O rompimento da barragem de Fundão, controlada pela empresa Samarco, no dia 5 de novembro de 2015, gerou diversos impactos ambientais, perdas pessoais e materiais, e também a diminuição da produtividade do complexo Mariana (Diretoria de Ferrosos Sudeste – DIFS), da Vale.
Foi necessário reestudar a rota de processo da mina de Alegria, propriedade da Vale, tendo em vista que a barragem de Fundão recebia também lama proveniente do processamento via úmida desta mina.
A mina de Fazendão, também da Vale, fornecia historicamente minério para mina de Alegria e para Samarco (respectivamente 25% e 75% do total de minério extraído em Fazendão).
Como alternativa para aproveitamento do potencial produtivo da mina de Fazendão, a Vale iniciou em novembro de 2015 estudos para implantação de uma nova unidade de britagem e peneiramento.
O projeto Britagem e Peneiramento de Fazendão é um empreendimento para implantação e operação de uma usina de cominuição de minério de ferro para a produção a seco de granulado (-38/+19 mm) e sinter feed (-19 mm), a partir de depósitos da mina de Fazendão, localizada na cidade de Catas Altas (MG). A instalação da usina faz parte dos esforços para retomada dos patamares de produção do
complexo Mariana.
A unidade está integrada a um empreendimento mineiro constituído pela mina, unidades de apoio operacional e administrativo,eletrocentro, centro de carga, linhas de transmissão, ferrovia, além das pilhas de estocagem e expedição.
A planta de britagem é constituída por um módulo de britagem móvel Lokotrack (disponibilizado pela Samarco em regime de comodato, incluindo uma lança Lokolink). A edificação de peneiramento está dimensionada para suportar duas peneiras BS 8’ x 21’ (fornecidas também em regime de comodato) e demais equipamentos.
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PENEIRAMENTO A SECO
Nesse processo, o material passa por peneiras, onde é feito a separação de acordo com uma especificação padrão de produto. Esta é uma das etapas mais importantes da produção: a classificação por peneiramento.
No beneficiamento a úmido, essa classificação utiliza a água para retirar as impurezas que prejudicam a qualidade final do produto.
Posteriormente, o material necessita passar por processos de desaguamento para retorná-lo a umidade natural para, enfim, ser comercializado. Já no processo a seco, a água é dispensada e após a britagem e o peneiramento, o material já está pronto para o mercado.
Além dos ganhos ambientais, já que a seco não é necessário construção de barragem, nem captação de água do meio ambiente, existe um ganho real na produtividade. Isto resultará em uma enorme economia de recursos: menos energia, menos etapas de produção, menos equipamentos e uma operação muito mais simples e segura para todos. Além disso, na via úmida sempre há perda de material, que é arrastado pela água e bombeado para enormes barragens de rejeito. Já a seco, 100% da massa é recuperada e comercializada (Vale S11D; 2016).
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PROJETO E IMPLANTAÇÃO
Foram cinco meses de obra, um investimento de US$ 5 milhões, que incluíram engenharia, construção de edificação de peneiramento, fabricação de transportadores, instalação de eletrocentro, dentre outros. O funcionamento desta planta permitirá uma produção anual de 6,6 milhões de t/ano de minério. O empreendimento foi conduzido pela Gerência de Engenharia de Manutenção de Equipamentos e Estruturas Industriais (GAFCS).PROJETO
O projeto foi estruturado conforme preceitos da metodologia FEL (Front End Loading).
As etapas foram configuradas: FEL 1 – Análise do negócio; FEL 2 – Seleção das alternativas (engenharia conceitual); FEL 3 – Planejamento de implantação (engenharia básica); e Implantação – Construção (engenharia detalhada).
As passagens de gate e deliverables gerais não foram formalmente emitidos, mas serviram de base para definição de atividades e riscos gerais na implantação do empreendimento.
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IMPLANTAÇÃO
A obra contou com o efetivo de 166 profissionais no pico (Junho/ 2016). Ao todo foram mobilizadas oito empresas responsáveis pela execução dos serviços de sondagem, fundações, montagem eletromecânica, revitalização e adequação do eletrocentro, construção do centro de carga, entre outras atividades.
Para redução do prazo e de custos de implantação reutilizou-se o eletrocentro Metta vertimill Timbopeba, ativo da Vale disponibilizado para o projeto. O eletrocentro passou por adequações e atendeu perfeitamente a demanda da planta. De maneira similar, reutilizou- se transformadores 13,8/4,16kV, 13,8/0,48 KV e 13,8/0,38 KV, disponíveis até então na mina de Alegria.
A edificação de peneiramento possui aproximadamente 19 m de altura. O arranjo dos equipamentos propicia condições adequadas de operação e manutenção da planta. O pé direito em cada uma das elevações é de no mínimo 2,2 m. Para escadas, a largura mínima é no mínimo 1,2 m seguindo os requisitos da NBR9077 e normas regulamentadoras.
Um dos principais pilares do empreendimento foi a política zero acidentes. O planejamento das atividades, treinamento e acompanhamento da execução resultou em bons resultados de saúde e segurança.
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CONCLUSÃO
Hoje, completados cinco meses de operação da Planta de Britagem e Peneiramento Fazendão, pode-se concluir que o empreendimento tem sido viável economicamente e estrategicamente para a Vale. Trouxe benefícios sociais, como a manutenção de empregos e geração de renda para os munícipios na área de influência do empreendimento.
A implantação do projeto foi extramente desafiadora, permitindo a produção de minério de ferro de qualidade com baixo custo operacional.
O baixo custo operacional se dá devido à proximidade da mina- usina-carregamento (baixo custo do transporte), processo simples e arranjo adequado. Estes fatores otimizaram a viabilidade do negócio, colocando a mina de Fazendão em lugar de destaque na diretoria de Ferrosos Vale. O empreendimento permitiu também a capacitação de mão de obra técnica de excelência com foco na qualidade, custo, prazo e segurança.
AUTORES: Jader dos Santos Miranda, Claudley Quaresma e Ronaldo Jabour.
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