RIO – A Anglo American pretende investir US$ 16 bilhões no Brasil nos próximos dez anos para que a produção de minério de ferro da empresa no país atinja 100 milhões de toneladas anuais. O projeto da companhia anglo-sul-africana é incrementar a produção global do insumo a 150 milhões de toneladas por ano até 2017, o que a deixaria com participação de 10% no mercado transoceânico do produto.
A produção atual da mineradora é de 31 milhões de toneladas de minério de ferro, concentrada na África do Sul, o que representa cerca de 3% do mercado mundial do produto. O salto para os 100 milhões de toneladas produzidas no Brasil em 2017 se daria a partir dos ativos adquiridos da brasileira MMX, por US$ 5,5 bilhões.
Para cumprir a meta dos 100 milhões de toneladas anuais, no entanto, a empresa deve utilizar parte dos US$ 16 bilhões para ampliar a capacidade dos projetos já existentes e para prospectar novas reservas. A presidente da Anglo American, Cynthia Carroll, explica que a maior parte deste crescimento na produção deve vir do Sistema Minas-Rio. O projeto, que faz parte do pacote comprado da MMX, tem o início da produção previsto para 2009 e projeção de chegar a 26 milhões de toneladas em 2011. O minério de ferro será escoado por um mineroduto com capacidade anual de 26,5 milhões de toneladas e 525 quilômetros de extensão até o Porto do Açu, no litoral norte do Rio de Janeiro.
“Continuamos o processo de exploração no Brasil, mas a maior parte do saldo para atingir os 100 milhões de toneladas deve vir do Sistema Minas-Rio”, frisou Cynthia, afirmando que a empresa tem interesse em fornecer minério para a siderúrgica que deve ser instalada no porto fluminense.
No Amapá, o projeto MMX Amapá prevê a produção de 6,5 milhões anuais de minério de ferro. O restante do crescimento para que a empresa atinja 150 milhões de toneladas anuais de minério de ferro deve vir, segundo Cynthia, de investimentos na mina de Kumba, na África do Sul.
A executiva não acredita que os preços do minério de ferro continuarão com os atuais níveis “indefinidamente”, mas pondera que o crescimento do mercado nos últimos anos tem sido puxado pela China, o que coloca em segundo plano a atual crise nos mercados internacionais.
“A China tem sido o grande impulsionador do mercado, com crescimento contínuo e forte demanda, particularmente no minério de ferro”, ressaltou a executiva, acrescentando que a aceleração da produção tem por objetivo aproveitar os atuais patamares do preço do minério de ferro.
Atualmente, a Anglo American tem projetos no Brasil nas áreas de fosfato, ferro-níquel e ferro-nióbio, além dos ativos adquiridos da MMX. A companhia emprega 3.800 pessoas no país, onde está presente desde a década de 1960. Na América do Sul, a empresa está presente ainda na exploração de cobre no Chile, em projetos de níquel na Venezuela e de carvão na Colômbia.
A presidente da companhia preferiu não comentar sobre expectativas para o reajuste dos preços do minério de ferro para este ano e, embora não tenha descartado a possibilidade de adquirir outras mineradoras, frisou que o foco da companhia “é na própria Anglo” e no crescimento orgânico.
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