Mina de ferro Kiruna, na Suécia, chegou a atender a 90% da demanda na Europa
Moradores de Kiruna terão que se mudar por causa da expansão da maior mina de ferro subterrânea do mundo
A mina de Kiruna, uma das campeãs no custo de produção por tonelada, realiza investimentos sistemáticos em novas tecnologias
Hatfield, última mina profunda de carvão em produção vai encerrar suas operações na Inglaterra

As cidades não gostam de se mudar. Mas é exatamente o que Kiruna, ao norte da Suécia, vai fazer, para não ser engolida pela maior mina de ferro subterrânea do mundo — e por sinal, uma das campeãs no custo de produção por tonelada. Os 23 mil habitantes terão que se mudar para uma nova Kiruna. A mina foi fundada em 1900 e se manteve lucrativa por décadas a fio, com investimentos sistemáticos em novas tecnologias, mas ao seguir a zona mineralizada as frentes de lavra chegaram praticamente ao subsolo da cidade atual.

Localizada a 145 km dentro do círculo Ártico, Kiruna é inóspita no inverno com temperatura a -15 ºC, mas sua produção de minério de ferro chegou a atender a 90% da demanda na Europa. Em 2004, começaram os estudos para se construir uma cidade nova para onde vão se mudar seus moradores até 2033.

Uma nova praça está sendo construída 3 km ao leste, para onde 20 edifícios identificados como históricos serão desmontados e reconstruídos no local, como um Lego gigante. A igreja de madeira marrom avermelhada, erguida em 1912, será realocada para um novo parque. Ela já foi considerada como a construção antiga mais bela da Suécia.

A LKAB reservou 320 milhões de libras para construir uma nova faculdade, estação de bombeiros, centro comunitário, biblioteca e uma piscina pública. Mas as novas moradias são o maior problema, porque os moradores pagavam alugueis simbólicos e tinham alta renda. Embora a mineradora tenha se disposto a indenizar os proprietários com 125% do valor das casas, muitos consideram esse valor insuficiente.

O pior é o que a Kiruna atual, de ruas suburbanas curvas com casas dotadas de jardins, não se parece com o projeto novo onde pequenos edifícios ficam em torno de espaços comunitários, ao longo de ruas retas. Essa mudança ainda promete muitas discussões. Nenhum trabalhador quer parar a mina, mas como largar uma casa e viver num apartamento?

Enquanto isso, a última mina profunda de carvão em produção vai encerrar operações na Inglaterra. A produção de carvão atingiu o auge pouco antes da 1ª Guerra Mundial e era o motor da Revolução Industrial inglesa. Empregavam um milhão de homens e meninos. 23 minas fecharam em 1985, após uma greve de um ano e a privatização da indústria; 16 encerraram as portas em 1989; mais 14 pararam em 1991. Agora há apenas três minas profundas operando, empregando dois mil mineiros, inclusive 436 em Hatfield, que vai fechar.

A produção termelétrica do país vai continuar queimando carvão, mas o importado da Austrália ou Colômbia. Os sindicatos protestam e apontam para essa dependência do carvão do exterior. Eles gritam: porque não se usa parte do nosso carvão!

Tudo se resume no custo por tonelada extraída, aplicando-se tecnologias de última geração e contando-se com operadores treinados. Neste cenário de preços sob pressão e custos em alta, o governo brasileiro, nos três níveis, precisa repensar a carga de taxas e impostos e contribuições que incide sobre a produção mineral do País. Seria insano matar as galinhas que ainda estão pondo ovos.