As siderúrgicas da China vão pedir um corte de cerca de 40% no preço do minério de ferro do Brasil e da Austrália com entrega a partir de abril, publicou na sexta-feira o jornal oficial Shangai Securities News. “O essencial para as siderúrgicas chinesas é que os preços do minério de ferro recuem para os níveis entre 2007 e 2008, o que significa que as mineradoras brasileiras precisam cortar o preço em pelo menos 39% e as australianas em pelo menos 45%”, publicou o jornal citando fontes que não foram identificadas.

A indústria siderúrgica global sofreu uma reviravolta em 2008, com uma forte e inesperada queda na demanda no final do ano. Com isso, a produção mundial de aço caiu para 89 milhões de toneladas em novembro. O volume foi 19% menor que em igual período do ano passado, conforme dados da Associação Mundial de Aço (worldsteel).

A queda abriu caminho para que as siderúrgicas pedissem preços muito mais baixos pelo minério, que havia subido nos anos anteriores devido à forte demanda, principalmente na China.

Diante do cenário incerto para a demanda, as negociações para o preço do período 2009/2010 foram postergadas – normalmente as negociações começam em novembro. Entre os analistas, não há consenso, mas estimativas apontam que o preço do minério poderia cair de 20% a 40%. Em relatório divulgado em meados de dezembro, o Credit Suisse informou que o consenso do mercado é de queda de entre 40% e 50% nos preços do minério.

No mercado de curto prazo, no entanto, o preço do minério de ferro já subiu 24% desde outubro do ano passado, quando atingiu a cotação mais baixa dos últimos três anos, segundo dados da Metal Bulletin, o que indica que a produção pode estar em elevação.

Esse deverá ser o artifício usado pelas mineradoras para tentar inibir índices mais altos de queda dos preços. A expectativa é que o pacote de 4 trilhões de iuans (US$ 585 bilhões) lançado pelo governo chinês para estimular a economia propicie a retomada da demanda por aço, uma vez que a maior parte dos recursos será destinada a obras de infraestrutura como estradas, pontes, ferrovias e projetos habitacionais.

Coreia

Além disso, a demanda de outros países, como a Coreia, deve garantir vendas para as siderúrgicas chinesas. A Hyundai Heavy Industries, a Samsung Heavy Industries e a Daewoo Shipbuilding & Marine Engineering vão comprar pelo menos 7,8 milhões de toneladas de chapas de aço este ano, para a construção de cascos de embarcações, disseram em entrevistas os estaleiros, os três maiores do mundo. O volume recorde é 11% maior que o registrado no último ano.

As encomendas da Coreia deverão sustentar os lucros das siderúrgicas asiáticas como a Baoshan Iron & Steel e a Dongkuk Steel Mill, num momento de queda da demanda por parte das montadoras e das construtoras. “A demanda por parte dos estaleiros é, basicamente, a única notícia boa para as siderúrgicas este ano, porque a oferta ainda é inferior à demanda”, disse Kim Yong Soo, analista da SK Securities Co., em Seul. “Para os estaleiros, isso envolverá aumento dos custos.”

A Samsung Heavy pretende aumentar as compras de aço em 20%, para 1,8 milhão de toneladas, disse seu porta-voz I. Chan Hwang. A Daewoo Shipbuilding vai comprar 2 milhões de toneladas este ano, 33% mais do que no ano passado. A Hyundai Heavy vai adquirir mais que os 4 milhões de toneladas encomendados em 2008, disse seu porta-voz Kim Ki Young, sem especificar o novo volume.

Os estaleiros coreanos estão atendendo encomendas recebidas em 2006. Hyundai, Samsung e Daewoo disseram que vão comprar aço de empresas asiáticas.
Fonte: Padrão