Menor custo é um dos diferenciais desse tipo de estrutura para transporte, que no casoda Anglo American tem tubulação projetada para durar mais de 30 anos

Com capex atualizado para US$ 8,8 milhões, o principal projeto mundial da Anglo American, o Minas-Rio, está com 65% das obras finalizadas e tem previsão para início das operações para o final de 2014. Em sua primeira fase, o projeto atingirá uma capacidade de produção de 26,5 milhões t de minério de ferro.

O empreendimento inclui uma mina de minério de ferro e unidade de beneficiamento em Conceição do Mato Dentro (MG) e Alvorada de Minas (MG); um terminal de minério de ferro do Porto de Açu, no qual a mineradora é parceira da LLX com 49% de participação, localizado em São João de Barra (RJ); e o maior mineroduto do mundo com 525 km de extensão, que atravessa 32 municípios mineiros e fluminenses e liga as instalações da planta de beneficiamento no município de Alvorada de Minas, à planta de filtragem e terminal de minério de ferro no Porto do Açu. O sistema de dutos registra 72% de obras finalizadas e já foram abaixados aproximadamente 251 km de tubos e abertas 402 km de pistas para a implantação do mineroduto.

De acordo com o gerente geral de Pré-operação do Minas-Rio, Fernando Lage, o principal motivo para construção do sistema foi o baixo custo operacional, comparado ao transporte de minério de ferro através de ferrovia, bem como o baixo impacto ambiental, a capacidade de transportar grandes volumes e o baixo índice de acidentes de trabalho na fase de operação.

As tubulações são constituídas de aço de carbono API 5LX70 – aço de alta resistência e baixa liga (ARBL) – e possuem 24 e 26 polegadas com revestimento externo de tripla camada de polietileno extrudado. “São milhares de tubos de 12 m cada (sendo 359 km de tubos de 26 polegadas e 166 km com 24 polegadas) e espessura que varia de 0,406 polegadas a 0,900 polegadas, que ficam enterrados a aproximadamente 1,5 m de profundidade. No total são cerca de 133 mil t de aço”, explica o gerente. Os principais fornecedores dos tubos foram as empresas TenarisConfab (Brasil e Argentina) e a Marubeni (Japão).

Para realizar o bombeamento, o sistema conta com duas estações localizadas em Conceição do Mato Dentro (EB1) e em Santo Antônio do Gama (EB2), ambos municípios de Mina Gerais. As bombas utilizadas foram fornecidas pela Weir e são do modelo Geho TZPM 2000, fabricadas na Holanda. A EB1possui oito bombas, sendo sete em operação e uma em standy by. Já a EB2 terá 10 bombas com oito operando e duas de reserva. De acordo com a mineradora, ambas as estações estão com 90% das obras finalizadas e serão concluídas no segundo semestre de 2013, quando será feito o pré-comissionamento.

Para o projeto, serão necessários 525 km de mineroduto atravessando 32 cidades

Já na cidade de Tombos (MG) ficará instalada a estação de válvulas, que tem como finalidade dar apoio ao transporte e controlar a pressão do escoamento. O transporte do minério de ferro pelo sistema de tubulação levará cerca de 3 ou 4 dias, a uma velocidade de 6km por hora, para completar o trajeto de 525 km. “O minério será transportado pelo mineroduto com o percentual de sólidos de 68%, com densidade da polpa de 2,20 g/cm³. A granulometria será controlada da seguinte forma: 86% passante na peneira de 325#(44µm) e 2,5% retido na peneira de 200#(74µm)”, afirma o gerente.

O sistema de controle possui comunicação por fibra ótica. Haverá também controles de pressão (10 estações de monitoramento de pressão ao longo do trajeto) e o mineroduto recebeu proteção catódica.

“A equipe de manutenção e operação possui 103 pessoas, sendo aproximadamente 65% dos profissionais voltados para manutenção elétrica e mecânica e 35% para operação específica”, aponta Lage. Atualmente a implantação conta com uma mão de obra mobilizada de mais de 3 mil trabalhadores e chegará a 5 mil no pico das obras. “A tubulação tem uma vida útil extensa. A estimativa é que, após 30 anos de operações, seja necessário realizar a troca de menos de 4 km de tubos em trechos de curvas acentuadas”, diz.

Um dos destaques da operação será o uso de coagulante na polpa do minério durante o escoamento pelos dutos. “O reagente que será utilizado no processo do mineroduto é um coagulante orgânico. Ele foi desenvolvido para manter as características reológicas da polpa de minério dentro dos patamares necessários para o bombeamento. O uso desse reagente é necessário para garantir o reinício de operação segura em caso de uma eventual parada”, afirma Lage.

Ainda de acordo com o gerente, entre os benefícios do uso do coagulante está a redução de custos, já que minimiza as intervenções com paradas e a própria manutenção. “O mineroduto do Minas-Rio será o primeiro no mundo a utilizar coagulante na polpa de minério de ferro. Foram feitos exaustivos testes pela fabricante, a Ausenco PSI da Austrália, para utilização do reagente no processo”, ressalta o gerente.

Lista dos 32 municípiospor onde passará o mineroduto:

MINAS GERAIS
Alvorada de Minas
Conceição do Mato Dentro
Morro do Pilar
Santo Antônio do Rio Abaixo
São Sebastião do Rio Preto
Itambé do Mato Dentro
Passabém
Santa Maria de Itabira
Nova Era
São Domingos do Prata
Sem Peixe
Santa Cruz do Escalvado
Piedade de Ponte Nova
Rio Casca
Santo Antônio do Grama
Jequeri
Abre Campo
Pedra Bonita
Santa Margarida
Divino
Fervedouro
Carangola
Faria Lemos
Pedra Dourada
Tombos

RIO DE JANEIRO
Porciúncula
Natividade
Itaperuna
Bom Jesus de Itabapoana
Cardoso Moreira
Campos dos Goytacazes
São João da Barra