A Vale inaugurou no dia 12 de dezembro em Vitória (ES) a primeira fábrica do mundo de briquete, um aglomerado de minério de ferro. A mineradora afirma que tem cerca de 30 clientes interessados em receber o produto em 2024, a maior parte da Europa e do Oriente Médio, embora haja interessados em outros locais, inclusive do Brasil. O investimento do projeto, que inclui duas plantas, é de R$ 1,2 bilhão.

A nova fábrica nasce a partir de uma usina de pelotização convertida e está instalada em Tubarão, complexo industrial que integra mina, ferrovia e porto. Uma segunda planta na mesma unidade área tem inauguração prevista para o início de 2024. Juntas, elas terão capacidade de produzir 6 milhões de toneladas anuais. Ao longo do próximo ano, as duas fábricas produzirão cerca de 2,5 milhões de toneladas até, gradativamente, atingir a capacidade máxima.

De acordo com a companhia, o briquete desenvolvido pelos seus pesquisadores reduz em até 10% as emissões de gases de efeito estufa. Isso porque ele é produzido a partir da aglomeração a baixas temperaturas de minério, emitindo menos particulados e gases como dióxido de enxofre e óxido de nitrogênio quando comparado aos processos tradicionais de aglomeração. O método dispensa o uso de água. 

O briquete é resultado de quase duas décadas de pesquisa no Centro de Tratamento de Ferrosos (CTF) da Vale, em Nova Lima (MG). A ideia de aglomerar minério de ferro por meio da briquetagem não era nova, mas os pesquisadores tinham dificuldade de garantir que o produto mantivesse a integridade no alto-forno. Os técnicos da Vale desenvolveram uma solução de aglomerantes que resolveu esse problema.

A cadeia produtiva do aço é responsável por cerca de 8% a 10% das emissões de gases de efeito estufa no planeta. Com a nova tecnologia do briquete, a Vale avança em sua estratégia de reduzir em 15% as emissões específicas até 2035. A empresa tem acordos firmados para oferecer soluções de descarbonização a mais de 50 clientes, responsáveis por 35% dessas emissões. Ela também busca reduzir suas emissões líquidas de carbono diretas e indiretas em 33% até 2030, como primeiro passo para zerar suas emissões líquidas até 2050.

“Estamos oferecendo um produto que apoiará nossos clientes, os fabricantes de aço, a se adequarem às metas de redução de emissões que estão sendo adotadas por governos em todo o mundo, contribuindo para o combate à mudança climática”, afirmou na inauguração da fábrica o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo.

Em nota, o vice-presidente executivo de soluções de minério de ferro da Vale, Marcello Spinelli, acrescentou que o interesse demonstrado pelos clientes deixa a mineradora confiante de que o briquete veio para revolucionar a produção de aço, com a possibilidade de produção com emissão zero futuramente. 

“A descarbonização da siderurgia se dará em etapas. Na primeira, nossos clientes estão buscando formas de aumentar a eficiência operacional na rota de alto-forno, reduzindo o gasto de energia e, consequentemente, diminuindo emissões de CO2. Nesse estágio, o briquete já faz diferença. Já na etapa final, quando o hidrogênio verde estiver disponível, o briquete contribuirá para a produção de aço de zero emissão, o que será feito por meio da rota de redução direta, considerada mais limpa que a do alto-forno”, frisou.

Para o presidente da Vale, as novas fábricas de briquete contribuem também para colocar a indústria nacional em novo patamar. “Estamos induzindo a neoindustrialização do Brasil, que será baseada na indústria de baixo carbono, e cumprindo mais uma vez a vocação da Vale de âncora do desenvolvimento regional”, afirmou Bartolomeo.