Unidade da Royal Gipso se beneficiou da implantação desse processo com reflexos positivos também na parte ambiental

Implementado na mina Ponta da Serra, localizada em Araripina (PE) e pertencente à Mineração Royal Gipso, o trabalho “Aplicação da terrace mining para otimização da lavra de gipsita na região do Araripe” foi um dos contemplados pelo 18° Prêmio de Excelência da Indústria Minero-metalúrgica Brasileira da revista Minérios & Minerales.

O projeto, que foi concluído no final de 2013, visou demonstrar os benefícios operacionais, econômicos e ambientais ocorridos com a mudança do método de lavra do tipo “Open Pit Mining” para o “Terrace Mining” na lavra de gipsita da empresa. O trabalho foi elaborado pelos engenheiros da Royal Gipso: Júlio César de Souza, Ricardo Alves da Silva, Flávia de Freitas Bastos, Suelen Silva Rocha e Hermeson Carneiro Rodrigues.

O método Terrace Mining foi implementado, basicamente, para atender uma necessidade espacial da mina, uma vez que, o aumento da área de explotação estava superando os limites territoriais da concessão de lavra. Portanto, baseado em minerações de explotação de depósitos tabulares superficiais, e com a finalidade de reduzir as despesas operacionais e o passivo ambiental da mina Ponta da Serra, implantou-se esse novo método.

Após a mudança do método de lavra foi realizado um estudo de tempos e movimentos para comparar os reais benefícios dessa nova metodologia em relação ao antigo método, o Crater Mining.

Com a aplicação do método de lavra Terrace Mining, o ciclo de operações unitárias de desmonte do minério permaneceram as mesmas. As diferenças referem-se essencialmente ao modo de execução da operação de descobertura e deposição do material estéril, principalmente a rota de transporte do estéril na Terrace Mining, que implica na otimização do transporte de estéril devido à mudança do local de deposição do estéril para um local mais próximo à frente de descobertura, permitindo assim a redução pela metade do número de caminhões, além da possibilidade de recuperação ambiental da área já minerada na cava concomitantemente à lavra.

Com a substituição do método de lavra Open Pit – Crater Mining para o método Terrace Mining, a principal mudança ocorreu na operação de decapeamento, especificamente no sistema de deposição do material estéril. O custo para aquisição de uma área para locação do bota-fora era de aproximadamente R$ 71.000,00, e situava-se a uma distância de 3,5 km, o que aumentaria o valor unitário do frete em 60%; como na operacionalização do Terrace não há necessidade de aquisição dessa área, e esse custo foi eliminado.

Na comparação de custos da escavadeira hidráulica, o levantamento da operação de descobertura permitiu concluir que a escavadeira utilizada à época da operação do Crater Mining (R330LC-9S, da Hyundai), com a capacidade de concha de 1,7 m³, estava superdimensionada para a operação, visto que um volume de caçamba de 0,7 m³ era suficiente para atender a produção desejada. Assim, a escavadeira adequada para esta operação é a R220LC-9, com concha de 1,2 m³, que é o equipamento disponível na região. A substituição da escavadeira, ao final de 1 ano, possibilitou uma redução de custo de R$ 99.240,00 na operação de descobertura.

Na comparação de custos com o transporte do material estéril, o tempo de ciclo na operação do Crater Mining era 12 minutos para uma distância média de transporte de 705 m. Neste caso, era, necessários 4 caminhões de 16 m³ para atender a produção desejada. Com a aplicação do Terrace Mining chegou-se a um tempo total de ciclo de 7,73 minutos, reduzindo-se a distância de transporte de estéril para cerca de 400 m. Neste caso, são necessários apenas 2 caminhões de 16 m³ para atender a produção desejada (redução de 50% na frota de caminhões).

Considerando-se que o valor do frete de transporte é igual para os dois métodos (R$ 18,50 por viagem até 1.000 m) e que o número de viagens também não varia para os dois métodos (73 viagens por dia), inicialmente o custo total de transporte permaneceu constante (R$ 33.586,75) para ambos os métodos. Entretanto, devido à diminuição da distância de transporte para o método Terrace Mining, houve uma redução no consumo com o óleo diesel de cerca de 57%, o que implicou na redução do valor do frete para R$ 11,10.

Com a adequação dos equipamentos, redução dos custos operacionais, diminuição da distância de transporte de estéril e a utilização da área já minerada como depósito de estéril, estima-se uma redução de anual de despesas da ordem de R$ 330.000,00 utilizando o método de lavra Terrace Mining.

Conheça os autores do projeto

Júlio César de Souza: Engenheiro de Minas, Doutor em Engenharia, Prof. Departamento de Engenharia de Minas, Universidade Federal de Pernambuco.
Ricardo Alves da Silva: Engenheiro de Minas, Mestre em Engenharia Mineral, Pós-graduando (doutorado) da Universidade Federal de Pernambuco.
Flávia de Freitas Bastos: Engenheira de Minas, Mestre em Engenharia Mineral, Prof. Curso Técnico de Mineração, Instituto Federal de Educação Tecnológica do Piauí, Responsável Técnica da Mineração Royal Gipso.
Suelen Silva Rocha: Engenheira de Minas e Meio Ambiente graduada pela Universidade Federal do Pará, Pós-graduanda (mestrado) da Universidade Federal de Pernambuco.
Hermeson Carneiro Rodrigues: Engenheiro de Minas e Meio Ambiente graduado pela Universidade Federal do Pará, Pósgraduando (mestrado) da Universidade Federal de Pernambuco

Leia na íntegra o trabalho “Aplicação da Terrace Mining para otimização da lavra de gipsita na região do Araripe”

Fonte: Revista Minérios & Minerales