Vitória.

Segundo o presidente da entidade, Lucas Izoton, a previsão da mineradora é de que, a partir de março, será possível retomar a produção em todas as usinas, caso o mercado volte a comprar minério acima do que está comprando agora.

Próximo passo
“A boa notícia é que a Vale não pretende alterar seus planos de construção da oitava usina, também no complexo de Tubarão”, explicou Izoton.

Poderá ocorrer atraso no início da operação, inicialmente previsto para ocorrer em agosto de 2010. A previsão, agora, é de que isso aconteça em dezembro de 2010.

Para o presidente do Sindicato dos Ferroviários (ES-MG), João Batista Cavaliglieri, a mineradora informou que não pretende fazer novas demissões – além das 1,3 mil já anunciadas nos 30 países onde a empresa atua, sendo 260 no Estado e outro tanto em Minas Gerais. “Neste momento tudo é preocupante, mas esperamos que as empresas e os governos façam a sua parte”.

Produção capixaba é a que mais cai
A produção industrial brasileira registrou queda em dez de 14 regiões do país em outubro, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As maiores variações foram as registradas no Espírito Santo (-5,7%), Rio Grande do Sul (-5,5%) e na região Nordeste (-5,1%).

Em outubro, a indústria capixaba recuou 5,7% frente a setembro e 2,7% em relação a outubro do ano passado. A boa notícia, segundo o presidente da Findes, Lucas Izoton, é que, no acumulado do ano, o Estado ainda está em primeiro lugar, com índice de crescimento de 12,9%.

O desempenho da indústria em outubro já traz reflexos da crise mundial sobre os setores de celulose, mineração, siderurgia e rochas ornamentais e alguma coisa da área metalmecânica, explicou Izoton. Na média do país, o acumulado do ano chega a 5,8%, o que mostra, segundo Izoton, o bom desempenho da indústria capixaba até antes do início da crise mundial.

No indicador mensal, no Estado, o decréscimo foi de 2,7%, o menor desde dezembro de 2005 (-3,0%). Nesse mês, três dos cinco ramos pesquisados apontaram taxas negativas: metalurgia básica (-21,4%), alimentos e bebidas (-15,4%) e celulose e papel (-6,6%).

Nesses ramos, vale destacar o recuo na fabricação de lingotes, blocos, tarugos ou placas de aços; bombons contendo cacau; e celulose, respectivamente. Em sentido contrário, o setor extrativo (19,2%) exerceu a maior contribuição positiva, impulsionado pelos itens minérios de ferro e gás natural.

O índice acumulado no ano apresentou crescimento de 12,9%, com expansão na produção em todas as atividades investigadas. As principais contribuições sobre a média da indústria vieram das indústrias extrativas (19,6%) e da metalurgia básica (21,5%), influenciadas, em grande parte, pelos itens minérios de ferro e lingotes, blocos, tarugos ou placas de aços.


Fonte: Padrão